A Ascensão dos Dragões . Морган Райс

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A Ascensão dos Dragões  - Морган Райс Reis e Feiticeiros

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deixando a cautela de lado, determinada a alcançá-los antes que seja tarde demais. Quando ela está poucos metros atrás de seus irmãos, ela grita:

      "Deixe-o em paz!"

      Sua voz rouca corta o silêncio da floresta, e seus irmãos olham para trás, claramente assustados.

      "Vocês já se divertiram bastante," ela acrescenta. "Deixe-o em ir."

      Enquanto Aidan parece aliviado, Brandon e Braxton olham irritados para ela.

      "E quem é você para dizer quando é o bastante?" Brandon rebate. "Pare de interferir com homens de verdade."

      O grunhido do javali soa mais alto, à medida que ele se aproxima deles, e Kyra, com medo e furiosa, dá um passo adiante.

      "Se você é tolo o suficiente para contrariar esta besta, então vá em frente," ela diz. "Mas você vai mandar Aidan de volta até mim."

      Brandon faz uma careta.

      "Aidan vai ficar exatamente aqui," Brandon rebate. "Ele está prestes a aprender a lutar. Não é mesmo, Aidan?"

      Aidan fica em silêncio, atordoado pelo medo.

      Kyra está prestes a dar mais um passo à frente e agarrar o braço de Aidan quando ela ouve um farfalhar na clareira. Ela vê o javali se aproximando deles, um passo de cada vez, de forma ameaçadora.

      "Ele não vai atacar se não for provocado," Kyra fala para seus irmãos. "Deixe-o ir."

      Mas seus irmãos a ignoram, e ambos ficam de frente para o javali com suas lanças em punho. Eles avançam para o meio da clareira, como se querendo provar como são corajosos

      "Eu vou apontar para a cabeça," diz Brandon.

      "E eu, pra garganta," Braxton concorda.

      O javali rosna mais alto, abrindo ainda mais a boca e salivando excessivamente, e dá mais um passo ameaçador.

      "Voltem aqui!" Kyra grita desesperada.

      Mas Brandon e Braxton dão um passo adiante e erguem suas lanças, arremessando-as de repente.

      Kyra assiste em suspense enquanto as lanças voam pelo ar, preparando-se para o pior. Ela vê, para seu desespero, quando a lança de Brandon passa raspando pela orelha do javali – o suficiente para tirar sangue e provocá-lo – enquanto a lança de Braxton passa diretamente acima dele, errando o seu alvo por vários metros.

      Pela primeira vez, Brandon e Braxton parecem sentir medo. Eles ficam parados ali, de bocas abertas e com um olhar bobo no rosto, e o brilho causado pela bebida é rapidamente substituído pelo medo.

      O javali, enfurecido, abaixa a cabeça, fazendo um som horrível, e de repente ataca.

      Kyra assiste horrorizada enquanto ele parte para cima de seus irmãos. O animal é a coisa mais rápida que já tinha visto daquele tamanho, saltando pela grama como se fosse uma gazela.

      À medida que o javali se aproxima, Brandon e Braxton correm para salvar suas vidas, afastando-se em direções opostas.

      Eles deixam Aidan ali, completamente sozinho, paralisado pelo medo.  Ele abre a boca, deixando sua lança cair no chão, e Kyra sabe que isso não faria muita diferença; Aidan não conseguiria se defender, mesmo que tentasse – nem mesmo um homem adulto seria capaz de se defende daquela criatura. E o javali, como se sentindo isso, fixa seu olhar em Aidan, partindo na direção dele.

      Kyra, com o coração aos pulos, explode em ação, sabendo que só teria uma chance. Sem pensar, ela salta pra frente, esquivando-se entre as árvores, e já segurando seu arco à sua frente, sabendo que poderia usar apenas uma flecha e que teria que ser um tiro e perfeito. Aquele seria um alvo difícil, mesmo se o javali não estivesse se movendo, mas naquele estado de pânico, ela teria que acertá-lo se pretendesse sobreviver.

