A amante do italiano. Diana Hamilton

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A amante do italiano - Diana Hamilton Sabrina

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lhe acontecera nada igual, era sempre ele quem punha fim aos seus ocasionais romances, mas permitindo que o previssem com algumas semanas de antecedência. A separação acontecia de forma amistosa, ele expressava algum pesar cortês e presenteava generosamente a respectiva menina, com um carro, com jóias ou com uma viagem exótica, conforme preferisse.

      Mas nunca desta maneira. Nunca!

      E nunca antes dele estar preparado para aceitar o fim!

      Bateu com o copo vazio no couro que protegia a sua secretária, e lançou um olhar esquivo às lombadas dos livros das estantes, mas sem as ver. Tinha de haver alguma forma de se libertar da raiva que lhe percorria o corpo como uma torrente ensurdecedora, e pelo amor de Deus, de onde saiu aquela proposta de casamento? Porca miseria, a sua cabeça estava a desvairar! Não percebia de onde saíram aquelas palavras, mas ela simplesmente ignorou-as, a sua delirante proposta não provocou nem um pestanejo nas suas fabulosas pestanas.

      Cerrou os punhos e apertou os dentes até sentir dor. Muitas mulheres teriam morto as suas próprias avós, para ouvirem aquelas palavras sair dos lábios dele!

      Bianca Jay limitou-se a olhar para ele, como se ele nem sequer existisse, e a afastar-se!

      Ninguém, absolutamente ninguém, humilhava assim Cesare Andriotti sem pagar por isso!

      Franziu as sobrancelhas de ébano, ao ritmo de uma imprecação grosseira em italiano, depois, tentando controlar-se, inspirou profundamente para recuperar a calma, mas sem o conseguir.

      Desde o primeiro momento, que achou que Bianca Jay tinha de ser sua. Não foi simples, mas acabou a conseguir o que queria, embora, por alguma razão, com ela era tudo muito mais complicado do que um simples desejo carnal.

      A linda e esquiva Bianca começava a intrigá-lo. Na cama partilhavam uma magia abrasadora, mas fora dela, Bianca mantinha-se à distância, não se deixava conhecer.

      Recusara, sem qualquer entusiasmo, ir viver com ele e, embora a relação deles tivesse um caracter quase permanente, deixou claro que não aceitaria nenhum dos presentes com que ele pretendesse obsequia-la, não falava do seu passado nem da sua família, mudando de assunto sempre que ele puxava a conversa.

      Cesare gostava de saber como é que ela chegara à mulher que era, mas respeitava a sua necessidade de intimidade e refreava o seu crescente desejo de desvendar os seus mistérios, bem como evitava as evasivas que faziam parte da relação deles.

      Impaciente, serviu-se de outro uísque, aproximou-se da secretária e tirou de uma gaveta um pequeno caderno, que folheou até encontrar o número que procurava.

      O que sucedeu nessa noite, fez mudar as regras do jogo e respeitar a intimidade dela já não fazia parte.

      Descontraindo no confortável cadeirão giratório, pegou no telefone. A raiva que lhe escurecia os olhos transformou-se em algo mais sombrio, mais duro.

      «Não te aborreças, vinga-te!».

      – Não vai resultar, pois não? – perguntou Jeanne sem dissimulações e acrescentando a terceira colher de açúcar ao café matinal.

      Vestia uma saia escocesa, uma blusa de algodão e com os seus cabelos admiravelmente arranjados, o seu aspecto reflectia perfeição: sensata, imperturbável e completamente fiel.

      Bianca respondeu com um suspiro. Antes, conseguia lidar sozinha com os excessos da mãe, as repentinas mudanças de humor, mas o episódio da sobredosagem tinha-a assustado.

      Pela primeira vez na sua vida pedira ajuda, a da sua tia Jeanne, que era viúva. O âmbar dos seus olhos ficou nublado de emoção, quando recordou a generosa oferta da tia:

      – Pode ficar comigo em Bristol, enquanto tu resolves as coisas e encontras outro sítio onde viver. Vou mudar-me para vossa casa durante umas semanas, até ela recuperar, para poder tomar conta dela enquanto estás no trabalho, porque, pelo que me contas, é melhor não estar muito tempo sozinha.

