Assassinato na Mansão. Фиона Грейс

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Assassinato na Mansão - Фиона Грейс

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colocou o quitute na boca. Foram várias sensações. Creme espesso e doce. Geléia de morango tão fresca que a nitidez fez seu paladar formigar. E a massa! Densa e amanteigada, em algum lugar entre doce e salgado, e ai-que-delícia.

      Os sabores de repente despertaram uma lembrança na mente de Lacey. Ela, seu pai, Naomi e a mãe, todos sentados ao redor de uma mesa de metal branco em um café luminoso, mergulhados em doces recheados de creme e geleia. Ela foi atingida por um raio de nostalgia reconfortante.

      "Eu já estive aqui antes!" Lacey exclamou antes mesmo de terminar de mastigar.

      "Ah?" foi a resposta divertida do homem.

      Lacey assentiu com entusiasmo. "Eu vim para Wilfordshire quando criança. Isto é um scone, não é?"

      As sobrancelhas do homem se ergueram, sinceramente curioso. "Sim. Meu pai era dono desta pastelaria antes de mim. Ainda uso a receita especial dele para fazer os scones".

      Lacey olhou para a janela. Embora houvesse agora um assento de madeira embutido com uma almofada azul bebê no topo e uma mesa de madeira rústica combinando, ela conseguia imaginar como era trinta anos antes. De repente, se viu transportada de volta para aquele momento. Ela quase conseguia se lembrar da brisa na parte de trás do pescoço, e da sensação pegajosa da geleia nos dedos, do suor nas dobras da parte de trás dos joelhos... Ela até se lembrava do som do riso, do riso de seus pais, e o sorriso despreocupado em seus rostos. Eles estavam tão felizes, não estavam? Ela estava certa de que tinha sido sincero. Então, por que tudo desmoronou?

      "Você está bem?" o homem perguntou.

      Lacey voltou ao momento presente. "Sim. Desculpa. Eu estava perdida em minhas memórias. Provar este scone me levou de volta trinta anos atrás".

      "Bem, você precisa ter 'onze-horas' agora", disse o homem, rindo. "Posso tentar você?"

      Os formigamentos que corriam por todo o corpo de Lacey lhe davam a nítida impressão de que qualquer coisa que ele sugerisse naquele sotaque gentil com aqueles olhos atraentes e doces, ela concordaria. Então ela assentiu, percebendo a garganta repentinamente seca demais para formular palavras.

      Ele bateu palmas. "Excelente! Deixe-me preparar tudo. Proporcionar toda a experiência inglesa". Ele ia se virar, mas parou e olhou para trás. "Eu me chamo Tom, aliás".

      "Lacey", ela respondeu, sentindo-se tonta como uma adolescente apaixonada.

      Enquanto Tom se ocupava na cozinha, Lacey sentou-se à janela. Ela tentou evocar mais lembranças do tempo que passou aqui antes, mas infelizmente não havia mais nada a lembrar. Apenas o gosto de scones e o riso de sua família.

      Um momento depois, o belo Tom apareceu com um suporte de bolo cheio de sanduíches sem crosta, scones e uma seleção de cupcakes multicoloridos. Ele colocou um bule de chá na mesa ao lado.

      "Eu não posso comer tudo isso!" Lacey exclamou.

      "É para dois", respondeu Tom. "Por conta da casa. Não é educado fazer uma dama pagar no primeiro encontro".

      Ele se sentou ao lado dela.

      A candura dele pegou Lacey de surpresa. Ela sentiu os batimentos cardíacos começarem a acelerar. Havia se passado muito tempo desde que ela havia falado com outro homem numa atmosfera de flerte. Aquilo a fez sentir como uma adolescente risonha novamente. Estranha. Mas talvez fosse apenas uma coisa britânica. Talvez todos os homens ingleses se comportassem daquela forma.

      "Primeiro encontro?" ela repetiu.

      Antes que Tom pudesse responder, o sinete sobre a porta tilintou. Um grupo de cerca de dez turistas japoneses entrou na loja. Tom se levantou rapidamente.

