Dormindo com o inimigo. Lynne Graham

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Dormindo com o inimigo - Lynne Graham Sabrina

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No meio de toda essa dor, alegrava-se por não se ter exposto ao ridículo de lhe ter oferecido o seu corpo em Bali. Tinha saído a correr!

      A senhora Baines apareceu à porta.

      – Temo que o teu pai me pediu para preparar a tua bagagem.

      – Oh…. – disse Lizzie vendo como a sua área coberta de sardas ficava ainda mais pálida. Tentou recompor-se para a mulher não ficar preocupada. – Tudo bem, já sou uma mulher, eu faço isso.

      – Não está certo teres de sair de casa – respondeu a senhora Baines veemente. Lizzie surpreendeu-se dado que, apesar de trabalhar há muitos anos com eles, aquela mulher nunca se metia nos assuntos da família.

      – É apenas um mal-entendido familiar – disse Lizzie encolhendo os ombros, agradecida por aquela mostra de afecto, mas por sua vez envergonhada. – Vou tomar um duche.

      Uma vez na casa de banho, surpreendida pela conversa com a senhora Baines, marcou o número de telefone de Jen, a única amiga que ainda tinha.

      – Jen, posso ir para tua casa por uns dias? O meu pai pôs-me fora de casa.

      – Estás a brincar?

      – Não, estou a falar a sério. De facto, a minha governanta está a fazer-me as malas.

      – Pois, com toda a roupa que tens, a pobre mulher vai ter muito trabalho – riu-se Jen. – Sim, vem para cá. Assim saímos esta noite e arejas.

      – Não estou para muitas festas.

      – Tens de sair. Ouve-me: tens de sair para a rua, enfrentar os fotógrafos e dizer-lhes: «Pois sim, sou eu, e depois?» – exclamou a sua amiga. – Deixaste o Connor, sim, mas só andaste com ele uns meses. Que culpa tens tu de ele se ter embebedado e de sofrer um acidente? – acrescentou sem ponta de tacto.

      Lizzie deu-se conta de que ficar em casa de Jen tinha um preço, mas que mais podia fazer? Não tinha dinheiro para ir para um hotel e o resto dos seus amigos deixaram de lhe ligar. Talvez Jen, que estava sempre bem-humorada, a alegrasse um pouco. Talvez, sair uma noite a ajudasse a esquecer o desespero que sentia.

      – Trabalhar? – disse Jen como se a palavra lhe provocasse alergias. – Tu? Em quê? Fica em minha casa até o teu pai se acalmar. Tanto tu como eu fomos educadas para ser objectos decorativos inúteis e convertermo-nos em esposas. A culpa não é nossa.

      – Pretendo ganhar a vida pelos meus próprios meios – respondeu Lizzie com teimosia. – Quero demonstrar ao meu pai que não sou uma mimada…

      – Claro que és. Nunca trabalhaste na vida! Se começares a trabalhar, como vais ter tempo para ir ao cabeleireiro e à manicura, para ficar a comer com as amigas ou para ires uma semana para uma praia tropical? Seria espantoso.

      A verdade é que tudo aquilo soava fatal, mas também não era verdade que nunca tinha trabalhado. Fizera muitos trabalhos voluntários sem serem remunerados, sempre para organismos de caridade, e demonstrara dar-se muito bem para que os ricos aflorassem a carteira. Outra coisa era trabalhar para outros com um horário fixo e um salário medíocre. Isso nunca tinha feito, mas podia tentar…

      Quatro horas depois, não se sentia tão segura. Estavam num bar da moda, a apenas duas mesas dos amigos antigos, que olhavam para ela como se a quisessem matar. Tinha vestido um conjunto que não precisava de ter comprado e Jen tinha ficado aborrecida quando lhe disse que não queria beber álcool, mas sim sumo de laranja. Assim, para não ofender a sua única amiga, ali estava a beber vodka.

