Sem Pistas . Блейк Пирс
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Ela desistiu de tentar convencê-lo a não machucá-la. No início, ela pensou que conseguiria. Ela sabia que, apesar de tudo, ela era bonita. Ou, pelo menos, costumava ser, ela pensou tristemente.
Suor e lágrimas se misturaram em seu rosto machucado, e ela podia sentir o sangue emaranhado em seus longos cabelos loiros. Seus olhos ardiam: ele a fez colocar lentes de contato, tornando mais difícil enxergar.
Só Deus sabe como está minha aparência agora.
Ela deixou sua cabeça cair.
Morra agora, ela implorou a si mesma.
Deveria ser fácil o bastante fazê-lo. Ela estava certa de que outras pessoas haviam morrido ali antes. Mas ela não podia. Só de pensar sobre isso fez seu coração bater mais forte, sua respiração ficou mais pesada, esticando a corda ao redor de seu abdômen. Lentamente, ao se dar conta de que estava enfrentando uma morte iminente, um novo sentimento começou a surgir em seu âmago. Não era pânico, nem medo agora. Não era desespero. Era outra coisa.
O que eu estou sentindo?
E então ela percebeu. Aquilo era raiva. Não em relação ao seu sequestrador. Ela já tinha esgotado sua raiva em relação a ele há muito tempo.
Sou eu, ela pensou. Estou fazendo o que ele quer. Quando eu grito, choro e imploro, estou fazendo o que ele quer.
Toda vez que ela bebia aquele caldo frio e ralo que ele lhe oferecia através de um canudo, ela estava fazendo o que ele queria. Sempre que ela soluçava pateticamente que ela era mãe de duas crianças que precisavam dela, ela o deleitava infinitamente.
Sua mente aclarou com esta nova resolução e ela finalmente parou de se contorcer. Talvez ela precisasse tentar uma tática diferente. Ela esteve lutando arduamente contra aquelas cordas todos aqueles dias. Talvez essa tenha sido a abordagem errada. Elas eram como aqueles pequenos brinquedos de bambu – as armadilhas de dedo chinesas, onde você coloca os dedos em cada extremidade do tubo e, quanto mais você puxa, mais presos seus dedos ficam. Talvez o truque fosse relaxar deliberada e completamente. Talvez este fosse o jeito de se libertar.
Músculo por músculo, ela deixou seu corpo relaxar, sentindo cada ferida, cada machucado onde sua carne tocava as cordas. E, lentamente, ela percebeu onde a tensão da corda estava.
Finalmente, ela encontrou o que precisava. Havia apenas uma pequena folga em torno do seu tornozelo direito. Mas não adiantaria puxar, pelo menos não ainda. Não, ela tinha que manter seus músculos flexíveis. Ela mexeu seu tornozelo com muito cuidado e, em seguida, com mais força à medida que a corda se soltava.
Por fim, para sua alegria e surpresa, seu calcanhar estava solto, e ela conseguiu retirar todo o pé direito. Ela imediatamente analisou o chão. Apenas a um pé de distância, em meio às peças de bonecas espalhadas, estava a sua faca de caça. Ele sempre ria quando a colocava ali, tentadoramente perto. A lâmina, incrustada com sangue, brilhava desdenhosamente sob a luz.
Ela balançou o pé livre em direção à faca. Ela balançou alto demais, errando.
Ela deixou seu corpo relaxar novamente. E deslizou apenas algumas polegadas para baixo, ao longo do cano, então esticou seu pé até que a faca estivesse ao seu alcance. Ela agarrou a lâmina suja entre os dedos dos pés, arrastou-a pelo chão e levantou-a cuidadosamente com o pé até que o cabo alcançasse a palma de sua mão. Ela agarrou firmemente o cabo com os dedos dormentes e a girou, serrando lentamente a corda que prendia seus pulsos. O tempo parecia ter parado enquanto ela prendia sua respiração, torcendo, rezando, para que ela não deixasse a faca cair. Para que ele não entrasse.
Então ela ouviu um estalo e, para sua surpresa, suas mãos estavam livres. Imediatamente, com o coração batendo rápido, ela cortou a corda em volta da sua cintura.
Livre. Ela mal podia acreditar.
Por um momento, tudo o que conseguiu fazer foi agachar-se lá, suas mãos e pés formigavam com o retorno da circulação total. Ela cutucou as lentes de contato sobre seus olhos, resistindo à vontade de arrancá-las. Ela cuidadosamente as deslizou para um lado, deu um pequeno beliscão nelas e as retirou. Seus olhos doeram terrivelmente, foi um alívio não utilizá-las mais. Quando ela olhou para os dois discos de plástico que se encontravam na palma da sua mão, sua cor a deixou enojada. As lentes eram de azul brilhante, artificial. Ela as descartou.
Com o coração acelerado, Reba se levantou rapidamente e foi mancando até a porta. Ela pegou a maçaneta, mas não girou.
E se ele estivesse lá fora?
Ela não tinha escolha.
Reba girou a maçaneta e puxou a porta, que se abriu sem fazer ruído. Ela olhou para um longo corredor vazio, iluminado apenas por uma abertura em arco à direita. Ela se arrastou, nua, descalça e em silêncio, e viu que o arco se abria para uma sala mal iluminada. Ela parou e examinou. Era uma sala de jantar simples, com uma mesa e cadeiras, tudo completamente normal, como se uma família pudesse, em breve, voltar para casa e jantar. Cortinas de renda antigas estavam penduradas nas janelas.
Um novo horror subiu por sua garganta. A própria simplicidade do lugar a perturbava de uma forma que nem uma masmorra seria capaz. Através das cortinas, ela podia ver que estava escuro lá fora. Seus sentidos se intensificaram com o pensamento de que a escuridão tornaria sua fuga mais fácil.
Ela voltou para o corredor. Ele terminava em uma porta – uma porta que simplesmente tinha que se abrir para o exterior. Ela mancou e apertou a trava de bronze frio. A porta se mexeu pesadamente em direção a ela para revelar a noite lá fora.
Ela viu uma pequena varanda com um quintal atrás. O céu noturno estava sem lua e estrelado. Não havia nenhuma outra luz em lugar algum – nenhum sinal de casas próximas. Ela andou lentamente para a varanda e para o quintal, que estava seco e sem grama. Ar fresco inundou seus pulmões doloridos.
Misturado com seu pânico, ela se sentiu eufórica. A alegria da liberdade.
Reba deu seu primeiro passo, preparando-se para correr – quando, de repente, sentiu o aperto duro de uma mão em seu pulso.
Depois veio a risada familiar e feia.
A última coisa que ela sentiu foi um objeto duro – talvez metal – batendo em sua cabeça e, no momento seguinte, ela estava girando nas profundezas da escuridão.
CAPÍTULO 1
Pelo menos o cheiro não se alastrou, o agente especial Bill Jeffreys pensou.
Ainda inclinado sobre o corpo, ele não podia deixar de detectar os primeiros vestígios do odor. Ele se misturava com o aroma fresco de pinho e a limpa névoa nascente do riacho – um cheiro de cadáver que ele deveria ter se acostumado há muito tempo. Mas ele não se acostumara.
O corpo nu da mulher tinha sido cuidadosamente disposto em um grande pedregulho na beira do riacho. Ela estava sentada, inclinada sobre outra pedra, com as pernas retas e abertas, as mãos dos lados. Um estranho ângulo do braço direito, ele podia ver, sugeria um osso quebrado. O cabelo ondulado era obviamente uma peruca, sarnenta, com mechas de tons loiros. Um sorriso rosa foi desenhado com batom