Um Julgamento de Contos de Fadas a Colarinho Branco. Marcos Sassungo
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– Mas, mãe, agora tão cedo… Deixe-me dormir mais um pouco, por favor, deixe-me abraçar mais um pouco só, um pouquinho o sono, que nunca é inimigo de ninguém.
– Filho, acorda logo! Disse dona Esmeralda e acresceu: – no mercado da vida os homens fortes vencem os homens fracos, porque eles não treinaram seus corpos a vencer a dor.
Não treinaram seus rostos a vencer as lágrimas; não treinaram as suas mãos a vencer as tristezas. Tudo o que eles abraçaram foi o sono e preguiça. Foi a preguiça que consumiu o poder de venda dos homens fortes, porque eles não se mostraram, suficientemente, fortes para enfrentar a concorrência dos homens fracos. E tu és meu filho. És o meu presente de Deus não vou deixar você ser consumido pela ténia preguiça. O mercado da vida está cheio de homens fortes querendo dominar os fracos e não quero que tu sejas um desses. Resista à preguiça e ela fugirá de ti, desaparecerá como uma sombra. Agora tira esse corpo da cama e faz logo o que eu te disse.
– Mãe, o que é o mercado da vida? Perguntou a Daisy, a irmã cassula.
– Sabes, filha, o mercado da vida é o lugar onde todos nós fomos convidados a comparecer e é o espaço físico onde os erros humanos são cometidos. E dentro dele fomos convidados a receber uma missão, ou melhor, a aceitar uma missão e realizá-la perfeitamente. Descobrir qual é a missão é uma tarefa difícil, mas possível, ainda quando oramos e pedimos a Deus a direcção na descoberta da mesma. E assim, quando a descobrimos, temos de exercitá-la cada vez mais e usá-la não só para os nossos benefícios, mas para o benefício de todos, pois Deus nos abençoa com incríveis dons para abençoarmos outras pessoas e não para nos gloriarmos, pois a derrota de qualquer ser não pode, de nenhuma maneira, valer a sua victória.
– E qual é a minha missão, mamãe? – Perguntou Daisy.
– Boa pergunta, filha. É algo que precisas de descobrir por ti mesma e sem ajuda da mamãe. Tu precisas de gostar, precisas de amar para deixar o mundo melhor. O amor é a linguagem da alma, é o espelho da saudade e é a saudade das pessoas apaixonadas pela vida e pela humanidade. Agora vá tomar um banho com seu irmão para irmos à igreja.
– Está bem, mãe – Disse Daisy.
Batinho deu banho à sua irmã, cassula, penteou o seu cabelo e isso fez ela chorar muito. Ainda assim, ele tinha de arrumar sua irmã e garantir que a beleza cobrisse as ruas epiteliais da epiderme da pequena Daisy. Após ter feito isso, e sabendo da hora de ir à Igreja, preocupado, apressou o seu encontro com o chuveiro e o banho. Depois de “asfaltar” seu corpo com shampoo de banho e a água, enxugou-se, pôs o seu terno azul escuro e a sua gravata preta e com o fundo de uma camisa branca. Ao olhar para o espelho, viu reflectido nele um homem que desafiaria o seu mundo interior.
Quem sou eu? Onde estou, e para aonde vou? Sou um pedaço de terra encarnado, o meio de um princípio finito, e o fim de um princípio sem início, sou o agora que se perdeu no antes e o depois que se perderá no agora. Sou um vazio que habita num espaço Babilónico. E não sei aonde vou; na terra talvez, no céu, ou no vazio, qual desses lugares haveria de me oferecer um paraíso e quem pode me garantir um paraíso? Haverá mesmo uma vida após a morte? Eu só quero paz entre os guerreiros da minha alma, paz entre os soldados do meu corpo consumido pela paixão moribunda.
Mas, ainda assim, não importa. Afinal de contas, que lembranças teria um morto? O de ter aproveitado a vida enquanto vivo? Isso também não será uma memória viva. Tudo se perde com o homem que se perde dentro dele. Mas se eu viver o eu com as pessoas ao meu redor, talvez eu reviva mesmo depois que a cortina da vida se feche. Enfim, o cepticismo tomou conta das minhas dúvidas questionadas em relacão a tudo o que havia ao meu redor.
