Uma aristocrata no deserto - Escondida no harém. Maisey Yates

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Uma aristocrata no deserto - Escondida no harém - Maisey Yates Ómnibus Temático

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delicada.

      – Está tudo bem, Alteza?

      Bolas! Estivera tão preocupado que não vira o velho empregado que o servira desde criança e, naquele momento, esperava por ele por baixo de um dos arcos do corredor do palácio.

      Não. Nada estava bem. Com cada dia que passava sem ter um governante, o povo ficava cada vez mais agitado. O pai morrera há duas semanas, mas já havia rumores de que algumas tribos insurgentes estavam a reagrupar-se para atacar.

      Como a tribo de Al-Hajjar. No passado, as suas famílias tinham pertencido a dinastias rivais até, há dois séculos, os Darkhan terem vencido os Hajjar numa guerra brutal e, com isso, terem criado ressentimentos difíceis de apagar com o tempo. Mas Zachim sabia que o atual líder da tribo, Mohamed Hajjar, odiava o pai, não só pela história passada, mas também porque o culpava pela morte da esposa grávida há dez anos.

      A verdade era que o pai fora um tirano cruel que governara sob um império de terror e se vingara sem piedade quando não alcançava o que queria. Como resultado, Bakaan era um reino perdido na escuridão e no passado, tanto no que dizia respeito às suas leis como em relação às infraestruturas. Ia ser um desafio enorme trazê-lo para o século XXI.

      Nadir estava mais bem qualificado do que ele para esse desafio. Não só porque tinha um grande talento para a política, mas porque era o primogénito. Se o irmão ocupasse o trono, Zachim poderia dedicar-se ao que fazia melhor, alimentar e gerir a mudança com o povo.

      Já começara a fazê-lo depois de a mãe lhe ter rogado para ir ao palácio há cinco anos, quando Bakaan estivera à beira de uma guerra civil. As revoltas tinham sido encorajadas por uma das tribos da montanha, onde alguém publicara uma proclamação a detalhar todos os fracassos do rei e a incitar a mudança. A maioria das acusações contra o pai tinham sido certas, embora Zachim tivesse cumprido com o seu dever e tivesse acalmado os ânimos populares. Depois, preocupado com o estado em que o país se encontrava, deixara de lado o seu estilo de vida ocidental e ficara para mitigar os danos que o pai, cada vez mais narcisista e paranoico, causara ao povo. A morte chegara ao rei antes de ter mudado de ideias, o que fazia com que o filho se sentisse vazio por dentro. Por isso e porque o velho monarca nunca o considerara mais do que um possível sucessor ao trono.

      – Alteza?

      – Lamento, Staph – desculpou-se Zachim, afastando as lembranças, e começou a dirigir-se para a sua ala privada do palácio, enquanto o empregado acelerava o passo para o seguir. – Não, nada está bem. O meu irmão é muito teimoso.

      – Não quer regressar a Bakaan?

      Não. Zachim sabia que Nadir tinha boas razões para se recusar, mas também sabia que o irmão nascera para ser rei e que, se conseguisse superar o ressentimento, gostaria do trabalho de governar o seu pequeno reino.

      Percebendo que Staph mal conseguia segui-lo, Zachim diminuiu o ritmo.

      – Agora, tem outras coisas em que pensar.

      Nadir acabara de descobrir que tinha uma filha e estava decidido a casar-se com a mãe. Zachim surpreendera-se muito, pois o irmão nunca acreditara no amor, nem no casamento. Ele, pelo contrário, sempre desejara ter uma família para a tratar muito melhor do que o pai os tratara.

      De facto, estivera prestes a pedir a mão de uma mulher uma vez, antes de o terem chamado para o país. Amy Anderson tinha todos os requisitos que procurava numa mulher. Era sofisticada, educada e loira. O seu noivado decorrera sem complicações, embora algo tivesse feito com que Zachim repensasse as coisas. Nadir não o ajudara muito, quando o acusara de sempre ter escolhido as mulheres erradas.

