A Dama Das Orquídeas. Barbara Cartland
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Agora, não havia mais ninguém. . .
Após a morte de seu pai, Minella passara a ignorar a poeira acumu- lada nos aposentos que não usava. Havia resolvido que não fazia o menor sentido gastar dinheiro em criadas, e que sozinha conseguiria muito bem dar conta do serviço.
Tirou da gaveta um bloco em que seu pai fizera várias contas, rasgou-o e jogou-o no cesto de lixo.
Juntou o resto das coisas e pensou que colocaria tudo numa caixa. Não sabia o que faria com aquilo, mas, pelo menos, guardaria os botões de prata com o brasão da família e os dois talismãs da sorte.
Depois que certificou-se de que não havia mais nada capaz de des- pertar os comentários das pessoas, fechou a gaveta que estivera exami- nando e abriu uma outra, que estava repleta de correspondência recebida.
Percebeu que seu pai raramente respondia às cartas, mas que as guar- dava na gaveta, por ordem de chegada, pretendendo, quem sabe, res- pondê-las um dia.
Minella começou a abrir as cartas, rasgando e jogando fora as que não tinham maior interesse.
Um exemplo típico:
“Querido Roy:
Gostaríamos imensamente de que aceitasse nossa hospedagem para o Grande Baile. Sei que você é a única pessoa capaz de tor- ná-lo agradável. Esperamos também que traga aquele grupo de St. Pancras...”
Havia muitas outras cartas escritas no mesmo estilo, com os ende- reços no topo da lauda, geralmente decorada pelo brasão da família.
Cada uma, entretanto, deixava claro que seu pai era convidado porque divertia as pessoas, ou, como dizia um convite escrito com letra de mulher:
“Tudo será um fracasso total se você não estiver conosco para, como sempre, nos fazer rir e, no que me diz respeito par- ticularmente, para me fazer muito feliz...”
Minella rasgou à carta rapidamente, pois teve a sensação de que qualquer pessoa que a lesse daria uma interpretação sarcástica e ma- liciosa sobre as relações de seu pai com as mulheres, e ela não queria que isso acontecesse.
Em seguida, não querendo invadir a vida particular de seu pai, pas- sou a rasgar as cartas sem tirá-las dos envelopes.
Estava para rasgar a última, quando o nome nas costas do envelope chamou sua atenção: “Connie”.
Observou-o e achou que conhecia aquela letra. Imediatamente lembrou-se: Constance Langford era a filha do pastor da aldeia vizinha à que eles moravam.
O pai dela era um homem muito inteligente, que nunca aceitara aquela posição social, pois queria ter sido professor em alguma universidade.
Com muita insistência, lady Heywood tinha conseguido conven- cê-lo a ensinar para Minella vários assuntos que estavam além da capa- cidade da velha professora que morava no povoado.
Minella levava quinze minutos cavalgando pelos campos para che- gar à Paróquia de Little Welham e o reverendo Adolphus Langford a fazia estudar muito.
Tinha catorze anos quando começou a ter essas aulas, e comparti- lhava as lições com a filha dele, Constance, três anos mais velha.
Havia sido muito mais divertido aprender ao lado de outra garota, e Minella se orgulhava porque aprendia muito mais depressa e, no geral, era mais inteligente do que Constance.
Quando não estavam no estúdio do reverendo, Constance não fazia cerimônia e dizia que achava as aulas uma completa chatice.
—Acho que você tem muita sorte por ter um pai tão inteligente!— dissera Minella, certa vez.
—E eu acho que você… é que tem sorte por ter um pai tão bonito e charmoso!— retrucara Constance.
—Vou contar a papai o que você disse. Tenho certeza de que ele vai ficar lisonjeado.
Minella levara Constance para tomar chá na mansão e seu pai havia sido muito atencioso, como sempre era com todo mundo, e Constance ficara maravilhada.
—Ele é tão elegante e tão bonito!— não cansava de repetir—, oh, Minella, quando posso ir de novo à sua casa? Só de ver seu pai, já fico totalmente emocionada!
Minella achava que aqueles comentários tão incisivos eram pouco gentis para com o próprio pai de Constance. Gostava muito do reverendo e achava a forma de ele ensinar muito eficiente e estimulante.
Apesar disso, percebia que Constance a tratava muito bem e concluiu, que teria de convidá-la a voltar à sua casa. Como quase não tinha amigos, ficou muito feliz por acabar fazendo disso um hábito.
Quando o reverendo não usava o cavalo, Constance tinha permissão, para usá-lo e as duas iam juntas para a mansão. Quando chegavam, para agradar a amiga, Minella sempre ia à procura do pai.
Geralmente, ele estava no estábulo ou no jardim e, como era evi- dente que Constance o fitava cheia de admiração e ouvia cada palavra dele como se fosse o próprio evangelho, certa vez lady Heywood co- mentara sorrindo:
—Não há dúvida de que você conquistou o coração da jovem donzela, Roy, mas não deve deixar que ela ou Minella o aborreçam. . .
—Elas não me aborrecem— respondera ele, bem-humorado—, além disso, garotas dessa idade sempre se apaixonam peio primeiro homem que conhecem.
—Tudo bem, contanto que ela não seja insistente!
—Se for, chamo você para me proteger, querida!
Lorde Heywood passara o braço em volta dos ombros da esposa e os dois caminharam pelo jardim, completamente felizes por estarem juntos.
Um ano depois, “Connie”, como ela se apelidara, alegando que Constance, era melancólico e sério demais, fora para Londres.
Ela havia lhe mandado uma carta, dizendo ter arranjado um emprego interessante, mas Minella tivera a impressão de que os pais dela foram muito vagos ao dizer do que se tratava.
Depois disso, só lembrava de Connie ter ido à mansão uma vez, logo depois da morte de sua mãe. Apareceu tão diferente, que Minella tivera dificuldade em reconhecê-la. Estava magra, alta, com porte ele- gante e muito bem vestida.
Na verdade, havia pensado que a jovem que batia à porta fosse alguma dama do condado que talvez tivesse vindo dar os pêsames à família pela morte de lady Heywood.
—Não está me reconhecendo, Minella?
Depois de uma breve pausa, Minella dera um gritinho de alegria e abraçara a amiga.
—Que bom ver você! Pensei que tivesse desaparecido para sempre! Como está elegante e bonita!
Era a mais pura verdade. Connie estava maravilhosa e seus cabelos loiros pareciam mais sedosos e brilhantes do que eram há um ano. Com os olhos azuis e a pele rosada, era o ideal perfeito que todo homem tinha da “rosa inglesa”.
Minella levara-a para a sala de estar, desejando conversar