      Bianca aceitou a oferta sem hesitar, profundamente agradecida. O contrato de aluguer da casa expirava dentro de poucos meses e sem a ajuda da tia era um pesadelo procurar um andar que pudessem alugar, continuar com o seu exigente trabalho, decidir o que fazer com os móveis e haver-se com os problemas da mãe.

      Quando saiu do hospital, frágil e dependente, Helene aceitou sem contestar, mas considerando a noite anterior, era óbvio que a mãe voltara à sua dependência de homens e de álcool. Não aguentaria nem cinco minutos na pequena e humilde casinha da sua irmã, situada numa estrada tranquila dos arredores de Bristol.

      – Sabes que gosto da minha irmã, mas não posso ser responsável por ela, aliás, não é justo para nenhuma de nós – acabou por reconhecer Jeanne. – Precisa de ajuda profissional, numa dessas clínicas luxuosas onde vão as estrelas de cinema e os futebolistas.

      – Quem é que pode! – Bianca sorriu ironicamente à tia, quando lhe passou as torradas, e serviu-se dum café quente e bem forte. – Recusa-se a visitar o médico de família, principalmente porque não aceita que tem problemas, mas provavelmente aceitaria ir para uma clínica privada, porque acharia positivo para a sua imagem! Infelizmente, não podemos dar-nos a esse luxo – acrescentou, bebendo um gole da aromática bebida.

      – Não resta nada do que recebeu depois da separação?

      – Isso esfumou-se há anos – Bianca encolheu os ombros com um gesto cansado. A mãe gastara a indemnização do divórcio em roupas de estilistas famosos, em intermináveis festas e enormes provisões de álcool.

      – Podes pedir ao teu pai para pagar o tratamento. Segundo dizem ele está milionário e, se a tua mãe está assim, a culpa é dele – Jeanne barrou uma enorme quantidade de manteiga na torrada. – Sabes, eu costumava ter inveja da minha irmã mais nova. Quando se casou com Conrad Jay, achei que ela tinha tudo, uma fortuna que ultrapassava qualquer cálculo, ainda que fosse dinheiro «novo», mas também não se pode querer tudo. Com o poder financeiro, compraram a entrada nos mais restritos círculos sociais. Ela era lindíssima e eu um camafeu, mas agora estou contente por as coisas terem sido assim, porque se nunca foste atraente, não ficas amargurada quando começas a deixar de ser. E como eu estava a dizer, acho que deves pedir ajuda ao teu pai – acrescentou, dando uma vigorosa dentada na torrada.

      – Não – a negação foi instintiva. Jeanne franziu imediatamente o sobrolho e Bianca dispôs-se a explicar a sua aparente teimosia.

      As duas irmãs mantiveram ocasionalmente o contacto durante todos aqueles anos, telefonando ou escrevendo, mas cada uma viveu a sua própria vida e havia muita coisa que a tia não sabia! Helene curtia a ressaca da noite anterior e o seu dramático desenlace, quando atirou de encontro à parede da sala a chávena de chocolate quente que a irmã lhe ofereceu «para acalmares» e sofreu um ataque de histeria. Era uma boa oportunidade para falar com a tia.

      – Só vi o meu pai uma vez, quando tinha doze anos. Foi na noite de fim de ano e ele estava de visita a Londres, porque já nessa altura vivia nos Estados Unidos. Ele quis ver-me, embora até essa data não tivesse manifestado o mais pequeno interesse por mim. Fui ao hotel dele, cheia de ódio, não pela falta de interesse dele em mim, mas pelo que fez à minha mãe – recostou-se na cadeira, tentando lembrar-se. – Na semana anterior tinha acontecido qualquer coisa a Helene, da qual já não me lembro, mas tinha começado a beber, e num aborrecimento que teve comigo, disse que já tinha idade para conhecer o sem vergonha do meu pai.

      Ela tinha vinte e um anos quando se casaram. Durante

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