A Bíblia Sagrada - Vol. III. Johannes Biermanski
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Uma das principais doutrinas do romanismo é que o papa é a cabeça visível da igreja universal de Cristo (do Messias), investido de autoridade suprema sobre os bispos e pastores em todas as partes do mundo. Mais do que isto, tem-se dado ao papa os próprios títulos da Divindade. Tem sido intitulado: “Senhor Deus, o Papa” (Ver Apêndice), a foi declarado infalível.
Apêndice: TÍTULOS. - Em uma passagem que faz parte da lei canônica romana, o papa Inocêncio III declare que o pontífice romano é “o representante sobre a Terra, não de um mero homem, senão do próprio Deus”; e em uma interpretação da passagem se explica que isto é porque ale é o vigário de Cristo, qua é o “mesmo Deus e o mesmo homem”. (Ver Decretal D. Gregor. Pap. IX. lib. 1. de translat. Episc. tit. 7 c. 3. Corp. Jur. Canon. ed. Paris, 1612; tom. II Decretal. col. 205.)
Em relação ao título - “Senhor Deus o Papa”, ver uma interpretação nas Extravagantes do Papa João XXII, título 14, cap. 4, “Declaramus”. Em uma edição de Antuérpia das Extravagantes datada de 1584, as palavras “Dominum Deum nastrum Papam” (Nosso Senhor Deus o Papa) ocorrem na coluna 153. Em uma edição de Paris, datada de 1612, ocorrem na coluna 140. Em várias ediçóes publicadas desde 1612, a palavra “Deum” (Deus) foi omitida.
Exige ele a homenagem de todos os homens. A mesma pretensão em que insistia Satanás no deserto da tentação, ele ainda a encarece mediante a igreja de Roma, e enorme número de pessoas estão prontas para render-lhe homenagem.
Mas os que temem a reverenciam a YAHWEH enfrentam esta audaciosa presunção do mesmo modo por que o Messias enfrentou as solicitações do insidioso adversário: “Adorarás a YAHWEH teu Elohim (D-us), e a Ele somente servirás.” (Lucas 4:8.) YAHWEH jamais deu em Sua palavra a minima sugestão de que tivesse designado a algum homem para ser a cabeça da assembleia. A doutrina da supremacia papal opõe-se diretamente aos ensinos das Escrituras Sagradas. O papa não pode ter poder algum sobre a assembleia do Messias, senão por usurpação.
Os romanistas têm persistido em acusar os protestantes de heresia e voluntária separação da verdadeira igreja. Semelhantes acusações, porém, aplicam-se antes a eles próprios. São eles os únicos que depuseram a bandeira do Messias, e se afastaram da “fé que uma vez foi dada aos santos”. (Judas 1:3.)
Satanás bem sabia que as Escrituras Sagradas habilitariam os homens a discernir seus enganos e resistir a seu poder. Foi pela Palavra que mesmo o Salvador do mundo resistiu a seus ataques. Em cada assalto o Messias apresentou o escudo da verdade eterna, dizendo: “Está escrito”. A cada sugestão do adversário, opunha a sabedoria e poder da Palavra. A fim de Satanás manter o seu domínio sobre os homens e estabelecer a autoridade humana, deveria conservá-los na ignorância das Escrituras. A Bíblia exaltaria a Deus e colocaria o homem finito em sua verdadeira posição; portanto, suas sagradas verdades deveriam ser ocultadas e suprimidas. Esta lógica foi adotada pela Igreja de Roma. Durante séculos a circulação da Escritura foi proibida. Ao povo era vedado lê-la ou tê-la em casa, e sacerdotes e prelados sem escrúpulos interpretavam-lhe os ensinos de modo a favorecerem suas pretensões. Assim o chefe da igreja veio a ser quase universalmente reconhecido como o vigário de Deus na Terra, dotado de autoridade sobre a igreja e o Estado.
Suprimido o revelador do erro, agiu Satanás, a seu bel-prazer. A profecia declarara que o papado havia de cuidar “em mudar os tempos e a lei”. (Daniel 7:25.) Para cumprir esta obra não foi vagaroso. A fim de proporcionar aos conversos do paganismo uma substituiçâo à adoração de ídolos, e promover assim sua aceitação nominal do cristianismo, foi gradualmente introduzida no culto cristão a adoração das imagens e relíquias. O decreto de um concílio geral (Ver Apêndice) estabeleceu, por fim, este sistema de idolatria.