      "Oh-oh, clientes". Ele olhou para Lacey. "Vamos adiar este encontro, ok?"

      Com a mesma autoconfiança, Tom se dirigiu ao balcão, deixando Lacey com as palavras presas na garganta.

      A confeitaria, agora lotada de turistas, tornou-se barulhenta e movimentada. Lacey tentou manter um olho em Tom enquanto devorava os quitutes, mas ele estava ocupado com os pedidos dos clientes.

      Quando terminou, ela tentou se despedir, mas ele se retirou para a área da cozinha e não a viu.

      Sentindo-se um pouco decepcionada e com a barriga extremamente cheia, Lacey saiu da confeitaria e voltou para a rua.

      Então, ela fez uma pausa. Uma vitrine vazia do outro lado da rua da confeitaria chamou sua atenção. Uma emoção muito profunda se agitou dentro dela, que literalmente a deixou sem fôlego. A loja tinha sido algo antes, algo que os recantos mais profundos de suas memórias da infância queriam recordar. Algo que exigia que ela olhasse mais de perto.

      CAPÍTULO QUATRO

      Lacey espiou pela vitrine frontal da loja vazia, procurando em sua mente as lembranças que havia despertado nela. Mas não lhe veio nada de concreto. Era mais um sentimento, mais profundo do que apenas nostalgia, mais parecido com se apaixonar.

      Olhando através das janelas, Lacey podia ver que, lá dentro, a loja estava vazia e às escuras. O chão era um assoalho de madeira clara. Havia várias prateleiras embutidas e uma grande mesa de madeira contra uma parede. A luminária pendurada no teto era de latão antigo. Cara, pensou Lacey. Certamente deve ter sido deixada para trás por acidente.

      Então, Lacey percebeu que a porta da loja estava destrancada. Ela não conseguiu se conter e entrou.

      Um cheiro metálico, com traços de poeira e mofo, flutuou. Imediatamente, Lacey foi atingida por outro raio de nostalgia. O cheiro era exatamente o mesmo da velha loja de antiguidades de seu pai.

      Ela amava aquele lugar. Quando criança, passara muitas horas naquele labirinto de tesouros, brincando com as assustadoras bonecas de porcelana antigas, lendo todos os tipos de histórias em quadrinhos colecionáveis, de Bunty a The Beano, aos excepcionalmente raros e valiosos Rupert the Bear originais. Mas o que ela mais gostava de fazer era simplesmente percorrer as prateleiras de bugigangas e imaginar a vida e a personalidade das pessoas às quais já haviam pertencido. Havia um suprimento infinito de miudezas, aparelhos e outras tranqueiras, e cada item tinha o mesmo aroma estranho de metal, poeira e mofo que ela podia sentir agora.

      Assim como ver o Chalé do Penhasco com sua vista para o oceano havia despertado um antigo sonho de infância de viver à beira-mar, agora também, um antigo desejo de infância voltou, inundando-a: o sonho de administrar sua própria loja.

      Até o layout a lembrava da antiga loja de seu pai. Enquanto olhava em volta, imagens dos mais profundos recônditos de sua memória surgiram diante de sua visão através de seus olhos, como uma folha de papel transparente colocada em cima de um desenho. De repente, ela viu as prateleiras cheias de relíquias bonitas — principalmente utensílios de cozinha vitorianos, como era o interesse particular de seu pai — e lá, no balcão, Lacey visualizou a grande caixa registradora de metal, pesada e antiquada, com as teclas rígidas que o pai insistia em usar porque "mantinha sua mente afiada" e "aprimorava suas habilidades em matemática mental". Ela sorriu por dentro, sonhadora, enquanto as palavras de seu pai ecoavam em seus ouvidos e as imagens e memórias apareciam diante de seus olhos.

      Lacey estava tão perdida em seus devaneios que não ouviu o som de passos vindo dos fundos da loja, em sua direção. Ela também não notou o homem ao

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