Cativa entre os seus braços. Carol Marinelli
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Naquele momento, ia a caminho de Londres num avião privado e desconhecia os últimos acontecimentos.
– Não faças nada – disse Ilyas a Mahmoud. – Se houver mais algum contacto, quero que me informem, não ao meu pai.
Percebeu que o vizir ainda continuava com dúvidas sobre se devia informar ou não o rei. Ilyas examinou novamente as fotografias. Apesar das suas palavras, só a imagem em que aparecia nu podia fazer danos. As pessoas costumavam esquecer as transgressões de Hazin no estrangeiro, mas não seriam tão magnânimas se trouxesse o escândalo para casa.
Depois, olhou para a mulher. Não sabia se seria a tal Suzanne ou se era apenas o isco com que tinham tentado Hazin.
Entendia perfeitamente que o irmão o tivesse mordido.
Ela era espetacular.
O vento deitava o seu cabelo ruivo para trás, comprido e ondulado, e o seu corpo não era como os corpos das mulheres que iam a esse tipo de festas.
Era incrivelmente branca, com sardas nos braços e nas coxas. O seu corpo era esbelto e as suas curvas subtis e muito femininas. Os seus lábios eram grossos e, na fotografia, estavam entreabertos num sorriso.
No entanto, o sorriso não chegava aos olhos e Ilyas tinha a certeza de que era falso.
Sim, ela era o assassino sorridente.
– Não faças nada sem as minhas instruções – repetiu Ilyas. – E contacta-me se for necessário. Agora vou ao hammam.
– Alteza… – Mahmoud assentiu e fez uma inclinação de cabeça antes de sair.
O palácio era fantástico.
O edifício gigantesco de mármore parecia, de fora, estar situado por cima de um canhão vermelho, à beira do Golfo Pérsico. Olhava de cima para a cidade que fervia de atividade, exceto pelo lado oeste, que dava para o deserto.
O palácio era uma verdadeira obra de arte e fora construído ao redor de um oásis natural que ainda continuava a existir. Era vasto e continha muitas residências, assim como zonas para funções formais e espaços para a oração.
Mas guardava mais segredos, pois não estava simplesmente situado por cima de uma falésia, fora esculpido de dentro.
Os túneis que havia por baixo do edifico estavam decorados com desenhos antigos e mosaicos detalhados. Ilyas desceu primeiro os degraus esculpidos em mármore, que depressa deram lugar a outros esculpidos nos alicerces.
Lá, o ar era mais fresco. Ilyas dirigiu-se para o seu túnel privado, onde círios gigantes iluminavam o caminho. O som da água a cair ao longe fazia-o confiar que não demoraria a desaparecer a preocupação que o corroía.
O hammam era divino e algumas zonas eram acessíveis por diferentes caminhos, mas poucos podiam aventurar-se por onde estava Ilyas naquele momento.
Era um mundo que poucos sabiam que existia.
A peça central era uma gruta com uma cascata e a corrente contínua oferecia um fundo audiovisual espetacular. Havia vários lagos e cataratas mais pequenas, que caíam em lagos maiores por baixo do hammam. Quando a luz era apropriada, a entrada para um das grutas estanque emitia um brilho vermelho profundo por causa dos rubis do subsolo. De dia, entravam raios de sol que criavam uma catedral natural, de noite, eram as estrelas e a lua que banhavam a água com a sua luz. Na verdade, era um refúgio digno de reis.
Ilyas tirou o robe e mergulhou num lago profundo. Mas a tensão continuava presente nele quando saiu para a superfície.
Apesar da sua calma aparente à frente de Mahmoud, estava muito preocupado.
Sabia que parecia tão frio e indiferente como o pai, mas não fora cortado pelo mesmo padrão.
Não queria que deserdassem Hazin, mas sabia que esse dia se aproximava. Apesar dos seus esforços, dava a impressão de que nada conseguiria mudar isso.
Não havia nada que pudesse fazer, exceto estar vigilante, mas, por enquanto, podia tentar relaxar.
Era muito estranho dispor de um fim de semana completo para fazer o que queria.
Normalmente, tinha vários compromissos e, com frequência, viajava para o estrangeiro, tanto para forjar novas relações como para tentar reparar as que o reinado do seu pai destruíra.
Chamou uma das massagistas e aproximou-se da mesa grande de mármore que havia no centro da zona onde se deitou de barriga para baixo para que lhe esfregassem a pele com sal.
Depois, levantar-se-ia e passar-se-ia por água na cascata. Olhou para o deserto daquele ponto de vista privilegiado. Poucos sabiam que existia, mas havia uma vista sem interrupções da areia do deserto e do céu.
Mais tarde, chamaria uma mulher do harém.
O pai continuava a pressioná-lo regularmente para que escolhesse uma esposa, mas Ilyas recusava-se.
E quem podia culpá-lo?
Ao longo de um dos túneis, conseguia ouvir as gargalhadas distantes do harém e, por cima dele, havia um cordão de veludo que podia puxar quando quisesse. Deitado ali, com a cabeça no antebraço e a pensar em sexo, recordou a mulher da fotografia que Mahmoud lhe mostrara.
Mãos peritas trabalhavam na parte inferior das suas costas, mas não foi a habilidade da massagista que fez com que Ilyas mudasse de posição na laje fria de mármore.
O que o excitou foi pensar na mulher com uma labareda de cabelo avermelhado e pele pálida e sardenta.
– Alteza… – O som da voz de Mahmoud não foi nada bem-vindo. – Peço desculpas por o incomodar.
– O que se passa agora? – perguntou Ilyas, com raiva.
– A mulher da fotografia. Descobri que continua no país. Aparentemente, esta noite, inscreveu-se para um passeio.
– Então, é verdade que é estúpida – resmungou Ilyas. Pois ninguém com sensatez permaneceria num país que ameaçara de um modo tão explícito.
– Rastreámos o telemóvel dela e parece que irá ao passeio das estrelas.
– Esta noite, haverá poucas estrelas, visto que se espera um simum. – Só o esperavam no dia seguinte, mas o vermelho do céu já era um presságio. – Esta noite, não devia haver turistas no deserto.
– O passeio saiu. Ela está lá fora, Alteza – disse Mahmoud e apontou para o deserto.
Ilyas sabia que alguns operadores turísticos ignoravam os avisos. Era um problema recorrente, mas não era o que o preocupava naquele momento.
– Traz-ma.
– Aqui? – Mahmoud parecia surpreendido. – Se o rei descobrir…
– Aqui