Apêndice: CULTO DE IMAGENS. “O culto de imagens ... foi uma das corrupções do cristianismo que se insinuaram na igreja furtivamente e quase sem serem notadas nem observadas. Esta corrupção, semelhante a outran heresias, não se desenvolveu de pronto, pois que em tal caso teria encontrado decidida censura e reprovação: antes, começando sob um belo disfarce, tão gradualmente foi uma prática introduzida após outra em conexão com a mesma, que a igreja se tornou profundamente embebida no costume da idolatria, não somente sem qualquer oposição eficaz, mas quase sem qualquer decidida admoestação; e, quando finalmente fez um esforço para desarraigá-la, verificou-se que o mal estava muito profundamente fixo para se admitir a sua remoção. ... Deve ser atribuído à tendência idolátrica do coração humano, e à propensão dente para servir à criatura mais do que ao Criador. ...
“Imagens e quadros foram a princípio introduzidos nas igrejas, não para serem adorados, mas antes em lugar dos livros, a fim de darem instrução àqueles que não sabiam ler, ou excitar devoção no espírito de outros. Até que ponto corresponderam a tal propósito, é duvidoso; mas, concedendo, embora, que este fosse o caso por algum tempo, logo deixou de ser assim, e notou-se que os quadros e imagens obscureciam a mente dos ignorantes em vez de a esclarecer, degradavam a devoção do adorador em lugar de a exaltar. Assim é que, por mais que tivessem sido destinadas a dirigir a mente dos homens a Deus, acabaram por desviá-la dEle para o culto das coisas criadas.” - J. Mendham, The Seventh General Council, the Second of Nicea, Introdução, págs. III-VI.
Quanto a um relato don atos e decisões do Segundo Concílio de Nicéia, ano 787, convocado para estabelecer o culto às imagens, ver Baronius Annales Ecclesiastici, Vol. IX, págs. 391-407 (ed. de 1612 de Antuérpia); J. Mendham: The Seventh General Council, the Second of Nicea; Ed. Stillingfleet: Defence of the Discourse Concerning the Idolatry Practiced in the Church of Rome (Londres 1686); A Select Library of Nicene and Post-Nicene Fathers, segunda série, Vol. XIV, págs. 521-587 (Nova Iorque, 1900); C. J. Hefelé, Histoire des Conciles, livro 18, cap. 1, sec. 332 e 333; cap. 2, sec. 345-352.
Para completar a obra sacrílega, Roma pretendeu eliminar da lei de YAHWEH, o segundo mandamento, que proíbe o culto das imagens, e dividir o décimo mandamento a fim de conservar o número deles.
Este espírito de concessão ao paganismo abriu caminho para desrespeito ainda maior da autoridade do Céu. Satanás, operando por meio de não consagrados dirigentes da igreja, intrometeu-se também com o quarto mandamento e tentou pôr de lado o antigo Sábado, o dia que YAHWEH tinha abençoado e santificado (Gênesis 2:2 e 3), exaltando em seu lugar a festa observada pelos pagãos como “o venerável dia do Sol.” Esta mudança não foi a princípio tentada abertamente. Nos primeiros séculos o verdadeiro Sábado foi guardado por todos os cristãos. Eram ester ciosos da honra de Deus, e, crendo que Sua lei é imutável, zelosamente preservavam a santidade de seus preceitos. Mas com grande argúcia, Satanás operava mediante seus agentes para efetuar seu objetivo. Para que a atenção do povo pudesse ser chamada para o domingo, foi feito deste uma festividade em honra da ressurreiçào do Messias. Atos religiosos eram nele realizados; era, porém, considerado como dia de recreio, sendo o Sábado ainda observado como dia santificado.
A fim de preparar o caminho para a obra que intentava cumprir, Satanás induzira os judeus, antes do advento do Messias, a sobrecarregarem o Sábado com as mais rigorosas imposições, tornando sua observância um fardo. Agora, tirando vantagem da falsa luz sob a qual ele assim fizera com que fosse considerado, lançou o desdém sobre o Sábado como instituição judaica. Enquanto os cristãos geralmente continuavam a observer o domingo como festividade prazenteira, ele os levou, a fim de mostrarem seu ódio ao judaísmo, a fazer do Sábado dia de jejum, de tristeza e pesar.
Na primeira parte do século quarto, o imperador Constantino promulgou um decreto fazendo do domingo uma festividade pública em todo o Império Romano (Ver Apêndice).
Apêndice: EDITO DE CONSTANTINO. - A lei promulgada por Constantino a sete de março de 321, relativa a um dia de descanso, assim reza:
“Que