Perseguida . Блейк Пирс
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Mas não era medo por si. Era algo mais. Era algo inominável e irracional. Talvez fosse o facto de que Hatcher a conhecia demasiado bem. Pela sua experiência, todos os prisioneiros sempre queriam algo em troca de informações, mas Hatcher não estava interessado em banalidades como whiskey ou cigarros. O seu quid pro quo tinha tanto de simples como de profundamente perturbador.
Hatcher queria que Riley lhe contassse coisas a seu respeito.
“Algo que não queira que os outros saibam,” Dissera ele. “Algo que não quer que ninguém saiba.”
Riley tinha cumprido, talvez com demasiada facilidade. Agora Hatcher sabia todo o tipo de coisa a seu respeito – que era uma mãe com falhas, que odiava o pai e que não fora ao seu funeral, que havia tensão sexual entre ela e Bill, e que às vezes – tal como o próprio Hatcher – retirava prazer da violência e da morte.
Ela lembrava-se do que ele dissera na sua última visita.
“Eu conheço-a. Em alguns aspetos, conheço-a melhor do que você própria.”
Conseguiria ela ser tão perspicaz como aquele homem? Meredith aguardava pacientemente a resposta à sua pergunta.
“Estou tão pronta quanto me é possível estar,” Disse Riley, tentando soar mais confiante do que na realidade se sentia.
“Ótimo,” Disse Meredith. “Como devemos proceder?”
Riley pensou por alguns instantes.
“O Bill e eu temos que averiguar toda a informação que o FBI tem sobre Shane Hatcher,” Afirmou Riley.
Meredith anuiu e disse, “Já tomei a liberdade de pedir ao Sam Flores para começar a preparar tudo.”
*
Alguns minutos mais tarde, Riley, Bill e Meredith já se encontravam na sala de conferências da UAC a observar as informações multimédia que Sam Flores tinha reunido. Flores era um técnico laboratorial com óculos de aros escuros.
“Penso que tenho aqui tudo aquilo que desejam ver,” Disse Flores. “Certificado de nascimento, registos de detenções, transcrições de tribunal, tudo.”
Riley tinha que admitir que era uma compilação impressionante que não deixava muito espaço à imaginação. Havia várias fotos horríveis das vítimas de Shane Hatcher, incluindo o polícia desfigurado deixado no alpendre da sua própria casa.
“Que informações temos sobre o polícia que Hatcher assassinou?” Perguntou Bill.
Flores mostrou um conjunto de fotos que mostravam um polícia de aspeto amável.
“Trata-se do agente Lucien Wayles que tinha quarenta e seis anos quando morreu em 1986,” Disse Flores. “Era casado e tinha três filhos, fora condecorado, todos gostavam dele e era respeitado. O FBI colaborou com polícias locais e apanharam Hatcher poucos dias depois da morte de Wayles. O que é incrível é que não reduziram Hatcher a um monte ensanguentado no momento em que o apanharam.”
Olhando para a apresentação, Riley ficou atónita com as fotos do próprio Hatcher. Mal o reconhecia. Apesar do homem que conhecia poder ser intimidante, conseguia projetar uma atitude respeitável, até de académico com uns óculos de leitura sempre pendurados na ponta do nariz. O jovem Afro-Americano que surgia nas fotos de 1986 tinha um rosto duro e um olhar cruel e vazio. Riley quase tinha dificuldade em acreditar que se tratava da mesma pessoa.
Por muito detalhada e completa que a apresentação fosse, Riley sentiu-se insatisfeita. Ela pensava que conhecia Shane Hatcher melhor do que qualquer outra pessoa, mas a realidade era que ela não conhecia aquele Shane Hatcher – o cruel jovem bandido a quem deram a alcunha de “Shane the Chain.”
Tenho que o conhecer, Pensou.
Caso não o fizesse, duvidava que o conseguisse apanhar.
De alguma forma, sentia que a sensação fria e digital que a apresentação lhe transmitia trabalhava em seu desfavor. Precisava de algo mais tangível – fotografias reais com vincos e pontas dobradas, relatórios e documentos amarelados e frágeis.
Perguntou a Flores, “Posso ter acesso aos originais?”
Flores manifestou alguma incredulidade.
“Lamento, Agente Paige – mas nem pensar. O FBI destruiu todos os ficheiros em papel em 2014. Agora está tudo digitalizado. O que vê é o que temos.”
Riley libertou um suspiro de desilusão. Sim, ela lembrava-se da destruição de milhões de ficheiros em papel. Outros agentes se tinham queixado, mas na altura não lhe parecera um problema. Agora bem que desejava a antiga sensação de palpabilidade.
Mas naquele momento, o mais importante era tentar adivinhar qual o próximo passo de Hatcher. E ocorreu-lhe uma ideia.
“Quem foi o polícia que prendeu Hatcher?” Perguntou Riley. “Se ainda for vivo, o mais certo é ser o primeiro alvo de Hatcher.”
“Não foi um polícia local,” Disse Flores. “E não foi um polícia.”
Mostrou uma foto antiga de uma agente.
“Chama-se Kelsey Sprigge. Era Agente do FBI no departamento de Syracuse – na altura tinha trinta e cinco anos. Agora tem setenta, está aposentada e vive em Searcy, uma cidade perto de Syracuse.”
Riley ficou surpreendida com o facto de Sprigge ser uma mulher.
“Ela deve-se ter juntado ao FBI…” Começou Riley.
Flores continuou o seu pensamento.
“Entrou em 1972, quando o cadáver de J. Edgar mal tinha arrefecido. Foi nessa altura que as mulheres foram finalmente autorizadas a serem agentes. Anteriormente tinha sido polícia.”
Riley estava impressionada. Kelsey Sprigge tinha vivido muita história.
“O que me podes dizer sobre ela?” Perguntou Riley a Flores.
“Bem, é viúva, tem três filhos e três netos.”
“Liguem ao departamento do FBI de Syracuse e digam-lhes para mantê-la em segurança a todo o custo,” Disse Riley. “Ela está em perigo.”
Flores assentiu.
Depois voltou-se para Meredith.
“Vou precisar de um avião.”
“Porquê?” Perguntou Meredith, confuso.
Riley respirou fundo.
“Shane pode estar a caminho de matar Sprigge,” Disse ela. “E eu quero estar com ela antes que isso possa acontecer.”
CAPÍTULO SEIS
Quando o avião do FBI aterrou na pista do Syracuse