      Zachim despediu-se de Staph e entrou nos seus aposentos. Tirou a roupa a caminho do duche, lavou-se com a água a arder e deitou-se na cama. Combinara encontrar-se com o irmão à hora do almoço do dia seguinte, para que pudesse abdicar diante do conselho. No entanto, esperava que Nadir recuperasse a prudência antes disso.

      Quando o som de uma mensagem vibrou no seu telemóvel, tirou-o imediatamente da mesa de cabeceira, agradecido por poder distrair os seus pensamentos. Era o seu bom amigo Damian Masters, com quem costumava fazer corridas de lanchas.

      «Tens um convite para uma festa privada no teu correio eletrónico. Ibiza. Dei o teu endereço privado à princesa Barbie. Espero que não te importes. D.»

      Ena, ena! Zachim não acreditava no destino e nos sinais, mas estivera a pensar em Amy, a princesa Barbie, como os amigos costumavam chamar-lhe. E ali estava.

      Quando abriu o correio eletrónico, lá estava a mensagem em questão.

      «Olá, Zachim, sou Amy.

      Há muito tempo que não falamos. Disseram-me que vais à festa de Damian em Ibiza. Espero ver-te. Poderemos conversar?

      Beijos,

      Amy.»

      Um sorriso malicioso desenhou-se no rosto do príncipe. Pelo tom da sua mensagem e pelos beijos da despedida, intuiu que talvez quisesse fazer mais do que conversar. Mas o que queria?

      Pensativo, entrelaçou as mãos atrás da cabeça. Talvez não tivesse pensado muito nela nos últimos cinco anos, mas o que importava? Gostaria de verificar o que sentia ao vê-la outra vez. Assim, saberia se podia continuar a considerá-la uma candidata para ser a mãe dos futuros filhos.

      Sem prestar muita atenção, enviou uma resposta curta, indicando que, se fosse à festa, falariam. No entanto, em vez de se sentir melhor, sentiu-se pior.

      Cansado dos pensamentos sombrios que ameaçavam não o deixar dormir, levantou-se, vestiu as calças de ganga e uma t-shirt e dirigiu-se para a garagem do palácio. Entrou no todo-o-terreno e, depois de se despedir dos guardas, dirigiu-se para o deserto vasto e silencioso que rodeava a cidade. Sem pensar e deixando-se guiar pelo seu ânimo inquieto, saiu da estrada e levou o carro pelas dunas, iluminadas pela lua cheia.

      Duas horas depois, atirou o bidão vazio de combustível para o banco de trás e praguejou em voz alta. Não se apercebera do tempo que passara ao volante nem de como se afastara. E ficara preso no meio do deserto sem gasolina e sem rede no telemóvel.

      Sem dúvida, o pai teria chamado a sua impulsividade de arrogância. Para ele, fora apenas uma estupidez. Não devia ter entrado no deserto dessa maneira.

      Bolas!

      Naquele momento, ouviu movimento atrás dele e, quando se virou, viu que vários homens montados a cavalo apareciam no horizonte. Estavam vestidos de preto, com os rostos cobertos pelos keffiehs tradicionais para impedir que a areia lhes entrasse no nariz e nos olhos. Assim, era impossível saber se eram amigos ou inimigos.

      Em poucos minutos, quando cerca de vinte estranhos estavam à frente dele, quietos e sem falar, Zachim adivinhou que deviam ser inimigos.

      Devagar, observou cada um deles. Talvez conseguisse acabar com dez, dado que tinha uma pistola e uma espada. Embora talvez fosse melhor tentar ser diplomático primeiro.

      – Suponho que nenhum de vocês tenha um bidão de gasolina, pois não?

      O som de movimento numa das selas de couro fez com que Zachim fixasse a atenção no homem que estava no centro do grupo, que devia ser o líder.

      – És o príncipe Zachim Al-Darkhan, orgulho do deserto e

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