Uma Forja de Valentia . Морган Райс
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Читать онлайн книгу Uma Forja de Valentia - Морган Райс страница 8
O dragão voou, destroçado com tristeza e remorso pela ideia de que nunca teria a hipótese de conhecer o seu pai, para lhe agradecer pelo seu ato altruísta de valentia, por salvar a sua vida. Uma parte dele também já não queria viver.
A outra parte, porém, a arder em raiva, estava desesperada para matar os seres humanos, para vingar o seu pai e destruir a terra por baixo dele. Ele não sabia onde estava, mas sentiu intuitivamente que estava a oceanos de distância da sua terra natal. Uma espécie de instinto levava-o a voltar para casa; no entanto, ele não sabia onde era a sua casa.
O bebé voou sem rumo, tão perdido no mundo, a expelir chamas sobre as copas das árvores, sobre qualquer coisa que conseguisse encontrar. Rapidamente, ele ficou sem fogo, começando logo a perder altitude, a cada bater das duas asas. Ele tentou subir, mas descobriu, em pânico, que já não tinha forças. Tentou evitar uma copa de árvore, mas as suas asas já não o conseguiam levantar e ele foi diretamente embater nela, em sofrimento com todas as velhas feridas que não se tinham curado.
Em agonia, ele saltou e continuou a voar, com a sua elevação continuamente a diminuir à medida que ele perdia força. Pingava sangue, que caia como gotas de chuva. Estava fraco da fome, das suas feridas, dos milhares de lanças que lhe haviam espetado. Ele queria continuar a voar, para encontrar um alvo para a destruição, mas sentiu os seus olhos a fecharem-se, demasiado pesados para ele agora. Sentia-se a entrar e a sair da consciência.
O dragão sabia que estava a morrer. De certa forma, era um alívio; em breve, ele iria juntar-se ao seu pai.
Ele despertou com o som do crepitar das folhas e dos galhos a partirem-se e, ao sentir-se esmagado nas copas das árvores, finalmente abriu os olhos. A sua visão estava obscurecida num mundo de verde. Não mais capaz de se controlar, sentiu-se a cair, agarrou-se aos ramos e, de cada vez que o fazia, magoava-se mais.
Por fim, abruptamente, ficou preso entre os ramos no alto de uma árvore, muito fraco para lutar. Ficou ali pendurado, imóvel, com demasiadas dores para se conseguir mover, cada respiração a doer-lhe mais do que a próxima. Ele tinha a certeza de que ia morrer ali em cima, emaranhado nas árvores.
De repente, um dos ramos cedeu, ouvindo-se um grande estalo. O dragão caiu. Caiu de ramo em ramo, partindo-os, caindo uns bons cinquenta pés, até, finalmente, cair no chão.
Ficou ali, sentindo todas as suas costelas a estalar, expelindo sangue. Bateu uma asa lentamente, mas não conseguiu fazer muito mais.
Ao sentir a força da vida a ir-se embora, parecia-lhe injusto, prematuro. Sabia que tinha um destino, mas não conseguia entender qual era. Parecia ser curto e cruel, nascido neste mundo só para testemunhar a morte do seu pai e depois para morrer ele próprio. Talvez isso fosse o que era a vida: cruel e injusta.
Ao sentir os seus olhos a fecharem-se pela última vez, o dragão tinha a sua mente preenchida com um pensamento final: Pai, espera por mim. Eu vou ver-te em breve.
CAPÍTULO SEIS
Alec no convés observava o mar, agarrando a amurada do lustroso navio preto, como vinha a fazer há vários dias. Observava as ondas gigantes a rebentarem e a recuarem, erguendo o seu pequeno veleiro. Via a espuma a separar-se por baixo do porão, enquanto cortavam a água a uma velocidade à qual ele nunca antes tinha navegado. O navio deles inclinou-se e as velas ficaram rígidas com o vento, com os vendavais fortes e constantes. Alec estudava o navio com os olhos de um artesão, questionando-se sobre de que seria feito este navio; claramente era feito de um material não comum, elegante, que ele nunca antes tinha encontrado, o que lhes permitia manter a velocidade durante todo o dia e noite e manobrar no escuro para além da frota Pandesiana, para lá do Mar do Arrependimento e na direção do Mar de Lágrimas.
