Pacto de paixão - Inocente no paraíso. Maureen Child
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– Faz todo o sentido, Kath. Vou casar-me com o Sean e assim conseguirei o meu fideicomisso. E depois divorciamo-nos. Simplesmente assim – Melinda deu um beijo a Danielle e sorriu quando a menina começou a dar palmadinhas.
– Casar-se, ainda que seja temporariamente, é algo muito importante. E às vezes os divórcios não são tão lineares. Tens a certeza do que vais fazer?
– Pois claro que tenho. Não haverá nenhum problema com o divórcio porque os dois obtemos o que queremos: Sean, o lote para construir o hotel; e eu, o meu fideicomisso. É o melhor que posso fazer.
– Que mundo tão estranho se casar com um estranho é o melhor que podes fazer.
– Não é um estranho. Andei a ler coisas sobre ele.
– Ah, bom, então nesse caso… – Kathy levantou os olhos para o céu. – Em vez de o teu avô te vender a quem der mais, pões-te tu no mercado.
– E consigo um preço muito melhor – troçou Melinda. – A sério, vai correr tudo bem. Casar-me-ei, conseguirei o meu fideicomisso e depois voltarei a ser livre.
– Pois.
– O Sean está de acordo, inclusive quando lhe disse que não haveria sexo.
– Ah, a coisa está a melhorar.
– Isso foi o que ele disse – Melinda ajeitou o lacinho que Danielle usava no cabelo.
– Sean que mais? Quem é o felizardo?
– Sean King.
Kathy olhou-a, boquiaberta.
– Sean King? O que aparece nas revistas? O multimilionário? O que tem o cabelo preto, os olhos azuis e um traseiro estupendo?
Rindo, Melinda tapou as orelhinhas de Danielle com as mãos.
– Kath!
– Não posso crer…
Kathy colocou o seu filho mais novo, Cameron, na cadeirinha e levantou-se para servir mais café.
– Acho que te vais enfiar num belo sarilho, querida.
– Não vai acontecer nada – insistiu Melinda, ainda que ver a preocupação da amiga lhe aumentasse a ansiedade. Era natural que Kathy reagisse assim. Tom e ela adoravam-se, de modo que um casamento de conveniência devia-lhe parecer uma loucura.
– Sean King é um homem famoso que anda com montes de mulheres.
– Sim, mas…
– É rico, giríssimo e provavelmente arrogante. A maioria dos homens como ele é…
– E dizes isso porque tu conheces muitos homens como Sean King?
– Não tenho de os conhecer pessoalmente para saber que são assim.
Melinda pestanejou.
– Sim, bom, tens razão.
Kathy tomou um gole de café, pensativa.
– Só digo que poderias estar a ponto de te meter em algo para o qual não estás preparada.
Danielle começou a remexer-se e Melinda pô-la no chão para que fosse brincar com os seus brinquedos. Kathy e ela eram amigas desde que a sua família se mudou para a ilha quinze anos atrás. Kathy tinha-se casado com um homem natural de Tesouro e Melinda era a madrinha dos seus dois filhos. A casa era um caos, totalmente diferente da elegante suite na qual ela vivia, mas aquela casinha sempre lhe parecera muito acolhedora e repleta de amor. Uma vez, ela tinha sonhado com ter um lugar assim, uma vida assim, com um marido e uns filhos. Mas esse sonho morreu com Steven um ano antes e Melinda tinha-o enterrado juntamente com o noivo.
Naquele momento, o único que queria era a sua independência e a oportunidade de viver a vida que sempre tinha desejado sem ter de dar explicações ao avô. Walter Stanford adorava-a, mas tinha por costume imiscuir-se na sua vida.
– Eu sei o que estou a fazer, Kathy.
– É o que espero – a amiga suspirou. – Bom, quando é o casamento?
– No próximo sábado. E tu serás a dama de honor.
– No próximo sábado? – repetiu Kathy, com cara de susto. – Não posso perder cinco quilos numa semana!
Sorrindo, Melinda ouviu a sua amiga falar de manicuras, vestidos e amas para esse dia.
Preocupada ou não, Kathy estaria ao seu lado, mas as advertências da amiga fizeram com que se perguntasse se estava tão certa do que ia fazer como aparentava.
Os dias seguintes passaram a toda a velocidade.
Ou pelo menos fora isso que parecera a Sean. Não viu muito Melinda, mas porque haveria de o fazer? Aquilo era só um acordo entre os dois e dedicou-se a explorar a ilha para esquecer que estava a ponto de se casar.
A construtora Stanford era pequena, mas pareciam sérios e responsáveis. Além do mais, contratar gente da ilha faria com que a invasão dos King fosse melhor vista pelos locais.
Conduziu pelas estradas da ilha, comprovando que algumas zonas de Tesouro eram ermas enquanto a maioria estava coberta de mato, flores e cascatas. Não havia aeroporto, mas Sean sabia que os seus irmãos quereriam construir uma pista de aterragem para as suas avionetas e havia uma clareira perto do hotel que serviria… se pudesse convencer Walter.
De outro modo, a única forma de chegar à ilha era ir de avioneta até St. Thomas e depois apanhar uma lancha. Se pudessem construir uma pista de aterragem, tudo seria mais fácil para os ricos clientes que pensavam atrair ao hotel.
Mas de momento, contentou-se com explorar o povoado. Tesouro era uma das ilhas privadas maiores das Caraíbas, uns três mil acres de lindas praias, flores e matas.
E o povoado era tão pitoresco que mais parecia que andava a passear por um postal. Cada loja estava pintada de uma cor diferente: azul, rosa, verde…
Havia uma imensos vasos com flores flanqueando os passeios e a vista de cima devia ser como um arco íris.
Para um homem acostumado a viver no sul da Califórnia, um lugar cheio de ruído e de gente, era como estar em Brigadoon.
Sean sorriu para si mesmo. Não conheceria esse filme se não fosse pela mulher de Lucas, que o estava a ver uma tarde, quando foi jantar a sua casa. Em troca do jantar, Rose tinha-o obrigado a ver o filme com ela.
De modo que aquele povoado mágico na Escócia, onde todos eram felizes, parecia-lhe uma comparação apropriada.
Sean deteve-se para contemplar aquela povoação tão tranquila e sentiu um arrepio ao imaginar hordas de turistas com câmaras ao ombro…
Não, era melhor assim, pensou, desfrutando do silêncio e da brisa. O vento quase constante de Tesouro evitava o calor e os insetos. E isso faria com que