Resgatada pelo xeque. Кейт Хьюит
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– A imprensa de Kadar.
– Sempre esteve ao serviço da Coroa. Pedi que, desta vez, não se tirem fotografias e acederam. Não aprovo como as coisas estão aqui, mas era a forma de governar do meu pai, que continua.
– Vais fazer as coisas de outro modo agora que és xeque? – perguntou ela, num tom levemente incrédulo, o que Aziz entendeu, embora não achasse graça.
Só demonstrara que era um prodígio com os números e que gostava de ir a festas por toda a Europa. Olivia vira o seu estilo de vida hedonista e limpara os seus excessos. Não podia reprová-la por se sentir cética quanto à sua capacidade de governar bem.
– Vou tentar.
– E vais começar com esta farsa ridícula.
– Receio que seja necessário. – Voltou a sorrir, mas ela não se alterou. – É por uma boa causa, Olivia: A estabilidade do país e a segurança do povo.
– Porque é que o Khalil raptou a rainha Elena? Como o fez? Não tinha proteção?
Aziz sentiu que a raiva crescia no seu interior, mas não sabia para quem dirigi-la: Para Khalil ou para os seus próprios empregados por não se terem apercebido da ameaça até já ser demasiado tarde. No entanto, percebeu que estava zangado consigo próprio, embora soubesse que não teria conseguido evitar o sequestro. Enfurecia-o não o ter impedido, não conhecer o país ou o seu povo para poder exigir lealdade e obediência ou para que procurassem Elena no seu deserto interminável.
– O Khalil é o filho ilegítimo da primeira esposa do meu pai. Criou-o como seu filho durante sete anos, até se descobrir a verdade. Então, foi desterrado, juntamente com a mãe, mas Khalil insiste que tem direito ao trono.
– Que horror! – exclamou Olivia. – Banido.
– Acabou por viver rodeado de luxos com a tia, nos Estados Unidos. Não deves compadecer-te.
– É evidente que não o fazes.
Aziz limitou-se a encolher os ombros. O que sentia por Khalil era difícil de explicar, até a si próprio: Raiva e inveja; tristeza e amargura. Uma mistura de sentimentos potente e insana.
– Reconheço-o. Não o acho muito simpático, tendo em conta que tenta desestabilizar o país e que raptou a minha noiva.
– Porque achas que pensa que tem direito ao trono?
«Porque todos pensam que sim. Porque o meu pai o adorava, mesmo quando soube que não era o seu filho; mesmo contra a sua própria vontade», pensou Aziz.
– Não sei se acha que tem direito. Talvez se trate apenas de uma vingança contra o meu pai, que considerou o pai dele durante boa parte da sua infância. – «E uma vingança contra mim por ocupar o seu lugar», pensou. – O meu pai não era um homem justo. O seu testamento extraordinário prova-o de forma incontestável.
– Então, o Khalil raptou a Elena para evitar que se casem – concluiu Olivia, enquanto ele assentia.
Aziz odiava pensar que Elena estaria sozinha e assustada no deserto. Não a conhecia muito bem, mas imaginava que seria uma experiência terrível para qualquer pessoa e, sobretudo, para alguém cujos pais tinham morrido num atentado e que estivera muito sozinha.
– Se não te casares no prazo de seis semanas, o que acontecerá?
– Perderei o trono e o título.
– E a quem os dariam?
– O testamento não o especifica. Terei de convocar um referendo.
– Será o povo a decidir quem será o xeque?
– Sim.
– Parece-me muito democrático – afirmou ela, sorrindo.
– Kadar é uma monarquia constitucional. A sucessão sempre foi dinástica. O referendo é, simplesmente, a forma do meu pai de me tornar as coisas muito difíceis.
– E não queres obedecer.
– Não especialmente, mas reconheço que é necessário. – Passara mais de três semanas a tentar encontrar uma forma de fugir do testamento do pai. Não queria casar-se nem ser forçado a fazê-lo. O pai controlara as suas ações, pensamentos e desejos durante demasiado tempo.
Mas, mesmo morto, continuava a controlá-lo e a magoá-lo.
– Porque é que, então, não convocas o referendo? – perguntou Olivia.
– Porque perderia – afirmou ele, num tom leve que passara tanto tempo a usar que se transformara numa segunda pele: A personagem do playboy. Mas falar do pai e da possibilidade de Khalil ser xeque porque o povo não o queria começava a destruir a personagem e receava o que Olivia pudesse ver. – São os riscos de não ter passado muito tempo em Kadar – acrescentou, num tom brincalhão. – Mas espero remediá-lo em breve.
– Mas não a tempo para o referendo.
– Exatamente. É por isso que preciso de aparecer com a minha noiva e garantir ao meu povo que está tudo bem. O meu pai deixou o país num estado de agitação política, dividido pelas decisões que tomou há vinte e cinco anos. Estou a tentar por todos os meios reparar o mal e fazer com que reine a paz em Kadar.
– E se não encontrares a rainha?
– Vou encontrá-la, mas preciso de um pouco mais de tempo. Os meus homens estão à procura dela no deserto.
Khalil introduzira um homem leal a ele entre os empregados de Aziz, alguém que lhe dera a mensagem de que o avião de Elena se atrasara por causa do mau tempo. Khalil subornara o piloto do jato real para que desviasse o aparelho para uma zona remota do deserto, onde, juntamente com os seus homens, recebera Elena quando saíra do avião.
Era o que sabia, a partir do testemunho de duas testemunhas: O comissário de bordo, que vira, impotente, Elena a desaparecer num todo-o-terreno; e uma empregada que vira um dos homens de Aziz a rondar por sítios onde não deveria estar.
Aziz suspirou. Sim, tivera um plano bem levado a cabo porque Khalil tinha muitos seguidores, apesar de ter abandonado o país com sete anos e de ter regressado há seis meses. O povo recordava o menino que fora o filho amado do xeque Hashem, o seu verdadeiro filho.
Aziz era o intruso, o pretendente.
Sempre fora, desde os quatro anos de idade, quando o tinham levado para o palácio. Recordava que o pessoal fingia não ouvir os pedidos humildes da sua mãe e que os serviam com desprezo. Ele estava perturbado e a mãe, desesperada. No fim, ela fechara-se nos aposentos femininos e raramente era vista em público.
Aziz tentara conquistar o pessoal do palácio, o povo e, sobretudo, o pai, sem nenhum resultado, sobretudo, no que dizia respeito ao seu pai. No fim, acabara por desistir.
Só faltavam quarenta minutos para a conferência de imprensa. Tinha de convencer Olivia a aceder.
– Se não encontrar