Quem Dera, Para Sempre . Sophie Love
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“Esta é um pouco grande”, Roy disse.
Ele parecia cansado hoje. Deprimido. Havia olheiras sob seus olhos.
“Não é muito grande”, Emily disse. “O teto é muito alto”.
Charlotte, como sempre, acompanhou a irmã. “Não é grande demais! Por favor, podemos levar esta, papai?”
Roy Mitchell passou a mão pelo rosto, exasperado. “Não teste minha paciência, Charlotte”, ele disparou. “Escolha uma menor”.
Emily viu Charlotte se encolher. Nenhuma das duas gostava de irritar seu pai, e nem podiam entender como tinham feito isso. Parecia que coisas mínimas o irritavam naqueles dias. Ele estava sempre distraído por algo ou sempre olhando sobre o ombro, para sombras que só ele podia ver.
Mas a principal preocupação de Emily era com Charlotte. Sempre Charlotte. A menina estava quase chorando. Emily pegou sua mãozinha enluvada.
“Por aqui”, gritou animadamente. “Tem árvores menores ali!”
Charlotte se animou, confortada por sua irmã mais velha. Elas correram juntas pela neve, deixando seu pai de cenho franzido e olhar distante, para correr atrás delas.
Nesse momento, Emily voltou ao presente. A neve do passado não estava mais caindo, as árvores de Natal de décadas atrás caíram e foram substituídas por estas árvores novas, jovens. Estava de volta ao momento presente, mas levou um momento para se reorientar e saber onde estava, para ver Chantelle de pé diante dela, ao invés de Charlotte.
Enquanto Emily estava absorta em suas lembranças, eles haviam caminhado vários metros campo adentro. Ali, as árvores eram tão altas que lançavam sombras sobre tudo, bloqueando a luz do sol. Emily estremeceu, sentindo-se com mais frio agora que o sol invernal se escondera.
Mais à frente, Chantelle admirava a árvore mais alta da fazenda inteira. Tinha pelo menos 4,5 metros de altura.
“É esta!” ela gritou, rindo de orelha a orelha.
Emily sorriu. Ela não agiria como seu pai, estragando a alegria de uma criança. Se Chantelle queria a árvore mais alta da fazenda, ela a teria.
Caminhou até a menina e inclinou a cabeça para ver o topo. Assim como quando era criança, a árvore parecia majestosa para ela.
“É esta”, Emily concordou.
Chantelle bateu palmas de alegria. Daniel parecia desaprovar um pouco a escolha trabalhosa, Emily pensou, mas não se opôs. Ele se inclinou e ajudou Chantelle a fazer o primeiro corte com o machado. Emily os observou, pai e filha sorrindo e rindo juntos, e sentiu uma onda quente de alegria se espalhar pelo seu corpo.
Daniel passou o machado para Emily, para que também pudesse cortar a árvore, e então eles se revezaram, cooperando. Quando a árvore caiu, todos comemoraram.
O pai de Grace chegou com a carroça.
“Uau, você escolheu uma gigante”, ele brincou com Chantelle enquanto ajudava a levantar a árvore enorme.
“Foi a maior que pude encontrar!” a menina disse, sorrindo.
A família subiu na parte de trás do veículo e se apertou. As rodas giraram e eles começaram a lenta viagem de volta à entrada da fazenda.
“Eu a perdi por um momento lá atrás”, Daniel disse a Emily. “Teve outra lembrança?”
Ela assentiu. As memórias lhe deixavam perturbada. Ver a expressão abatida de Charlotte, ouvindo a rispidez da voz do seu pai. Era um homem com problemas. Ela se perguntava se tinha algo a ver com Antonia, a mulher com quem tinha um caso, ou com sua mãe, que estava em casa em Nova York, ou com outra coisa completamente diferente. Apesar de Emily estar convencida agora que seu pai estava vivo em algum lugar, Roy ainda era um mistério para ela, como sempre.
“Fico me lembrando o tempo todo de coisas sobre meu pai”, Emily confessou. “Desde que achei aquelas cartas. Queria saber o que o fez fugir. Sempre pensei que algo súbito deve ter acontecido quando eu era adolescente, mas acho que ele estava perturbado muito antes disso. Desde que me lembro, para ser sincera. Toda vez que volto no tempo e o vejo, existe um traço de preocupação nos olhos dele”.
Daniel a abraçou. Era bom ser confortada por ele, estar tão perto novamente. Ele parecia tão distante na lanchonete de Joe.
“Desculpe por estar tão calado lá”, Daniel disse, como se lesse a mente dela. “As festas de final do ano também me trazem lembranças”.
“Verdade?” Emily perguntou, gentil. “Que tipo de lembranças?”
Era tão raro Daniel se abrir para ela que aproveitava qualquer oportunidade para encorajá-lo.
“Pode ser uma surpresa para você, mas na verdade, eu sou judeu”, Daniel disse. “Mas meu pai não era. Era cristão. Comemorávamos o Natal e o Hanucá enquanto ele ainda estava em casa, mas quando ele foi embora, levou o Natal consigo. Minha mãe só celebrava o Hanucá. Quando eu e meu pai voltamos a ter contato, ele só celebrava o Natal na casa dele. Era estranho. Uma maneira muito estranha de crescer, como você pode imaginar”.
“Isso parece difícil”, Emily tentou acalmá-lo, tentando esconder a surpresa de saber que Daniel era, na verdade, judeu. Ela se perguntou o que mais não sabia sobre ele e foi tomada por uma súbita angústia sobre como criariam seus filhos, se tivessem filhos. É claro que ela adoraria celebrar ambos, mas Daniel parecia ter lembranças traumáticas sobre as festas de fim de ano que podiam ser um pouco mais difíceis de abordar.
Chegaram novamente à entrada da fazenda, onde pagaram à Grace enquanto esperavam sua árvore ser colocada na enfardadeira.
Emily estava contente por estar criando novas lembranças, felizes, com sua família. Mas, no fundo, não podia parar de se perguntar sobre seu pai, sobre o que estava acontecendo com ele, que segredos ainda guardava. Acima de tudo, se perguntava onde estava agora e se haveria algum modo de encontrá-lo novamente.
*
Quando chegaram na pousada, Emily e Daniel manobraram a árvore até a posição onde ficaria, no salão de entrada. Havia alguns poucos hóspedes relaxando na área de estar e todos vieram assistir, animados, enquanto a enorme árvore era levantada.
Emily foi buscar a pilha de caixas com os antigos enfeites de seu pai, guardados no sótão. Então, ela e Chantelle se sentaram juntas na mesa da cozinha para separar os enfeites.
“Isto é tão bonito”, Chantelle disse, levantando uma rena de vidro.
Emily sorriu ao vê-la, lembrando como ela e Charlotte haviam reunido todas as moedas que tinham para comprá-lo, e como economizaram todo ano para comprar mais, aumentando sua coleção até terem o bastante para representar cada uma das renas do Papai Noel. Então, Charlotte havia marcado cada uma, para não se confundirem.
Emily pegou a rena de vidro das mãos de Chantelle e conferiu um de seus cascos. Havia uma pequena marca arranhada que parecia ser um D de Donner, apesar de também poder ser um B, para Blitzen. Ela sorriu.
“Há um conjunto inteiro