Amor italiano - Mistérios do deserto. Jennie Adams
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– Amanhã, vou buscar-te às seis horas, para irmos ao jantar no cruzeiro pelo rio Yarra. Calça uns sapatos com os quais consigas andar bem pela coberta de um barco em movimento.
– Assim o farei. Pretendo ter muito cuidado com tudo à tua volta, Luchino. Começando agora mesmo.
Bella entrou no táxi e, sem olhar para trás, indicou a sua morada ao taxista.
Luc entrou no seu carro e dirigiu-se para sua casa, e foi verificar como estava a sua filha ao chegar. Estava a dormir profundamente.
Grace…
Parecia-se tanto com Dominic quando dormia. Aproximou-se para lhe dar um beijo na testa e um sentimento de protecção apoderou-se dele.
Perguntou-se como conseguira afastar-se dela. Era uma dor com a qual teria de viver para sempre.
Suspirou e foi para o seu quarto. Na segunda-feira, Maria regressaria à sua loja. Inclusive naquele momento, talvez já tivesse regressado a sua casa e tivesse ouvido a sua mensagem no atendedor de chamadas. Se não respondesse durante o fim-de-semana, na segunda-feira iria à loja.
Sim. Tinha de se concentrar em Maria, em conhecê-la e em não ter mais contacto com Bella do que o estritamente necessário.
Viram Melbourne de um luxuoso cruzeiro. Depois de beber uma vodka, Bella começou a beber água mineral, enquanto Luc bebia vinho tinto. Ela conversou animadamente com outros convidados e, quando a noite acabou, mandou parar um táxi para que a levasse a casa.
– Boa noite – disse, com firmeza, enquanto se metia no automóvel. – Vejo-te no próximo evento social a que formos.
Disse para si mesma que não ia pensar nele até então e conseguiu até segunda-feira, quando a voz de Luc alterou o silêncio momentâneo que havia na loja.
– Sei que não deve lembrar-se de mim, zia. Eu também não me lembro de si, mas eu gostava de a conhecer.
Bella ficou petrificada e esperou para ver que resposta Maria lhe dava.
Ao ver que não havia resposta, olhou para ver o que acontecia e viu Luc no balcão, de perfil, e Maria pálida.
– Maria? – perguntou Bella, que não parou para pensar. Simplesmente, levantou-se e aproximou-se da sua chefe para a ajudar.
Ao ouvi-la, Luc olhou para ela com a impotência reflectida na cara, o que provocou um aperto inexplicável no coração de Bella.
– Oh, Arabella, esqueci-me que estavas a trabalhar lá atrás! – exclamou Maria, sem saber o que mais dizer.
– Só vim ver se estava tudo bem.
– Sim, bom, não sei. Não esperava isto, embora talvez devesse ter… – Maria parou de falar.
– Está surpreendida por conhecer Luchino.
Não era justo, mas, só por dizer o nome dele, faltava-lhe o ar…
Então, algo chamou a atenção de Bella; a filha de Luc apareceu por detrás do seu pai, o qual a segurava pela mão. Aquilo fê-la perguntar-se se Luc realmente amaria a sua filha.
– Arabella, chegaste a tempo de ouvir o meu convite e de conheceres a minha filha – disse Luc, sorrindo a Bella. – Grace, esta é Arabella Gable.
– Olá, Grace! Prazer em conhecer-te – disse à menina, sentindo-se calma e no controlo da situação.
– Olá! Prazer em conhecê-la – disse a menina, depois de examinar Bella com o olhar, sorrindo envergonhadamente.
Arabella avisou a si mesma que não devia comover-se, mas a menina era encantadora. Notava-se que tinha mais sotaque do que o seu pai.
– Muito bem, Grace – disse Luc, pondo uma mão na cabeça da sua filha.
Aquele gesto deixou claro a Bella que Luc realmente se preocupava com a sua filha, mas, ao olhar para ela, viu que a expressão da sua cara era a de uma menina infeliz.
– Luchino… e com a tua filha… – disse Maria. – Sabia… sabia que estavas em Melbourne e que tinhas aberto uma loja. Recebi a tua mensagem telefónica. Não sabia… queria… Não tinha a certeza de se devia…
– Não sabia o que esperar de mim? – perguntou Luc, encolhendo os ombros.
Fosse o que fosse o que acontecera entre Maria e a sua família no passado, parecia que ela estava muito interessada naquele parente…
– Sei que não viu nenhum membro da família durante muito tempo e não vou pedir-lhe que me explique porquê – disse Luc, com amabilidade. – Esperava que abrisse uma excepção comigo e que viesse jantar a minha casa. Eu gostaria de ter a oportunidade de a conhecer e também de que Grace conhecesse a sua tia de Melbourne.
– Oh, oh, caramba! – exclamou Maria, torcendo as mãos.
Luc aproximou-se mais do balcão e, ao mesmo tempo, ainda mais de Bella. Antes que ela pudesse inclinar-se para atrás, agarrou-lhe na mão.
– Não sei se Bella lhe terá dito, mas ela e eu temos andado a sair juntos. Conhecemo-nos em Milão há anos e, desde que vim para a Austrália, reatámos a nossa relação.
Bella sentiu-se muito culpada, mas a tia de Luc virou-se para ela, a sorrir.
– É… maravilhoso, querida!
– Na verdade, somos só amigos, Maria – disse Bella, sem pensar nas consequências. – Mas estou muito contente por você e Luchino se terem encontrado depois de tantos anos.
– É assim que lhe chamas, Arabella? Somos amigos? – perguntou Luc, avisando Bella com o olhar.
Então, aproximou-se do pescoço dela para lhe falar, num gesto aparentemente carinhoso.
– Lembra-te do acordo, Arabella, ou sofrerás as consequências se o quebrares – disse, apertando, por um momento, os seus lábios contra a curva suave do pescoço dela.
Então, virou-se e sorriu a Maria.
– Por favor, aceite o meu convite para jantar, zia. Significaria muito para nós.
– Irei. Obrigada pelo convite – disse Maria, que parecia surpreendida com a sua própria resposta, quase assustada. – Arabella pode levar-me no seu pequeno carro, para que, assim, não tenha de me preocupar com não me perder.
– Ah…! – começou a dizer Bella, a qual, normalmente, levaria Maria a qualquer lugar sem problemas, mas que não queria misturar-se no jantar privado de família. – É uma boa ideia, Maria. Mas não…
– Não queres beber e conduzir? – interveio Luc. – Muito sensato! Prometo-te que terei algo agradável para beber, mas que não seja alcoólico.
– Claro, adorarei ir! – forçou-se a dizer e a sorrir Bella, pensando que talvez não fosse uma perda de tempo, já que poderia falar com a ama e descobrir sobre o bem-estar