Batalha de amor - Uma dama para o cavaleiro. Margaret Moore
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O barão estudou a sua oponente, consciente de que não havia necessidade de empunhar uma arma convencional. Para uma mulher orgulhosa como ela, o melhor ataque seria, sem dúvida alguma, a humilhação. Estranhamente, ele sentiu uma ponta de pesar por ter de ser daquela forma. Mas teria de ser; ele batalhara e sacrificara-se durante tempo demais para permitir que alguém, qualquer pessoa, lhe viesse corromper o poder.
– O que é que está aqui a fazer? – perguntou, com a calma controlada que os seus inimigos tinham aprendido a temer.
Os servos e arrendatários trocaram olhares e murmúrios ansiosos. Etienne notou que Josephine, que aguardava pacientemente a uma curta distância, observava a jovem com simpatia. O sorriso de Philippe de Varenne desaparecera, e sir George, pela primeira vez na vida, exibia uma expressão sombria. Apenas Donald e Seldon continuavam a aparentar indiferença.
– Esta é a minha casa – respondeu Gabriella Frechette.
– Não, já não é – retorquiu Etienne, serenamente.
Etienne detectou um brilho de contrariedade nos olhos de Gabriella e viu-a enrubescer. Não sentiu, contudo, qualquer sensação de triunfo; nunca achara gratificante vencer uma mulher numa batalha de palavras.
– Milorde, se me permite – interveio sir George, com uma leve expressão de censura. – Ajudarei lady Josephine com a bagagem.
– Como queiras – respondeu Etienne, dizendo a si mesmo que a desaprovação de George não tinha sentido. Com uma graciosa mesura, Josephine segurou o braço de George e ambos se dirigiram para a parte central da construção, onde ficava a entrada do salão. Os demais membros do séquito seguiram o exemplo e dispersaram-se, à excepção de Philippe de Varenne.
– Onde está o meirinho? – quis saber Etienne, desviando momentaneamente a atenção de Gabriella.
Um homem baixo e atarracado, de rosto redondo, saiu do meio da multidão que restara como uma flecha lançada por um arco, colocando-se diante do barão numa atitude que combinava humildade, auto-importância e medo.
– Sou Robert Chalfront, milorde – anunciou, num tom de voz estridente. – Sou o meirinho deste castelo há dez anos.
Etienne olhou para Gabriella Frechette e percebeu imediatamente que ela não gostava daquele homem, embora se esforçasse para não o demonstrar. Com a sua experiência, Etienne tinha a certeza de que ela detestava o meirinho. No entanto, Robert Chalfront estivera ao serviço do pai dela durante dez anos. Era um facto interessante e, talvez, uma vantagem adicional para Etienne.
– Podes continuar no cargo, Chalfront – declarou ele, tomando a decisão naquele exacto instante. – A continuidade da tua presença aqui, facilitará a transição do meu regime.
Um murmúrio abafado espalhou-se pelo pátio; se era de aprovação ou não, não interessava a Etienne.
Chalfront não reprimiu o suspiro de alívio que lhe escapou dos lábios enquanto se curvava diante do barão.
– Eu servi-lo-ei com todo o prazer, milorde. Dou-lhe a minha palavra. O capataz encontra-se aqui, e o lenhador, e...
– Espero nada menos do que tenho direito, de ti e de todos – interrompeu Etienne. – Quanto ao capataz e aos demais, vejo-os noutro dia. Agora, fala-me sobre o filho do conde.
Gabriella deu um passo em frente, com um brilho de desafio no olhar.
– Barão, não acha que este não é o lugar adequado para conversar sobre esse tipo de assunto?
Etienne olhou para ela durante um segundo, com a expressão séria.
– Não me recordo de me ter dirigido a si.
Um forte rubor coloriu o rosto de Gabriella e, depois de uma breve hesitação, ela baixou o olhar. Etienne virou-se novamente para o meirinho.
– Responde à minha pergunta, Chalfront – ordenou, imperturbável.
– Milorde, o actual conde de Westborough está...
– Já não existe nenhum conde de Westborough – observou Etienne.
– Sim... bem, milorde... Bryce Frechette encontra-se em algum lugar na Europa, no momento, e...
– Em que lugar da Europa?
– Ninguém sabe, milorde. Naturalmente, tentámos localizá-lo quando o conde adoeceu, mas foi impossível encontrá-lo.
Etienne ouviu pacientemente os detalhes que já conhecia. Só queria saber como é que os habitantes locais interpretavam a atitude infantil do filho do seu falecido amo. Era óbvio que Gabriella não condenava o irmão.
– Ele não disse para onde ia? – insistiu Etienne.
Chalfront pigarreou e olhou de soslaio para Gabriella, cujo rosto estava em chamas.
– Ele... hum... saiu de casa um tanto... de repente, milorde – confessou Chalfront. – Depois de uma discussão com o pai. O conde disse que não queria saber para onde é que ele fora. Quando ficou claro que o estado de saúde do conde era grave, lady Gabriella enviou alguns homens atrás do irmão. Infelizmente, quando eles voltaram sem notícias, o conde já estava morto.
– Esse Bryce Frechette... o que é que achas que ele faria ao saber da morte do pai? – indagou Etienne.
Chalfront olhou rapidamente para Gabriella.
– Eu não saberia dizer, milorde. Ele é um jovem rebelde. Impetuoso, mimado. A opinião geral é que foi melhor assim... quero dizer, ele ter-se ido embora. Apesar de que é muito triste ver um filho discutir daquela maneira com o pai.
– Tu achaste melhor ele ter-se ido embora – protestou Gabriella, indignada. – Ficaste bem contente porque não tinhas mais ninguém aqui para te vigiar, além do meu pai acamado! Ninguém que pudesse descobrir a tua desonestidade!
– Desonestidade?! – gritou Chalfront, enrubescendo violentamente.
– O meu procurador examinou os relatórios da contabilidade do castelo Frechette e não encontrou qualquer irregularidade – declarou Etienne, convicto de que a acusação de Gabriella provinha do ódio e do despeito. Tinha a certeza absoluta de que Jean Luc, o seu procurador de há muitos anos, teria percebido se houvesse alguma irregularidade nos registos financeiros do castelo. – E não quero ter de lembrar, mais uma vez, que você só deve falar quando eu lhe dirigir a palavra – acrescentou o barão, com calma, mas com firmeza.
Ao contrário do que ele esperara, Gabriella recuperou rapidamente o autocontrolo. Os olhos dela ainda flamejavam, mas era evidente que era uma jovem capaz de controlar as emoções, quando necessário. Uma qualidade rara numa mulher, e, certamente, inesperada.
– Por que é que não se casou? – perguntou Etienne repentinamente, tentando desconcertá-la. Quando Gabriella não respondeu, ele insistiu. – E então?