Uma Forja de Valentia . Морган Райс

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Uma Forja de Valentia  - Морган Райс Reis e Feiticeiros

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contra uma frota daquele tamanho, não com as suas correntes inadequadas e não com suas espadas. Quando os primeiros navios atingissem os canais, eles podiam entravá-los, talvez, atrasá-los. Podiam, talvez, matar centenas ou mesmo milhares de soldados.

      Mas não os milhões que ela via à sua frente.

      Dierdre sentiu-se dilacerada ao olhar para o seu pai e para os soldados dele e ver o mesmo pânico silencioso nos seus rostos. O seu pai olhou de uma forma corajosa para os seus homens, mas ela conhecia-o. Ela podia ver o fatalismo nos seus olhos, podia ver a luz a desvanecer-se a partir deles. Todos eles, claramente, estavam a olhar para as suas mortes, no final da sua grande e antiga cidade.

      Ao lado dela, Marco e os seus amigos olhavam aterrorizados, mas também com determinação. Nenhum deles, para seu crédito, se virou e fugiu. Ela procurou no mar de rostos por Alec, mas estava intrigada por não encontrá-lo em lado nenhum. Questionava-se onde ele poderia ter ido. De certeza que ele não tinha fugido?

      Dierdre manteve-se firme e agarrou com força a sua espada. Ela sabia que a morte estava a chegar – só não esperava que fosse tão cedo. Ela, porém, já tinha terminado de fugir de quem quer que fosse.

      O seu pai virou-se para ela e agarrou-a pelos ombros com urgência.

      "Tens de deixar a cidade", ele exigiu.

      Dierdre viu o amor paterno nos seus olhos e isso emocionou-a.

      "Os meus homens vão escoltar-te", acrescentou. "Eles podem levar-te para longe daqui. Vai agora! E lembra-te de mim."

      Dierdre enxugou uma lágrima quando viu o seu pai a olhar para ela com tanto amor. Ela sacudiu a cabeça e afastou as mãos dele.

      "Não pai", disse ela. "Esta é a minha cidade e eu vou morrer a teu…"

      Antes que ela conseguisse terminar as suas palavras, uma horrível explosão cortou o ar. Ao princípio ela ficou confusa, pensando que era outro sino, mas depois apercebeu-se – era fogo de canhão. Não apenas de um canhão, mas de centenas deles.

      As ondas de choque, por si só, fizeram com que Dierdre se desequilibrasse, atravessando a atmosfera com tal força, que ela sentiu como se os seus ouvidos tivessem ficado divididos em dois. Depois ouviu-se o apito estridente das balas de canhão e, ao olhar para o mar, ela sentiu uma onda de pânico ao ver centenas de balas de canhão maciças, como caldeirões de ferro no céu, arqueando lá no alto e indo diretas para a sua amada cidade.

      Seguiu-se outro som, pior do que o último: o som de ferro a esmagar pedra. O próprio ar retumbou ao ouvir-se uma explosão após a outra. Dierdre tropeçou, caindo, enquanto tudo ao seu redor, os grandes edifícios de Ur, as obras arquitetónicas, os monumentos que existiam há milhares de anos, eram destruídos. Aqueles edifícios de pedra, com dez pés de espessura, igrejas, torres de vigia, fortificações, ameias – tudo, para seu horror – ficaram esmagados em pedaços por causa das balas de canhão. Desintegraram-se diante de seus olhos.

      Os edifícios caíam no chão uns após os outros, provocando uma avalanche de escombros.

      Era repugnante assistir. Ao rebolar pelo chão Dierdre viu uma torre de pedra com cem pés começar a cair ao seu lado. Impotente para fazer alguma coisa a não ser observar, ela via centenas de pessoas por baixo da torre a olhar para cima e a gritar em pânico enquanto a parede de pedra os esmagava.

      Seguiu-se outra explosão.

      E outra.

      E outra.

      A toda a volta, cada vez mais e mais edifícios explodiam e caíam. Milhares de pessoas eram instantaneamente esmagadas em plumas maciças de poeira e detritos. Calhaus rebolavam por toda a cidade como seixos enquanto os edifícios caíam uns sobre os outros, desintegrando-se ao aterrarem no chão. E ainda assim as balas de canhão continuavam a chegar, despedaçando os edifícios preciosos uns após o outros, transformando aquela cidade, em tempos majestosa, num monte de escombros.

