Uma aristocrata no deserto - Escondida no harém. Maisey Yates

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Uma aristocrata no deserto - Escondida no harém - Maisey Yates Ómnibus Temático

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      – Vou comer – indicou ela, tensa. – Parece-te bem?

      – Gostaria de falar contigo.

      Farah sabia que estava à espera de uma resposta sobre poder cortejá-la ou não, mas não estava de humor para enfrentar a sua reação quando se recusasse.

      – Não tenho nada para te dizer por enquanto – informou ela.

      – Espera por mim lá fora! – ordenou Amir, cerrando os dentes.

      Ela sorriu para si. Nunca obedeceria às ordens dele!

      Depressa, saiu da tenda. Lá fora, o vento sacudia o acampamento, mas o céu continuava limpo. Pelo menos, não parecia aproximar-se uma tempestade.

      Decidiu não perder tempo a comer e dirigiu-se para a única tenda vigiada por guardas. Estava furiosa com o pai pelos seus atos e também estava furiosa com o príncipe, o filho do homem que devastara a sua vida para sempre ao ser o responsável indireto pela morte da mãe.

      Mesmo assim, precisava de manter a calma para procurar uma maneira de tirar o pai daquela confusão antes de fazer algo ainda pior… como ouvir os conselhos de Amir.

      Capítulo 3

      Zachim retorceu as mãos e os pés atados com cordas. Doía-lhe o estômago de fome.

      Normalmente, não era um homem fácil de zangar. Depois de três dias naquele buraco, nas mãos de uns selvagens da montanha, estava vermelho de raiva. E não era apenas por eles. Fora um estúpido por se afastar tanto da cidade sem dizer a ninguém para onde ia.

      Esfregou as cordas dos pulsos contra a pequena pedra bicuda que escondera no colo. Apanhara-a do chão quando fingira cair ao ir à casa de banho no dia anterior. Como se recusara a comer, não lhe tinham revisto as cordas e, graças a isso, conseguira ir rasgando uma das cordas a pouco e pouco. Quando tivesse as mãos livres, seria mais fácil desatar os tornozelos e sair dali.

      Apoiou a cabeça contra o poste sólido de madeira a que estava preso por uma corda à cintura. Permitia-lhe movimento suficiente para se deitar no chão poeirento, mas pouco mais. Sentia a falta da sua cama confortável no palácio! Era irónico, se pensasse que, há três dias, se sentira desesperado por sair dos seus muros.

      Devia ter cuidado com o que desejava, recordou-se, com amargura.

      Interrogou-se o que teria acontecido na sua ausência e como o irmão estaria a agir diante do seu desaparecimento. Também se questionou porque não ouvira nenhum helicóptero a sobrevoar a zona.

      Fletindo os músculos duros, tentou ignorar a fome que o embargava. Estivera em situações piores durante o seu treino no exército, embora não desejasse que alguém passasse pelo que estava a passar naquele momento. Bom, talvez só Mohamed Hajjar e o seu ajudante pomposo que pensava que era mais importante do que um rei.

      O som de passos na entrada da tenda fê-lo levantar a cabeça e esconder a pedra. Quando se abriu a porta, fingiu que estava a dormir, esperando que o deixassem a sós novamente o quanto antes.

      Alerta, ouviu o som de passos a aproximar-se. Devia ser um soldado muito leve, pensou, um peso-pluma. Alguém que podia derrubar com facilidade, se fosse preciso. Além disso, pelo seu cheiro, parecia que estivera muito tempo com os camelos.

      – Sei que não estás a dormir – declarou alguém, num tom suave e sensual.

      Bolas, aquela voz não parecia a de um soldado, pensou, sentindo que o seu corpo reagia diante do estímulo. Devagar, Zachim abriu os olhos, vencido pela curiosidade. À frente dos seus olhos, elevava-se uma figura esbelta com calças de combate e uma túnica escura por cima de uns seios pequenos e intumescidos. Levantou o olhar para uma cara feminina que não sorria.

      – E eu sei que não és um homem, embora uses roupas masculinas. Não sabia que Hajjar tinha mulheres entre os seus soldados.

      – Quem eu sou não é importante.

      Zachim observou-a com atenção. Era uma mulher de estatura pequena e bem proporcionada.

      – Quero fazer um acordo contigo – declarou ela, depois de um longo silêncio.

      «Um acordo?»

      A raiva que Zachim sentira antes, momentaneamente eclipsada pela curiosidade, ressurgiu de repente.

      – Não me interessa – indicou ele. Sabia que Nadir estaria à procura dele e, se não o resgatasse depressa, escaparia pelos seus próprios meios. Depois, faria Mohamed Hajjar pagar por o ter sequestrado.

      – Ainda não ouviste o que te ofereço.

      – Se querias chamar a minha atenção, devias ter vestido menos roupa – troçou ele, percorrendo-a com o olhar impassível. – Muito menos roupa. Possivelmente, nada, embora não tenha a certeza de que tenhas o que é preciso para despertar o meu interesse.

      Era mentira, pois, por alguma razão, a estranha já despertara o seu interesse.

      – O meu pai tem razão – replicou, indignada. – És um cão arrogante que não merece governar o nosso país.

      – O teu pai?

      Era Farah Hajjar? A filha de Mohamed? Ena, ena, que interessante, pensou Zachim, sorrindo ao ver como ela fazia uma careta, lamentando a sua precipitação impulsiva. O chefe dos seus captores enviara-a para o convencer com os seus encantos? Se era assim, ia ter uma deceção porque nunca gostara das mulheres de Bakaan. Preferia as loiras.

      – Não pensei que o teu pai continuasse a considerar-se parte de Bakaan, é uma grata surpresa saber que é assim.

      – Ele… – começou a dizer ela e fez uma pausa para se acalmar. – Se aceitares que a nossa região se separe de Bakaan, deixar-te-ei ir.

      – Vais deixar-me ir? – troçou ele, com uma gargalhada.

      Farah respirou fundo.

      – A tua família já submeteu o nosso povo durante demasiado tempo – queixou-se ela, olhando para ele nos olhos.

      Isso não era algo que Zachim pudesse discutir. Não aprovava o modo como o pai governara Bakaan e até considerara a opção de se rebelar contra ele.

      – Eu não fiz nada às pessoas de Bakaan – afirmou ele. De qualquer forma, não podia deixar que a sua região se separasse do resto, porque as outras seguiriam o seu exemplo e o país acabaria desmembrado em pequenas tribos, incapazes de defender as reservas de petróleo sozinhas.

      – Também não fizeste nada por eles – replicou ela. – Embora tenhas voltado para comandar o exército há cinco anos.

      – E quando foi a última vez que o exército atacou a vossa tribo? – defendeu-se ele.

      – Queres dizer que és o responsável pelo tempo de paz?

      – Digo que, apesar de tudo o que dizes, foi o teu pai que semeou a semente da guerra com as suas ações. Não eu – indicou ele, vendo como a interlocutora empalidecia. – É algo que deves ter em conta, linda, antes

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