O Mistério Do Lago. Serna Moisés De La Juan
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Eu estava com tanto medo, pois até então, sempre que eu usava o telefone, havia alguns amigos do outro lado com quem eu podia compartilhar meus momentos bons ou ruins, mas agora, que eu tanto precisava, não havia ninguém.
Irritada, joguei o aparelho na cama com desprezo, e tentei deixar a casa para seguir a outro lugar mais seguro, na corrida frenética que só fora interrompida pelos breves minutos que tentei usar o telefone.
Eu quase caí quando cheguei à rua de paralelepípedos, quando pensei ter reconhecido um grande edifício branco, que se destacava em altura em meio às demais casas por conta de seu campanário. Eu corri, meu corpo envolto em suor e a respiração acelerada, queria me refugiar naquele templo, onde supus que sempre deveria haver alguém, em uma celebração ou apenas rezando.
À medida que me aproximava, suas dimensões aumentavam e, com muita estranheza, eu me senti mais calma e segura, tanto que até diminuí o passo antes de chegar às portas.
Puxando os anéis que ficavam no centro das grandes portas, abri-as depressa e entrei em busca de um dos moradores locais, porque o susto que havia sentido no lago havia se tornado uma estranheza e depois em medo pela ausência de qualquer vida naquela cidade.
E para minha surpresa também não havia ninguém lá, depois de inspecionar o confessionário, corri por entre os bancos e fui à sacristia para ver se pelo menos o padre estava lá, mas também não o encontrei.
Sozinha, exausta e assustada, parada no meio da igreja, minhas forças me derrotaram e deixei meu corpo cair, como chumbo, em um daqueles bancos longos. Chorando de nervosismo, com as mãos machucadas pela queda, fiquei onde estava, tremendo pelo esforço feito.
E naquele momento de desespero, com fiz tantas vezes quando era criança, olhei para o Cristo, que havia sido pregado na cruz, e estava pendurado no alto do teto, suspenso sobre o altar. Inspirei fundo, fechei os olhos devagar e me preparei para rezar e pedir por ajuda, quando de repente… senti que algo ou alguém estava tocando meu ombro enquanto ouvia,
— Acorde, senhora! Está na hora de comer. — sussurrou uma voz rouca, falhada pela passagem do tempo.
— O quê? Onde? O que aconteceu? — perguntei, intrigada quando me recuperei, olhando em volta.
Depois de alguns segundos, quase o suficiente para me recompor, percebi que tudo havia sido uma espécie de sonho, embora parecesse mais um pesadelo, porque eu estava sentada em frente ao lago, na mesma pedra em que fiquei por horas, aquela pedra que antes me pareceu oca.
Olhei em volta e não vi nada no lago, nenhuma imperfeição em sua superfície e do outro lado, a cidade e seu povo à distância, esse morador ao meu lado, e era o homem que me havia recebido em sua casa que agora me avisava que a comida estava pronta.
Não sabia o que dizer, porque não conseguia entender o acontecido, não me lembrava de ter passado por tal experiência antes, nada que pudesse ser comparado. Bem, sonhava como todo mundo, mas tudo havia sido tão real que fiquei surpresa por não ter de fato acontecido, mas é claro que não poderia ter me vindo tão rápido da igreja até aqui, então aceitei que era sonho.
Olhei para as mãos e não havia vestígios dos hematomas que arrumei ao descer da pedra, inspecionei minhas roupas e não havia a menor sugestão da queda, apesar de sentir uma estranha aceleração na respiração.
Toquei uma das carótidas com a mão, as artérias que percorrem a face externa do pescoço de cada lado e que costumamos sentir para medir o pulso. Depois da contagem de um minuto, percebi que estava acelerado demais. Quase excessivo. Isso poderia explicar por que eu estava encharcada de suor, apesar de tudo indicar que eu não havia saído daquela rocha.
Depois de me certificar de que tudo estava como antes do sonho, desci com cuidado daquela rocha, para evitar cair e fui com o homem até a cidade. Fiquei tão feliz por poder ver alguém que me dava a sensação de segurança, de modo que, durante todo o caminho de volta, eu o segurei pelo braço, algo que o homem não parece ter se importado, porque não fez nenhum gesto de desaprovação, pelo contrário, parecia feliz com a minha decisão.
Apesar da intensa e detalhada experiência que tive, eu não sabia se deveria contar a alguém, quem iria acreditar em mim? Nem meus amigos entenderiam tudo o que eu havia sentido naqueles momentos de grande solidão e desespero.
Havia tantas emoções e memórias vívidas que eu me senti estranha. O sonho havia despertado sentimentos que eu pensava terem sido esquecidos e outros da infância que considerava perdidos no tempo.
A angústia vital causada pela solidão, por não encontrar quem me entendia e compreendia; o desespero para encontrar uma saída, de fazer o meu caminho na vida, apesar dos muitos obstáculos e preconceitos que tive que superar; a dor da perda abandono dos entes queridos; a devoção religiosa em que fui educada e que não pratiquei mais… tantas emoções vieram ao presente como um dilúvio sem poder entender o motivo disso.
Mesmo com essas sensações à todo o vapor, quando chegamos ao chalé, larguei o braço daquele homem e fui depressa ao meu quarto fazer aquilo que fiz durante o sonho de instantes antes, pegar meu telefone.
Tirei da mochila, liguei, disquei o número de emergência, e o coloquei no ouvido. Um toque, dois toques…
— Bom dia, emergência, como podemos ajudá-lo? — era a voz de uma mulher de meia idade do outro lado da linha.
Fiquei surpresa pela saudação, suponho que seja o que deveriam dizer, mas, como já havia tentado sem sucesso, nem sequer havia preparado o que dizer.
— Desculpe, estava testando o aparelho. — respondi hesitante. Não aconteceu nada, desculpe.
Dito isto, desliguei sem dar tempo para que a senhora me dissesse mais alguma coisa, coloquei o telefone no peito e respirei fundo. Fiquei tentada a ligar para um de meus amigos, mas não vi a necessidade de incomodá-los apenas para ouvir a voz de um deles, pois já havia verificado que o celular funcionava bem, sinal forte a e boa comunicação com o mundo exterior.
Depois de trocar de roupa, fui para a cozinha, onde o homem havia me deixado um prato de comida pronto, surpresa com a atitude de ir me buscar para comermos juntos.
— Muito obrigada, mas fiquei com fome enquanto preparava. — disse o homem, recusando meu convite.
Dito isto, ele pegou uma cadeira e saiu de casa para ficar ao lado da porta e, sentando-se sossegado, começou a aproveitar o sol, me deixando sozinha na cozinha para que eu pudesse comer.
Embora o café-da-manhã tivesse sido bastante escasso, a comida de agora parecia desproporcional. Além de outro pedaço do mesmo pão duro, havia o que parecia uma sopa de legumes, embora parecesse água com pedaços quase transparentes de cebola flutuante.
Nada a ver com a multiplicidade de vegetais esmagados, como cenoura, tomate, cebola, pimentão ou couve-flor, que poderiam estar ali para torná-la uma verdadeira sopa juliana e não um caldo simples de cebola. Deveria ser um consomê típico da região ou algo assim.
Então, em vez de uma salada abundante e brilhante, com todos os tipos de vegetais cortados em pedaços grandes, com alface, pimentão, pepino, tomate, cebola, cenoura e salsa, havia apenas uma pequena escarola com azeite
No prato principal, por mais que