      – Se uma amiga me diz que não quer beber, dá-me a impressão que me está a tratar como se fosse superior – disse-lhe Jen bebendo uma Tequilla Sunrise num abrir e fechar de olhos.

      Jen foi falar com alguém e Lizzie dirigiu-se para a casa de banho. Olhou-se ao espelho e arrependeu-se de se ter deixado convencer pela amiga a vestir aquele top branco e aquela saia tão curta. Apesar de comprar conjuntos atrevidos, apenas os vestia quando os experimentava. Enquanto se perguntava sobre o porquê de tudo aquilo ouviu um grupo de raparigas a falar.

      – Não posso acreditar que a Lizzie tenha tido a pouca vergonha de vir cá esta noite!

      – Isso demonstra o ser mau que é…

      – O Tom avisou a Jen que, se continua a ser vista com ela, corre o risco de ficar sem amigos.

      – Como é que ela pôde tratar o Connor assim? Era tão divertido e bom…

      Lizzie ficou vermelha como um tomate e sentiu um enorme desejo de chorar. Voltou para a mesa e bebeu a bebida de um gole só. Aquelas raparigas tinham sido suas amigas. Já não eram. De repente, todos a odiavam quando há poucas semanas tinha tantos convites para sair que não conseguia dar resposta a todos. O único que queria era ir para casa. O problema era que não podia ir para a sua casa e Jen ia ficar aborrecida se lhe dissesse que nunca mais queria voltar a sair.

      Sim, Connor parecia uma boa pessoa. Ela tinha acreditado nisso até ao dia em que foi à casa de campo que tinham e o descobriu na cama com Felicity. Ao recordá-lo, o sangue gelou-lhe nas veias.

      Pensara em convidar uns quantos amigos para passar o fim-de-semana. Como há muito tempo que não iam lá, aproximou-se da casa para ver como estava. Ao chegar, não viu o carro da sua madrasta. Estava feliz, imaginando a surpresa que Connor ia ter quando lhe dissesse que ia celebrar os seus vinte e cinco anos em Bali.

      Estava nas escadas quando ouviu uns ruídos. Eram gemidos. Sentira medo. Na sua ignorância, não suspeitou que o que estava a ouvir era um homem e uma mulher a fazer amor. Supôs que era o vento e continuou a subir. Do corredor, viu todos os detalhes da sua madrasta a desfrutar do seu namorado numa cama.

      Felicity estava extasiada e Connor não parava de arquejar, de lhe dizer que a desejava e que não poderia aguentar outra semana sem a ver. Lizzie tinha ficado paralisada. Felicity viu-a e começou a chorar.

      Bem, a sua madrasta passava a vida a chorar. Chorava por tudo, inclusive chorava se o jantar não estava perfeito.

      Assim não lhe custou muito começar a chorar. Lizzie chorou e gritou, mas apenas depois de os pôr fora de casa. Depois, queimou os lençóis no jardim.

      Nesse momento, a meio das suas recordações, Jen chegou e disse-lhe para irem dançar.

      Sebasten estava na parte de cima com o dono do local.

      – Reconhecê-la-ei quando a vir. A menos que…

      Sebasten sentiu um asco terrível. O facto daquela mulher estar numa festa quarenta e oito horas depois do enterro de Connor era um claro indício de como era.

      – É muito alta, apesar de não ser muito bonita. Não é o meu tipo – acrescentou o homem.

      Apesar de precisar de um rosto para aquele nome, Sebasten não ia actuar ali. Não era o seu estilo. Ele devolvia os golpes de forma subtil.

      Fixou o olhar numa mulher muito alta que estava a dançar. Tinha o cabelo da cor da marmelada de laranja e caía-lhe sobre os ombros. Observou-a deitar a cabeça para trás e sentiu que todos os músculos do seu corpo ficavam tensos. Tinha uma beleza rara e original, olhos grandes e uma boca mágica. Para não falar do seu corpo que estava bastante descoberto com o conjunto que usava. Sebasten olhou-a com desejo e pensou que naquela noite

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