Ao refletir, Alec lembrou-se do quão angustiante esta jornada tinha sido, uma viagem através dos dias e das noites, nunca baixando as velas, as longas noites no mar negro repleto de sons hostis, do ranger do navio e de criaturas exóticas agitadas a pular. Mais do que uma vez ele tinha acordado com uma cobra brilhante a tentar embarcar no barco e o homem com quem navegava a pontapeá-la com a sua bota.
Mais misterioso que tudo, mais misterioso do que qualquer exótica vida marinha, era Sovos, o homem ao leme do navio. Este homem que tinha procurado Alec fora na forja, que o havia trazido para este navio, que estava a levá-lo para algum lugar remoto. Alec não sabia se havia de ser louco e confiar naquele homem. Até agora, pelo menos, Sovos já o tinha salvado. Alec recordava-se, olhando de volta para a cidade de Ur quando estavam longe no mar, sentindo-se angustiado, sentindo-se impotente, ao testemunhar a frota Pandesiana a aproximar-se. Do horizonte, ele tinha visto as balas de canhão a romperem pelo ar, tinha ouvido o barulho distante, tinha visto a derrocada dos grandes edifícios, edifícios estes onde ele próprio tinha estado apenas algumas horas antes. Ele havia tentado sair do navio, para ajudá-los a todos, mas nesse momento, eles já estavam demasiado longe. Insistiu para que Sovos voltasse para trás, mas os seus apelos caíram em ouvidos de mercador.
Os olhos de Alec encheram-se de lágrimas ao pensar em todos os seus amigos que lá tinham ficado, especialmente Marco e Dierdre. Fechou os olhos e tentou, sem sucesso, afastar esse pensamento. O seu peito apertou-se ao sentir que os tinha desapontado.
A única coisa que fazia Alec continuar, que o abanava do seu desânimo, era sentir que ele era necessário noutros lugares, como Sovos tinha insistido; que ele tinha um destino certo, que ele poderia usá-lo para ajudar a destruir os Pandesianos noutro lugar. Afinal, como Sovos havia dito, ter morrido lá atrás com o resto deles não teria ajudado ninguém. Ainda assim, ele esperava e orava para que Marco e Dierdre tivessem sobrevivido e que ele ainda pudesse voltar a tempo para se reunir com eles.
Muito curioso para saber para onde se dirigiam, Alec tinha inundado Sovos com perguntas, mas este tinha permanecido teimosamente em silêncio, sempre no leme noite e dia, de costas para Alec. Ele nem sequer, tanto quanto Alec sabia, havia dormido ou comido. Apenas ficava ali a olhar o mar com as suas botas de couro altas e casaco de couro preto, com as suas sedas escarlates drapeadas sobre o seu ombro, vestindo uma capa com a sua curiosa insígnia. Com a sua curta barba castanha e olhos verdes brilhantes, que olhavam para as ondas como se fossem só um, o mistério em torno dele aprofundava-se.
Alec olhava admirado para o fora do comum Mar das Lágrimas, com a sua cor de água clara, sentindo-se tomado por uma urgência em saber para onde estava a ser levado. Incapaz de suportar o silêncio por mais tempo, ele virou-se para Sovos, desesperado por respostas.
"Porquê eu?", perguntou Alec, quebrando o silêncio, tentando mais uma vez e desta vez determinado a obter uma resposta. "Porquê escolher-me de entre toda aquela cidade? Porque é que eu era o único destinado a sobreviver? Poderias ter salvado uma centena de pessoas mais importantes do que eu."
Alec esperou, mas Sovos permaneceu em silêncio, de costas para ele, estudando o mar.
Alec decidiu ir por outro caminho.
"Para onde é que estamos a ir?", perguntou, ainda assim, mais uma vez. "E como é que este navio é capaz de navegar tão rápido? Do que é que é feito?"
Alec observava as costas do homem. Passaram-se minutos.
Finalmente, o homem abanou a cabeça, ainda de costas.
"Estás a ir para onde estás destinado a ir, para onde estás destinado a estar. Eu escolhi-te a ti porque nós precisamos de ti e de mais nenhum."
Alec indagava-se.
"Precisam