Batalha de amor - Uma dama para o cavaleiro. Margaret Moore
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Ele saiu do salão a passos largos, seguido, poucos segundos depois, por Seldon.
– Precisavas de ter dito aquilo, Philippe? – criticou George. – Seldon era praticamente um jovem, quando cometeu aquela asneira.
– Ele ainda é um imbecil – resmungou Philippe, servindo-se de mais vinho.
George ergueu o cálice.
– Que tal um brinde às mulheres, em geral? – sugeriu.
Philippe ergueu o cálice e bebeu, colocando-o na mesa quando o barão DeGuerre se levantou. Os dois cavaleiros observaram, em silêncio, quando ele murmurou alguma coisa a Josephine de Chaney, cujo rosto não traiu emoção, e depois se encaminhou para as escadas e desapareceu de vista.
– Um de nós vai divertir-se, esta noite – balbuciou Philippe, com um olhar lascivo.
– Acho que também me vou levantar. Tu estás a ficar bêbedo, e a deixar de ser uma boa companhia.
Philippe bebeu um longo gole de vinho e observou, em silêncio, enquanto George se afastava. Não se importava com o que o outro pensava. Eram todos cobardes, curvando-se e arrastando-se diante do barão DeGuerre. Tampouco se importava com o que pensava o barão, reflectiu, bebendo mais alguns goles de vinho. O homem era mortal, como qualquer outro, e nem mesmo nascera em berço de ouro!
Por que é que as mulheres não viam isso? Por que é que sempre o ignoravam, ele que era um homem nobre, dotado de tantas qualidades, e só se engraçavam pelo barão? Os outros que pensassem o que quisessem, ele tinha a certeza de que era essa a intenção de Gabriella Fechette. Afinal, ela não passava de uma mulher. Uma mulher bonita, atraente, sem um parente do sexo masculino para a proteger. O que ele não daria para estar no lugar do barão, naquele momento!
Mas o barão que tivesse o trabalho de amansá-la. Ele, Philippe, podia esperar.
Três
Gabriella esfregou as palmas húmidas das mãos na saia, conforme andava de um lado para o outro, no quarto dos seus pais, a tentar acalmar-se. Cada minuto parecia uma hora, enquanto ela esperava ver o barão surgir na porta do quarto, repetindo para si mesma, quase em pânico, que ele não lhe faria mal.
Se pelo menos Bryce estivesse ali! Ele salvá-la-ia. Não teria medo de enfrentar o barão, se fosse necessário. Bryce era predisposto a uma luta, quer fosse com o pai, com Chalfront, com o capataz, ou com os mercadores de tecidos. Gabriella perdera a conta às vezes que agira como mediadora, nas discussões do irmão. Mas a sua arte diplomática parecia não funcionar quando se tratava do barão DeGuerre. O que é que acontecera? Ter-se-ia ela sentido segura demais, por causa do próprio orgulho e do apoio dos servos?
De qualquer forma, Gabriella nunca imaginara que o barão impusesse a sua autoridade através de meios tão baixos. Ela ainda não conseguia acreditar. Mais uma vez amaldiçoou-se pela própria falta de tacto. Custava ter baixado a cabeça ou ter-se mostrado amedrontada, diante dele? Pelo menos, não ter sido insolente?
Talvez se ela se mostrasse mais submissa, agora, ele a dispensasse. Gabriella ajoelhar-se-ia diante dele e pediria perdão; faria qualquer coisa para salvaguardar a sua honra, que era a única coisa que lhe restava na vida.
Ela pressionou as mãos frias contra o rosto em chamas. Por que é que ele estava a demorar tanto? Por que é que não vinha logo e acabava de uma vez com aquela tortura?
Talvez fosse de propósito. O estômago de Gabriella contraiu-se. Ela caminhou até à janela e contemplou a paisagem iluminada pelo luar prateado. Aquelas terras tinham pertencido à sua família, até ao dia em que o seu pai deixara Chalfront assumir o comando.
Chalfront! Gabriella cerrou os punhos, num gesto inconsciente. Odiava o meirinho com a mesma intensidade que odiava o barão... Com toda aquela conversa fiada sobre ajudar, prestar assistência, sendo que ela sabia que era ele o culpado pelos problemas financeiros do seu pai. Ele devia ter ficado bem satisfeito, ao vê-la ser humilhada pelo barão DeGuerre.
A porta abriu-se abruptamente, batendo contra a parede, quando o barão entrou, uma figura impressionante, alto, com a túnica preta, os cabelos castanhos a tocarem-lhe nos ombros naquele estilo pagão, e um brilho demoníaco reflectido nos olhos azuis pela chama tremeluzente da tocha que ele trazia na mão que colocou no suporte, na parede.
Gabriella recuou nas sombras, tentando, desesperadamente, esconder-se.
O barão olhou ao redor do quarto, até avistá-la. Com um sorriso furtivo, que as sombras lançadas pela chama da tocha tornavam quase grotesco, ele fechou a porta, trancando Gabriella no quarto consigo.
– Vem cá, Gabriella – murmurou, com a voz baixa, mas num tom de comando.
Aquele era o momento de pedir misericórdia, pensou Gabriella, em pânico, dizendo a si mesma que deveria ajoelhar-se, implorar, suplicar.
O orgulho, porém, sobrepôs-se, e apesar do pavor que a dominava, ela não foi capaz de se rebaixar a um gesto tão humilhante.
Com o sobrolho franzido, o barão começou a desamarrar a túnica. Diante de uma Gabriella atónita e emudecida, ele tirou a vestimenta pelo pescoço e deixou-a cair, numa pilha disforme, no chão.
O peito dele era musculoso, recoberto de pequenas cicatrizes; os ombros eram largos, os braços fortes, a cintura estreita; os quadris esbeltos e as longas pernas eram delineadas pelas calças justas de malha.
Com o olhar fixo em Gabriella, ele caminhou até à cama e sentou-se.
– Vem cá e tira-me as botas, Gabriella.
Ela não se moveu.
– Vem cá e tira-me as botas! – repetiu o barão, levantando um pé calçado, como se não admitisse uma recusa.
Gabriella deu alguns passos em frente, alerta, e à procura de um meio de escapar. Com o coração aos pulos, segurou a bota do barão, como se fosse descalçá-la, porém, num movimento brusco, mandou a perna dele para o alto com toda a força e correu para a porta.
Gabriella não foi, no entanto, bastante veloz. No segundo seguinte, o barão estava fora da cama; agarrou-lhe o braço antes que ela tivesse tempo de alcançar o ferrolho, virou-a com uma sacudidela e puxou-a para si, devorando-a com os olhos azuis penetrantes enquanto ela se debatia, numa desesperada tentativa de se desenvencilhar daqueles braços poderosos.
– Por favor... largue-me! – choramingou, num fio de voz.
– Não posso impedir uma criada de sair do meu quarto antes que ela tenha executado a sua tarefa? – perguntou ele, seco, sem tentar estreitar o abraço.
– Tarefa?! – Gabriella olhou para ele, incrédula. – É assim que você pensa? Para isso é que tem uma concubina!
Foi somente depois de falar que Gabriella se deu conta do tratamento que dirigira ao barão.
Ele, no entanto, não pareceu importar-se.
– Não preciso de uma pirralha relutante para me excitar – murmurou, largando-a e caminhando na direcção de uma mesa onde estava um cálice de vinho. – Embora