Malícia de Mulher. Barbara Cartland
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Sir Joshua pareceu hesitar um pouco.
—Lembra que, quando comprei esta casa, há quatro anos, você e sua mãe ficaram muito admiradas por eu ter escolhido um pequeno lugar como este no campo, quando podia muito bem comprar alguma coisa bem maior e mais imponente?
—Sim, lembro de mamãe ter comentado esse assunto. Lembro também que você disse que gostaria muito de morar aqui, mas nunca nos disse por quê.
—Escolhi esta casa porque ela pertencia a Merlyncourt.
—E o antigo Marquês gostava muito de você, papai?
—Ele gostava muito daquilo que eu podia lhe dar. Era um jogador, Lucretia, e todos os jogadores precisam de amigos ricos.
—Quer dizer que você lhe dava dinheiro?
—Emprestava— corrigiu Sir Joshua.
—Então, foi assim que o convenceu a vender esta casa e a terra que durante tantas gerações pertenceu à família dele?
—Sim, foi assim que consegui. Também incluí no trato, dois cavalos meus que o Marquês queria muito. Um deles, você deve lembrar, ganhou o Derby e o outro teve ótimo desempenho em Newmarket. Teriam feito ainda mais, se o dono não os tivesse vendido.
—Mas por que fez tudo isso, papai?
—Porque, minha querida, eu queria que você se tornasse a Marquesa de Merlyn.
—Quer que eu case com o atual Marquês?
—É um jovem muito agradável. Tem muita classe e posição que eu queria para a minha filha. Além disso, todos gostam dele, o que também é muito importante.
Lucretia desviou o olhar para o jardim.
—Não posso acreditar, papai, que você planejou tudo isso quando eu tinha apenas catorze anos.
—Catorze anos, sim, mas sempre a minha única filha. A pessoa que, depois de sua mãe, eu mais amo neste mundo.
—Mas como é possível que se escolha um marido para alguém, pelo muito que se ame essa pessoa? Primeiro, eu posso não gostar do Marquês, que nunca sequer vi; depois, estou convencida, papai, de que ele não tem a menor vontade de casar comigo.
—É aí que se engana. Tenho sido esperto, muito esperto, Lucretia!
Falou com uma satisfação infantil que ela conhecia muito bem. Uma das coisas que mais a enterneciam no pai era que não conseguia resistir a se gabar um pouco daquilo que conseguia. Ficava ansioso pela aprovação da filha, sempre que fechava um bom negócio, descobria uma antiguidade para a casa ou que um dos planos que arquitetava meticulosamente dava certo!
Lucretia não conseguiu deixar de sorrir, ao dizer:
—O que foi que você andou fazendo, papai?
—Quando resolvi que você devia casar com o Marquês, sabia muito bem que seria difícil. Ele tem reputação de conquistador e frequenta a sofisticada sociedade que gravita em torno de Carlton House. Uma sociedade que não receberia de bom grado uma garotinha de sua idade!
—Já me disseram isso— murmurou Lucretia, lembrando da conversa que acabava de ter com Elizabeth.
—Sabia muito bem que, se quisesse que o Marquês andasse atrás de você, teria que jogar as cartas com muito cuidado.
—Que cartas?
—Eu tinha dois trunfos— respondeu Sir Joshua, com um olhar maroto—, o primeiro era dinheiro e o segundo era Jeremy Rooke!
—Jeremy Rooke? O que ele tem a ver com tudo isso?
Sir Joshua riu. Foi uma risada de garoto travesso.
—Fiz com que a sociedade e o próprio Marquês acreditassem que você está prestes a anunciar seu noivado com ele.
—Elizabeth me disse, esta manhã, que as pessoas estão falando sobre nós! Papai, como pôde fazer uma coisa tão inacreditável? Sabe que eu preferiria morrer, a casar com Jeremy Rooke!
—E eu preferiria vê-la dentro de um caixão do que casada com aquele porco!
Lucretia olhava para o pai, completamente desconcertada. Ele continuou:
—Mas o que você e eu sentimos a respeito de Rooke não é nada, comparado com o que sente a própria família dele. Sei que o Marquês já pagou as dívidas do primo dúzias de vezes! E sei também que a Condessa de Brora não quer nem ouvir falar o nome dele! Nenhum parente tem uma palavra agradável a seu respeito.
Fez uma pausa e terminou, triunfante:
—É por isso, minha querida, que a ideia de ele vir a ser o senhor de Dower House é insuportável para todos eles!
—Então acredita que para salvar a propriedade de Jeremy Rooke, o Marquês vai me pedir em casamento?— gritou Lucretia—, papai, essa é a ideia mais absurda que já ouvi em toda a minha vida.
—Não é tão absurda assim, porque, há apenas meia hora, recebi uma carta do Marquês. Pede para nos encontrarmos para tratar de um assunto que interessa profundamente a nós dois.
—Ele disse isso?
—Escreveu. Já pensou, Lucretia, que é a primeira vez que ele dá sinal de saber da minha existência?— riu—, ora, eu sabia muito bem o que estava fazendo, quando tentava convencer o velho Marquês. Ele me devia muito dinheiro e, como haveria de precisar de ainda mais, o único jeito de pagar era me deixar ficar com a casa e os quinhentos acres! Para a família Rooke, isto tudo é sagrado, e devem ter ficado furiosos.
—E você não se importou com isso?
—Sabia que não teria nenhuma consequência. Eu estava aqui, era o dono, estava praticamente com um pé na porta! Por mais que o atual Marquês possa ter feito para me evitar, não conseguia esquecer que eu existia. Assim, quando conheci Jeremy Rooke, percebi que o destino o havia colocado em minhas mãos.
—Imagino que ele também quis dinheiro— comentou Lucretia sarcástica.
—Não só queria, como estava desesperadamente precisando! Mas eu não me excedi em generosidade. Um pouco aqui, um pouco ali, mas a isca principal com que eu lhe acenava era a hipótese de casar com minha única filha, que receberia um esplêndido dote ao casar e toda a minha fortuna, quando eu morresse.
—Continue— disse Lucretia, bem devagar e muito pálida.
—Sabia que essa ideia ia horrorizar o Marquês e a família. Como vê, Lucretia, eu estava avaliando corretamente a situação. O Marquês veio me procurar! Vou estar com ele esta tarde, e aposto o que você quiser como pedirá sua mão em casamento.
Lucretia levantou e foi até a lareira, ficando de costas para o pai. Não disse nada. Passado um momento, ele perguntou: