.
Чтение книги онлайн.
Читать онлайн книгу - страница 7
“Olá, Agente Paige.”
“Quantas vezes é que tenho que te dizer para não me chamares isso?”
“Desculpe. Olá Riley.”
Riley deu uma risadinha.
“Olá Jilly. Como estás?”
“Acho que bem.”
O silêncio ocupou a distância entre ambas.
Uma típica adolescente, Pensou Riley. Era sempre difícil convencer Jilly a falar.
“Então, que fazes?” Perguntou Riley.
“Acabei de acordar,” Disse Jilly com uma voz ainda rouca. “Vou tomar o pequeno-almoço.”
Só então Riley se apercebeu que eram menos três horas em Phoenix.
“Desculpa ter ligado tão cedo,” Disse Riley. “Esqueço-me sempre da diferença horária.”
“Não faz mal. Gosto que ligue.”
Riley ouviu um bocejo.
“Então, hoje vais para a escola?” Perguntou Riley.
“Sim. Deixam-nos sair da prisa todos os dias para fazermos isso.”
Era uma piadinha de Jilly, chamar o abrigo de “prisa” como se estivesse numa prisão. Riley não achava piada nenhuma.
Por fim, Riley disse, “Bem, vou deixar-te tomar o pequeno-almoço e preparares-te para a escola.”
“Ei, espere,” Interpelou Jilly.
Outro momento de silêncio se instalou. Pareceu a Riley ouvir Jilly conter um soluço.
“Ninguém me quer, Riley,” Desabafou Jilly, chorando. “As famílias adotivas nunca me querem. Não gostam do meu passado.”
Riley ficou impressionada.
O seu “passado”? Pensou. Meu Deus, como é que uma menina de treze anos pode ter um “passado”? O que é que se passa com as pessoas?
“Lamento,” Disse Riley.
Jilly falava hesitantemente no meio das lágrimas.
“É que… Bem, sabe, é… Quero dizer, Riley, parece que você é a única pessoa que se preocupa.”
Riley sentiu um nó na garganta e os olhos a marejarem de lágrimas. Não conseguiu responder.
Jilly continuou, “Não podia viver consigo? Eu não dou muito trabalho. Tem uma filha, não é? Ela pode ser como uma irmã. Podemos cuidar uma da outra. Tenho saudades suas.”
Riley lutava para conseguir falar.
“Eu… Não me parece que isso seja possível, Jilly.”
“Porque não?”
Riley estava desfeita. A pergunta atingiu-a como uma bala.
“Simplesmente… Não é possível,” Disse Riley.
Ainda ouvia Jilly a chorar.
“Ok,” Respondeu Jilly. “Tenho que ir tomar o pequeno-almoço. Adeus.”
“Adeus,” Disse Riley. “Telefono em breve.”
Jilly desligou o telefone. Riley debruçou-se sobre a secretária com as lágrimas a correrem-lhe pelo rosto. A pergunta de Jilly continuava a ecoar na sua cabeça…
“Porque não?”
Havia milhares de razões. April já lhe dava tanto que fazer. O seu trabalho consumia em demasia o seu tempo e energia. E estaria ela qualificada ou preparada para lidar com as cicatrizes psicológicas de Jilly? É claro que não.
Riley limpou os olhos e endireitou-se na cadeira. Deixar-se levar pela autocomiseração não a ajudaria. Chegara a altura de voltar ao trabalho. Havia raparigas a morrer e elas precisavam dela.
Pegou no dossiê e abriu-o. Chegara o momento, pensou, de regressar à arena?
CAPITULO TRÊS
Mafarrico estava sentado no seu baloiço no alpendre a observar as crianças a circular nos seus fatos de Halloween. Geralmente gostava que lhe viessem bater à porta, mas naquele ano parecia-lhe uma ocasião agridoce.
Quantos destes miúdos vão estar vivos daqui a algumas semanas? Pensou.
Suspirou. Provavelmente nenhum. O prazo limite aproximava-se e ninguém prestava atenção às suas mensagens.
As correias do baloiço do alpendre chiavam. Caía uma chuva leve e quente, e Mafarrico esperava que as crianças não se constipassem. Tinha um cesto com doces no colo e estava a ser muito generoso. Fazia-se tarde e, em breve, não haveria mais crianças.
Na mente de Mafarrico ainda conseguia ouvir o avô a reclamar, apesar do velho rabugento ter morrido há vários anos. E não importava que Mafarrico já fosse adulto, nunca se libertava das tiradas do velho.
“Olha só para aquele com a capa e máscara de plástico preta,” Dissera o avô. “É suposto aquilo ser um fato?”
Mafarrico só esperava que ele e o avô não fossem ter outra discussão.
“Está vestido de Darth Vader, avô,” Disse.
“Não quero saber de que é que está vestido. É um fato barato comprado numa loja. Quando tínhamos que te vestir, fazíamos sempre os teus fatos.”
Mafarrico lembrava-se bem desses fatos. Para o transformar numa múmia, o avô embrulhava-o em lençóis rasgados. Para o transformar num cavaleiro andante, o avô cobria-o com uma pesada tabuleta para cartazes de alumínio e carregava uma lança feita do cabo de uma vassoura. Os fatos do avô eram sempre criativos.
Ainda assim, Mafarrico não recordava esses Halloweens com saudade. O avô praguejava e queixava-se sempre enquanto lhe vestia os fatos. E quando Mafarrico regressava a casa da recolha de doces… Por um instante, Mafarrico sentiu-se novamente um rapazinho. Ele sabia que o avô tinha sempre razão. Mafarrico nem sempre entendia porquê, mas isso não importava. O avô tinha razão e ele não. Era assim que as coisas eram. Era assim que as coisas sempre tinham sido.
Mafarrico ficara aliviado quando já era demasiado velho para andar de porta em porta a pedir doces. Desde então, era livre de se sentar no alpendre para dar doces às crianças. Ficava feliz por elas. Ficava feliz por desfrutarem da infância, mesmo que ele não tivesse tido essa sorte.
Três crianças subiram até ao alpendre. Um rapaz estava vestido de Homem-Aranha, uma menina de Catwoman. Aparentavam ter cerca de nove anos. O fato da terceira criança arrancou um sorriso a Mafarrico. Uma menina com cerca de sete anos envergava um fato de abelhão.
“Doçura