Uma aristocrata no deserto - Escondida no harém. Maisey Yates
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Читать онлайн книгу Uma aristocrata no deserto - Escondida no harém - Maisey Yates страница 4
O pai parecia cansado. Os restos do jantar ainda estavam na mesa.
– O que estás a fazer aqui, menina? – perguntou ele, com o sobrolho franzido. As mulheres não eram bem-vindas no santuário privado do chefe da tribo.
Farah conteve-se para não responder que só queria cuidar dele. A sua relação nunca fora muito afetuosa.
– Ouvi dizer que sequestraste o príncipe de Bakaan – indicou, rezando para que não fosse verdade.
O pai esfregou a barba branca, um gesto que significava que estava a pensar se devia responder ou não.
– Quem te disse isso?
– É verdade, então? – perguntou ela, sentindo-se embargada pela preocupação.
– A notícia não pode espalhar-se. Amir, encarrega-te disso.
– É óbvio.
Farah não se apercebera de que Amir a seguira para dentro. Virou-se para ele e, ao prestar mais atenção, apercebeu-se de que tinha um olho arroxeado.
– Como aconteceu isso?
– O que importa?
Farah interrogou-se se fora o príncipe que lhe dera um murro, mas não indagou mais.
– Mas porquê? Como?
Amir deu um passo à frente com o rosto tenso.
– O arrogante príncipe Zachim pensou que podia atravessar as dunas com o carro a meio da noite sem ter nenhuma reserva de combustível.
– E? – inquiriu Farah, olhando para o pai.
– E capturámo-lo.
Ela pigarreou, tentando não pensar o pior.
– Porque fizeram isso?
– Porque não queremos que outro Darkhan tome o poder e ele é o herdeiro.
– Pensei que o irmão mais velho era o herdeiro.
– O miserável Nadir vive na Europa e não quer ter nada a ver com Bakaan – indicou Amir.
– Isso não vem ao caso – replicou ela, abanando a cabeça. – Não podem… sequestrar um príncipe sem mais nem menos!
– Quando se souber que o príncipe Zachim já não está disponível, o país desestabilizar-se-á ainda mais e ficaremos com o poder que sempre nos pertenceu por direito próprio.
– Pai, as guerras tribais de que falas acabaram há centenas de anos. Eles ganharam. Não achas que está na hora de deixar o passado para trás?
– Não, não me parece. A tribo de Al-Hajjar nunca reconhecerá o poder dos Darkhan e não consigo acreditar que a minha própria filha me fale assim. Sabes muito bem o que me arrebataram.
Farah suspirou. Sim, o rei recusara-se a abastecer as regiões contíguas a Bakaan com provisões médicas, entre outras coisas. Por isso, ninguém pudera salvar a vida da sua mãe grávida, o tesouro mais querido do pai. Ela nunca bastara para acalmar a sua dor.
O pai continuou a enumerar tudo o resto que os Darkhan lhe tinham roubado: terra, privilégios, liberdade. Eram as mesmas histórias que ouvia desde pequena. E, na verdade, estava de acordo com a maioria das suas acusações. O falecido rei de Bakaan fora um tirano egoísta que nunca se preocupara com o povo.
No entanto, na sua opinião, sequestrar o príncipe Zachim não era uma maneira de resolver os velhos problemas. Sobretudo, quando era uma ofensa que se pagava com a prisão ou a morte.
– Como é que isto vai melhorar as coisas e trazer a paz? – inquiriu ela, apelando ao seu sentido racional.
O pai encolheu os ombros.
– O país não terá nenhuma oportunidade com ele no trono. É muito poderoso.
Sim, Farah ouvira dizer que o príncipe Zachim era poderoso. Também ouvira dizer que era muito bonito, o que as fotografias que vira publicadas na imprensa cor-de-rosa confirmavam. Embora não se preocupasse com o aspeto dele!
– E o que se passará agora? O que fará o conselho de Bakaan?
Pela primeira vez desde que Farah entrara, o pai mostrou-se inseguro. Levantou-se e começou a dar voltas pela tenda.
– Ainda não sabem.
– Não sabem? – repetiu ela, franzindo o sobrolho. – Como é possível que não saibam?
– Quando estiver pronto para revelar os meus planos, fá-lo-ei – afirmou o pai.
Isso significava que não tinha nenhum plano, adivinhou ela.
– Além disso, não é algo de que queira falar contigo. E porque estás assim vestida? Essas botas são de homem.
Farah bateu com o pé no tapete. Esquecera-se de que não tirara a roupa velha que usava para trabalhar com os camelos. Mas, iam falar da sua vestimenta quando tinham sequestrado o homem mais importante do país?
– Isso é o menos importante…
– Não é, se eu o disser. Sabes o que penso.
– Sim, mas penso que há coisas mais… urgentes para discutir, não achas?
– As cartas já estão lançadas. Não há mais nada para discutir.
Com um ar cansado, o velho chefe deixou-se cair nas almofadas.
– Pelo menos… Está bem? – quis saber ela, com o coração apertado, temendo que lhe tivessem batido. Isso só pioraria as coisas ainda mais.
– Para além de que o maldito homem se recusa a comer, sim.
– Sem dúvida, pensa que a comida foi envenenada.
– Se quisesse matá-lo, usaria a espada – declarou o pai.
– Talvez essa seja a solução – indicou Amir. – Matamo-lo e desfazemo-nos do corpo. Assim, ninguém poderá atribuir-nos a sua morte.
Farah lançou-lhe um olhar assassino.
– Não consigo acreditar que estejas a falar assim, Amir. Para além de ser uma barbaridade, se descobrissem no palácio, dizimariam a nossa aldeia.
– Ninguém descobriria.
– E ninguém vai morrer – assegurou ela, pondo as mãos na cintura. – Irei vê-lo.
– Não te aproximes dele, Farah! – ordenou o pai. – Tomar conta do prisioneiro é trabalho de homens.
Ela mordeu a língua para não responder que o pai