      "AIDAN, ABAIXE-SE!" Ela grita.

      A princípio, ele não se mexe. Aidan bloqueia seu caminho, impedindo um tiro certeiro e, quando Kyra ergue o arco e corre pra frente, ela percebe que se Aidan não se movesse, aquele seria um tiro perdido. Tropeçando através da floresta, com seus pés deslizando na neve e terra úmida, por um momento, Kyra sente que tudo está perdido.

      "AIDAN!" Ela grita de novo, desesperada.

      Por algum milagre ele a ouve desta vez, e se joga no chão no último segundo, deixando o caminho livre para Kyra.

      Quando o javali ataca Aidan, o tempo de repente parece parar para Kyra. Ela sente como se estivesse entrando em uma zona alterada, e algo acontece dentro dela que ela nunca havia experimentado e que ela não consegue compreender totalmente. O mundo se parece diminuir e entra em foco; ela consegue ouvir o som das batidas de seu próprio coração, de sua respiração, do farfalhar das folhas, de um corvo grasnando acima dela. Ela se sente em maior sintonia com o universo do que nunca, como se tivesse entrado algum reino onde ela e o universo são um só.

      Kyra sentiu suas mãos começarem a formigar com uma energia quente que ela não compreende, como se algo estranho estivesse invadindo seu corpo. É como se, por um breve instante, ela tivesse se tornado alguém maior do que ela, alguém com poderes muito maiores.

      Kyra entra em um estado de não-pensamento, e ela se permite ser conduzida apenas pelos seus instintos, e por aquela nova energia que flui através dela. Ela planta seus pés e levanta o arco, coloca a flecha no lugar, e a solta em seguida.

      Ela sabe no mesmo instante que aquele seria um tiro especial. Ela não precisa acompanhar a seta para saber que ela está indo exatamente onde ela queria: no olho direito da fera. Ela havia atirado com tanta força que a seta perfura o seu alvo quase meio metro antes de parar.

      A besta de repente geme enquanto suas pernas fraquejam embaixo dele, caindo de cara na neve. Ele desliza pelo que resta da clareira, contorcendo-se, ainda vivo, até chegar até Aidan. Ele finalmente para diante de Aidan, tão perto que eles quase se tocam.

      Ele se contorce no chão e Kyra, já com outra flecha em seu arco, dá um passo adiante, parando sobre o javali, e coloca outra flecha na parte traseira de seu crânio. O javali finalmente para de se mover.

      Kyra fica parada na clareira em meio ao silêncio, com seu coração batendo forte, enquanto o formigamento nas palmas de suas mãos lentamente recua e a estranha energia sutilmente parece adormecer, e se pergunta o que teria acontecido. Ela tinha realmente dado aquele tiro?

      Ela se lembra imediatamente de Aidan, e quando ela vira e o segura pelos ombros, ele a observa com os olhos cheios de lágrimas, parecendo assustado, porém ileso. Ela sente uma pontada de alívio quando ela percebe que ele está bem.

      Kyra se vira e vê seus dois irmãos mais velhos, ainda deitados na clareira, olhando para ela com choque – e pavor. Mas há algo mais no olhar deles, algo que a deixa abalada: suspeita. Eles a observam como se ela fosse diferente deles. Uma pessoa de fora. É um olhar que Kyra já tinha visto antes, raramente, mas um número suficiente de vezes para deixá-la curiosa a respeito de si mesma. Ela olha mais uma vez para o animal morto, monstruoso, enorme, jogado aos seus pés, e se pergunta como ela, uma menina de quinze anos de idade, poderia ter feito aquilo. Aquilo tinha sido um golpe além de suas habilidades, e ela sabe disso. Era algo mais além de um golpe de sorte.

      Ela sempre soube que havia algo diferente sobre ela. Ela fica ali, entorpecida, querendo se mover, mas incapaz de fazê-lo. Porque

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