De repente, uma voz, lá ao fundo, a gritar pelo meu nome:
– Batinho, sempre atrasado, o coral já está entrando com a marcha, vê se te apressas logo, seu bobão. Era a Tetinha, uma das minhas irmãs mais-novas.
– Está bem, está bem. Já vou ter convosco.
Batinho apressou-se e pôs-se a caminho da Igreja. E pelo caminho, cumprimentou vizinhos e amigos de rua. Entrou na Igreja e lá estava ele no coral. E quando chegou o momento do evangelho, o pastor com uma Bíblia na mão, olhou para os fiéis e começou a dizer o seguinte:
“A vida é uma jornada isolada. Ela não nos leva a um destino exacto, mas a uma transformação. Mas se olharmos para trás, parece que os nossos melhores momentos vieram no meio de uma ou de muitas situações difíceis. Mas Deus nos convida a vivermos em comunidade e para termos a oportunidade de rir, chorar e comemorar uns com os outros, não importando o que estivermos passando e como estamos passando. A transformação é difícil e nem sempre acontece como imaginamos, mas precisamos de nos lembrar de que, mesmo quando lutamos para confiarmos n’Ele, Ele sempre confiou em nós e é por isso que Ele gera as nossas vidas com amor e propósito se, assim permitirmos. Mas a melhor parte dessa jornada é permitir que o Deus do universo nos deixe fazer uma pequena coisa, não só no plano sagital da nossa vida, mas no plano inteiro dela. Isso não é de mais? Por isso, quem sou eu, onde estou e para aonde vou, são as perguntas que borbulham os pensamentos crítico e solitário do ser que habita num planeta estranho como a terra, e as respostas a essas perguntas, muitas vezes, é o silêncio pintado de preto. E o amor de Deus é a luz da esperança que vai sempre perseguir o espaço do coração do homem, lutando para habitar nele e dar a ele um sentido de vida diferente com cores diferentes iguais as de um arco íris.
O amor de Deus pintará de alegria a sua dor e Felicidade bem como as suas tristezas. Por isso é que ninguém esteve tão longe do Amor de Deus. E aceitar esse amor é responder às três maiores perguntas: Quem é você, donde vens e para aonde vais? E quem gostaria de responder a essas perguntas de uma forma diferente hoje, por favor, levante as mãos”.
As pessoas, tocadas com as palavras do pregador, ergueram as mãos. O pregador era um senhor alto e forte, usava um terno preto, gravata branca e tinha o dom da palavra, sem dúvida, ele era um “cirurgião” de palavras. A maneira como lidava com a comunidade e a forma como restaurava a esperança no coração do homem, era magnífico ver. E, de antemão, se podia ver a clara perseguição ao cumprimento das suas palavras. Ele tinha o respaldo de um verdadeiro cristão e tentava passar isso à comunidade. Olhando de frente ao caminhar de uma música calma, acrescentou: “Vinde a mim todos que estais cansados e sobrecarregados, dar-vos-ei alívio”, diz o nosso Senhor Jesus. E eu vou fazer uma oração ao Pai, para que nos console com a sua presença em nossas vidas e que possamos descobrir a missão que ele nos confiou como seres humanos, e como cristãos.
As palavras do pastor, a princípio, foram uma semente espalhadas em terrenos de composição de rochas diferentes. Finalmente, o culto terminou e Batinho reuniu-se, naquela tarde de domingo, no seu quintal com a família onde os primos, as primas, e as amigas das primas encheram de alegria o espaço do quintal. O Dosversos era Dj e, naquela tarde, foi convidado a juntar as antilhanas e as músicas daquela época de Paulo Flores, Irmãos verdades, Dog Murras (com a sua música “a dança da família”), estimularam os convidados a dar um pé de dança. Havia churrasco, bebidas e boa comida.
– Atenção, atenção família, amigos e convidados de casa. – Disse o pai de Batinho e acrescentou. – Eu quero agradecer a presença de cada um de vós nesse claustro anfitrião e não imaginais o quanto encheis de alegria o meu coração. Obrigado a todos. A Deus, por esse momento inalienável, porque há vinte anos, ele introduziu na minha vida a companheira mais fiel de todos os tempos, a mulher que há vinte anos olhou bem nos meus olhos e disse: “Rafael, eu aceito o desafio de ser a sua namorada, sua esposa, mãe dos seus filhos, fiel e eterna companheira”. Ela teve fé