      Dierdre finalmente conseguiu levantar-se. Olhou à volta, atordoada, com os ouvidos a zumbir. Entre nuvens de pó, viu ruas cheias de cadáveres, poças de sangue, como se toda a cidade tivesse sido dizimado num instante. Ela olhou para os mares e viu os outros milhares de navios à espera para atacar, percebendo que todo o seu planeamento tinha ficado muito aquém. Ur já estava destruída e os navios não tinham sequer tocado a costa. De que serviriam agora todas aquelas armas, todas aquelas correntes e espigões?

      Dierdre ouviu gemidos. Olhou e viu um dos bravos homens do seu pai, um homem que ela havia amado perdidamente, morto no chão perto dela, esmagado por uma pilha de escombros que deveria ter caído sobre ela, se ela não tivesse tropeçado e caído. Ela ia ajudá-lo – quando o ar de repente abanou com o rugido de uma nova rodada de balas de canhão.

      E outro.

      Seguiram-se assobios e, depois, mais explosões, mais prédios a cair. Os escombros estavam cada vez mais empilhados e mais pessoas morriam. Ao pôr-se de pé mais uma vez, uma parede de pedra desabou ao seu lado e por pouco não lhe acertou.

      Houve uma pausa nos disparos e Dierdre pôs-se de pé. Uma parede de escombros bloqueava agora a sua visão do mar, mas ela sentia que os Pandesianos estavam agora perto, na praia, sendo por isso que os disparos haviam parado. Grandes nuvens de poeira pairavam no ar e, no estranho silêncio, apenas se ouviam os gemidos dos moribundos ao redor dela. Ela viu Marco ao seu lado, a chorar de angústia enquanto tentava libertar o corpo de um dos seus amigos. Dierdre olhou para baixo e viu que o rapaz já estava morto, esmagado sob o muro do que tinha sido outrora um templo.

      Ela virou-se, lembrando-se das suas miúdas, ficando devastada ao ver que várias delas também tinham sido esmagadas até a morte. Mas três delas tinham sobrevivido, tentando, sem sucesso, salvar os outros.

      Ouviu-se o grito dos Pandesianos, a pé, na praia, avançando para Ur. Dierdre pensava na proposta do seu pai e sabia que os homens dele ainda conseguiam levá-la para longe dali. Ela sabia que permanecer ali significaria a sua morte – no entanto era isso que ela queria. Ela não iria fugir.

      Ao lado dela, o seu pai, com um corte na testa, levantou-se dos escombros, tirou a espada e, sem medo, avançou com os seus homens para um ataque à pilha de escombros. Ele estava, ela apercebeu-se orgulhosamente, apressando-se para enfrentar o inimigo. Seria agora uma batalha em pé. Centenas de homens reuniram atrás dele, todos a avançar com tal destemor que a encheu de orgulho.

      Ela seguiu-o, sacando da sua espada e escalando os enormes pedregulhos à sua frente, pronta para a batalha ao seu lado. Ao subir ao topo, ela parou, atordoada com a visão diante dela: milhares de soldados Pandesianos, na sua armadura amarela e azul, enchiam a praia, a avançar para o monte de escombros. Estes homens estavam bem treinados, bem armados e não estavam cansados – ao contrário dos homens do seu pai, que eram apenas algumas centenas, com armas rudimentares e todos já feridos.

      Seria, ela sabia, um massacre.

      E, no entanto, o seu pai não desistiu. Naquele momento, ela, mais do que nunca, estava orgulhosa dele. Lá estava ele, muito orgulhoso, com os seus homens reunidos à sua volta, todos prontos para avançar para baixo na direção do inimigo, mesmo que isso significasse uma morte certa. Era, para ela, a própria personificação da valentia.

      Enquanto estava ali, antes de descer, ele virou-se e olhou para Dierdre com um olhar de um amor tal. Houve um adeus nos seus olhos, como se soubesse que nunca mais a iria ver novamente. Dierdre ficou confusa – tinha a espada à mão e estava preparada para atacar juntamente com ele. Porque é que ele lhe estava a dizer adeus agora?

      De

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