Malícia de Mulher. Barbara Cartland
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—E acredita que algum homem pode realmente separar você de tudo quanto possui?
Respondeu, triste:
—Acha mesmo, papai, que nenhum homem poderia... me amar... apenas por mim mesma?
—Acho que muitos homens vão amá-la, minha querida. Mas tem que lembrar que, mesmo sendo rico como sou e sua mãe sendo nobre por nascimento, nós ainda não conseguimos entrar na sociedade onde a quero ver brilhar! Você ainda é muito jovem, e o passaporte da maioria das mulheres para a sociedade é, inevitavelmente, o casamento.
—Eu... gostaria... de me apaixonar— disse Lucretia, baixinho.
—Isso é o que todos os seres humanos querem. Mas acha que poderá amar algum dos homens que conhece? Já reparei que você recusa muitos pretendentes. Alguns deles vieram pedir minha interferência e sei que nenhum deles estava realmente preocupado com você.
—E o Marquês? Pensa que ele cairá na armadilha que você armou?
—Já caiu! Ou ele aceita que o primo que odeia e despreza venha morar aqui e possua parte de Merlyncourt, ou evita isso, o que só consegue casando com você.
—Mas ele... nunca me viu.
—E nunca tentaria ver, se eu não tomasse a iniciativa. Esperava que o acaso nos pusesse em contato com o Marquês, ou talvez com a irmã, enquanto moravam aqui. Mas, assim que o velho Marquês morreu, percebi que eles me evitavam. Consideravam uma ofensa eu ter dado o dinheiro de que o pai precisava tanto, e o fato de ter obtido a propriedade em troca disso ainda aumentou mais o meu crime.
—Foi uma atitude muito pouco elegante da parte deles— disse Lucretia, irritada.
—Não, não foi. Compreendo perfeitamente o ponto de vista deles. Aprendi a não esperar gratidão de ninguém, e você sabe muito bem que as pessoas não gostam dos muito ricos. Apenas os invejam ou bajulam.
—Que cinismo, papai.
—É a maneira mais sensata de encarar os fatos. É por isso que lhe peço, como uma moça inteligente que é, que os aceite. Pode continuar como é, sendo assediada pela plebe do condado, esperando que a qualquer momento apareça o príncipe encantado que a convença de que está apenas interessado em seu rosto bonito, e não na fortuna que possui!— a voz de Sir Joshua endureceu—, mas espero que seja bastante esperta para analisar sua situação imparcialmente e perceber que merece coisa melhor!
—E acha que vou admirar e considerar o Marquês?
—Estou certo disso! Primeiro, porque foi um aluno brilhante em Oxford; segundo, porque ouvi os elogios que o Comandante do seu regimento e Lorde Wellington lhe fizeram. O Príncipe de Gales, que não é nenhum bobo no que se refere a arte e cultura, tem o Marquês no maior apreço; tanto quanto a Charles James Fox. Isso é muito significativo, Lucretia! Os homens inteligentes, procuram a companhia de iguais!
—Você está pintando um quadro muito atraente, papai— disse Lucretia, com um tom de ironia.
—Quando vir o Marquês esta tarde, saberá que não estou exagerando.
—Você está convencido de que vou aceitar esse plano ultrajante! E se ele não quiser casar comigo?
—Nesse caso, não forçarei mais nada, prometo. Mas ele vai querer, sim.
Lucretia olhou para o jardim. O sol de abril estava encoberto momentaneamente por nuvens. Parecia que ia chover, e um vento forte espalhava por todo lado flores das amendoeiras que circundavam o gramado.
No céu cinzento apareceu subitamente uma revoada de pombas brancas que pousaram no telhado da casa. Formaram um quadro de uma beleza estranha, que Lucretia interpretou como uma mensagem simbólica.
Lentamente como se fossem forçadas, as palavras saíram de seus lábios:
—Muito bem papai, concordo com o que... sugeriu. Mas não estarei aqui esta tarde. Vou para Londres.
—Para Londres?
—Sim, papai. Quero comprar algumas roupas para ficar o melhor possível, antes de encontrar o Marquês. Você entende?
O pai olhou para ela, um pouco intrigado.
—Acha que é sensato, Lucretia?
—Acho que o que vou fazer é muito sensato. Vai confiar em mim, papai, como eu... confio em você?
Ele sorriu, com os olhos cheios de ternura.
—Você é tudo que tenho para amar no mundo inteiro. E estou grato por confiar em mim no momento mais importante de sua vida.
Lucretia deu um profundo suspiro.
—Diga ao... Marquês que estou muito honrada por ele ter me escolhido. Combine o casamento para a última semana de maio e assegure-se de que ele não tente me ver antes de eu voltar.
Sir Joshua levantou.
—O que está pretendendo fazer, Lucretia?
—Não deve fazer perguntas, papai! Mais tarde, conto-lhe o meu segredo. Na verdade, só você poderá ficar sabendo. Mas não tenho a menor intenção de deixar que o Marquês me veja como sou agora.
—Por quê? O que significa tudo isso?
Lucretia deu um beijo no rosto do pai.
—Vai saber, quando chegar a hora. Por favor, faça o que eu disse.
Antes que o pai pudesse dizer alguma coisa, ela saiu da biblioteca e ele ouviu sua voz pedindo que trouxessem a carruagem para a porta da frente.
Uma vez no quarto, Lucretia não chamou a criada imediatamente. Ficou se olhando no espelho como se fosse para uma estranha, reparando primeiro nos grandes olhos que pareciam brilhar mais do que de costume; traduzindo uma excitação especial. Eram uns olhos muito bonitos. Um par de olhos azuis irlandeses. Não um azul-pálido e transparente, mas escuro e tempestuoso, como o mar, antes de um temporal.
O cabelo de Lucretia era negro, emoldurando o rosto oval, muito bonito, com um nariz pequeno e uma boca doce e carnuda. Mesmo assim, ela olhava para o espelho, aflita, pensando na preferência do Marquês por mulheres sofisticadas como a Duquesa de Devonshire e Lady Hester Standish.
Era compreensível que, vivendo ao lado de Merlyncourt, tivesse ouvido todos os mexericos sobre o mais falado, bonito e disputado jovem da alta sociedade. E agora sabia, instintivamente, quase inconscientemente, que sempre havia suspeitado das maquinações do pai.
Lembrava de ter sentido uma enorme curiosidade sobre o Marquês, desde o primeiro momento em que pisou em Dower House e viu os telhados de Merlyncourt despontando através das árvores.
Tinha ido sozinha muitas vezes para o bosque que ficava atrás da casa, onde, de seu posto de «vigia», como chamava, podia ver Merlyncourt em todo seu esplendor. Toda aquela beleza a deixava encantada e sentia que, de uma maneira qualquer que não