Refém dos seus beijos. Эбби Грин
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Todos achavam que os seus cavalos eram melhor educados do que ele. E não se enganavam. Os rumores sobre a sua procedência só serviam para acrescentar um toque de cor à aura de mistério que o rodeava.
Contudo, por muito que gostasse de provocar a flor e nata com a sua atitude arrogante, ansiava ter o seu respeito. Queria que o aceitassem pelo que conseguira, armado apenas com o seu talento inato e muito trabalho árduo.
A última coisa de que precisava era que se espalhassem mais rumores, sobretudo, o de Luc Barbier não saber controlar os seus próprios empregados. Não queria que as pessoas dissessem que fora suficientemente estúpido para deixar que lhe tirassem um milhão de euros à frente do seu nariz.
Furioso consigo próprio, recordou como o entusiasmo contagiante de Paddy e a sua ingenuidade aparente tinham sido atraentes. Devia ter sabido que era apenas um ladrão vulgar.
De repente, voltou a ouvir o som de uma gargalhada e ficou tenso. A adrenalina misturava-se nas suas veias com algo mais ambíguo e caloroso. Nessa O’Sullivan tinha de pagar pelo irmão e isso era tudo, pensou. Quanto mais depressa lhe recordasse qual era o seu lugar e o que havia em jogo, melhor.
– Com quem estavas a falar?
Nessa ficou tensa ao ouvir aquela voz profunda atrás dela. Virou-se devagar, preparada para se encontrar com Barbier pela primeira vez, desde a noite em que a surpreendera na sua propriedade. Pestanejou.
O céu estava azul e o ar era suave, mas, como só acontecia na Irlanda, uma névoa fina envolvia o ambiente e fazia com que os ombros e o cabelo de Barbier estivessem cheios de gotas minúsculas. Davam-lhe o aspeto de estar… a brilhar.
Tinha as mãos nas ancas. Usava umas calças de ganga gastas e justas, que marcavam as pernas fortes e compridas. Os braços eram impressionantes, tal como a musculatura que se adivinhava por baixo do seu polo de manga comprida e de cor escura.
Era impossível ter um aspeto mais viril, pensou Nessa, sentindo que a temperatura do seu corpo aumentava de forma inevitável.
– E então?
Envergonhada, apercebeu-se de que ficara a olhar para ele, embevecida. Engoliu em seco.
– Só estava a falar com um dos empregados.
– Sabes que não estás aqui para fazer amigos, não é? As cavalariças têm de estar limpas antes da hora do almoço. E nem penses em distrair os meus empregados – declarou, furioso.
Então, foi-se embora, deixando-a perplexa, não só por causa da reprimenda brusca, mas pela forma como os olhos dela seguiram a sua figura, as costas largas e o rabo masculino e bem moldado.
Furiosa consigo própria por causa do seu interesse estúpido nele, pegou na vassoura e continuou a tarefa.
No dia seguinte, quando estava a fazer a sua visita do costume às cavalariças, Luc estranhou não a ver. Quando estava prestes a sair, na última das boxes, pareceu-lhe ouvir uma voz de mulher.
– És muito bonito, sabes, não é? Claro que sim. Anda, toma, lindo.
O cavalo jovem abanou a cabeça, feliz, e aceitou a cenoura que Nessa lhe oferecia. Ela sabia que não era permitido rondar pela zona hípica onde estavam alojados os puros-sangues mais caros, mas não conseguira resistir à tentação.
– O acesso a esta zona é proibido.
O instante de paz de que Nessa desfrutara desapareceu. Quando se virou, viu que Luc estava a olhar para ela da porta com os braços cruzados e o sobrolho franzido.
– O que estás a dar ao Tempest? – inquiriu ele, aproximando-se com dois passos largos.
– É apenas uma cenoura – esclareceu ela, afastando o vegetal.
– Ninguém pode dar de comer aos meus cavalos, se não for sob supervisão.
– É apenas uma cenoura! – repetiu ela.
– Uma cenoura pode conter veneno ou esteroides.
– Achas que sou capaz de magoar um cavalo? – perguntou ela, ficando gelada.
– Que eu saiba, poderias ser cúmplice de um roubo. E, agora, encontro-te com o cavalo que comprei ao Gio Corretti. É suspeito, não te parece?
O cavalo relinchou e Luc acariciou-lhe a cabeça com suavidade, sussurrando-lhe palavras suaves em francês. Sem conseguir evitá-lo, ela imaginou como seria estar no lugar do animal, sentir a sua mão a percorrer-lhe o corpo, as palavras doces no ouvido… Em instantes, desviou o olhar, mortificada, receando que ele conseguisse adivinhar os seus pensamentos.
– Está agitado desde que chegou. Ainda não se adaptou bem – comentou ele.
– Sente a falta da mãe.
Barbier fixou os olhos nela.
– Como sabes?
Ela corou, evitando o seu olhar. Como podia explicar a afinidade que sentia com os cavalos?
– Só imagino – redarguiu Nessa, encolhendo os ombros.
– O Gio Corretti disse ao teu irmão e a mim que talvez tivéssemos problemas para acomodar o cavalo porque tinham acabado de o afastar da mãe. É por isso que sabes.
Ela percebeu a condenação e a desconfiança nos seus olhos. Contudo, não podia dizer nada para provar que fora apenas uma intuição. Encolheu os ombros.
– Se tu o dizes…
Sem se aperceber, Nessa pousara a mão no cavalo e estava a acariciar-lhe a cabeça. Quando Barbier a agarrou, ela deu um salto, assustada com a eletricidade que a percorria cada vez que aquele homem se aproximava demasiado. Tentou escapar do seu contacto, mas ele segurava-a com firmeza. Enchendo-a de calor.
– O que é isto? – perguntou ele, segurando-lhe a mão com a palma para cima.
Nessa baixou o olhar para as suas mãos avermelhadas e cheias de bolhas depois de alguns dias de trabalho árduo. Humilhada ao pensar que ele pensaria que era uma prova de que não estava habituada a trabalhar, afastou a mão de repente.
– Não é nada – replicou e recuou para a saída. – Agora, tenho de ir. A minha meia hora de descanso acabou – acrescentou e foi-se embora, fazendo um esforço para não correr. Não conseguia parar de pensar no olhar de desaprovação de Barbier quando vira a sua mão. Fazia-a sentir-se envergonhada e tremendamente sensível, o que não tinha explicação.
Nessa não recordava a última vez que alguém lhe prestara tanta atenção. A irmã fizera tudo o que pudera para cuidar dela, mas não fora uma mãe para ela. E o pai estivera demasiado ocupado a afogar as mágoas em álcool.
Portanto, os irmãos e ela tinham tido de cuidar deles próprios. Talvez fosse por isso que o contacto de outra pessoa era algo a que não estava habituada. Para cúmulo, fora Barbier que tocara nela, algo ainda mais inconcebível. Ela não tinha nenhuma ligação emocional com