Novos Começos Encantados. Brenda Trim
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Eu não tinha visitado ninguém por aqui e não fazia ideia de como as propriedades deles se pareciam por trás das paredes de plantas e arbustos, que agiam como sentinelas fornecendo-os privacidade. Chutando uma pedra, eu observei ela bater em uma barreira invisível à minha direita. Eu mal consegui desviar quando ela foi atirada de volta em minha direção.
Eu me perguntava onde Sebastian morava. Violet me disse que ele vivia perto da minha casa. Eu fiquei chocada quando decidi me aventurar no mundo da perseguição e perguntar a Aislinn e Violet quem era o cara misterioso. Não passou despercebido por mim que no momento em que o descrevi com seus olhos azuis penetrantes e corpo musculoso, ambas as mulheres sabiam de quem eu estava falando. Fiquei surpresa que elas o conheciam o bastante para se referirem a ele pela versão abreviada de seu nome. Ele não parecia do tipo que falava com as pessoas, com ninguém na verdade.
A imagem dele cruzando os braços e olhando feio para mim passou pela minha mente. Bas, como Violet e Aislinn se referiam a ele, fazia até uma carranca parecer sexy. Eu não conseguia imaginar que alguém fosse capaz de sorrir, mesmo assim aquilo não me impediu. Eu estava atraída por ele, de uma forma ou de outra. Eu não poderia negar que estava curiosa se o rosto dele suavizaria quando ele me beijasse. O quê? Não, nem em sonho!
Eu alcancei minha casa rapidamente e parei para olhar para o jardim. As ervas daninhas estavam começando a crescer, então atravessei o portão e peguei as luvas da mesa montada à minha direita.
— Droga — gemi ao ficar de joelhos. Aquilo provavelmente foi um erro. Eu nunca mais conseguiria me levantar. Sem mencionar que a dor nas minhas juntas me manteria acordada a noite toda. Enquanto eu ficava ajoelhada lá arrancando as ervas daninhas do chão, Sebastian invadiu os meus pensamentos, de novo.
Droga. Foi por isso que tinha vindo até aqui. Para ter uma distração.
Agarrando as teimosas ervas daninhas, puxei uma atrás da outra enquanto forçava minha mente a focar na atividade que estava fazendo. Infelizmente, fazia muito tempo desde que eu tinha sido de alguma forma beijada ou tocada. Desde que o Tim morreu, nenhum homem tinha despertado o meu interesse. E certamente nunca tinha ficado tão atraída a ponto de querer levar um para a cama.
Estava acostumada a viver com essa parte de mim morta e enterrada. Porém, ver Sebastian parado lá com sua carranca tinha mudado algo em mim. Agora meu corpo estava desperto e não me deixava ignorar minhas necessidades.
Sentando-se para trás em meus tornozelos, eu fechei meus olhos e suspirei, tentando expulsar aquele calor latejante de dentro de mim. Era algo do qual eu tinha ficado muito boa em fazer durante o período em que Tim ficou doente. O som de algo agitando a água me assustou e eu fiquei de pé com um pulo. — Merda! — gritei quando meus joelhos começaram a reclamar na mesma hora. Ficar velha era uma merda.
A visão de flores desabrochando nas vitórias-régias apagou qualquer pensamento sobre meu corpo rangendo. Manquei até o portão e passei por ele apressadamente. O que diabos eu fiz? E… como? Eu já tinha feito pequenas coisas acontecerem algumas vezes na vida, mas nada neste nível.
A lagoa era pelo menos uns nove metros de comprimento e uns sete metros e meio de largura, e coberto por vitórias-régias que agora tinham deslumbrantes flores brancas nelas. Minha mente se recusava a acreditar que eu era a responsável pelo aparecimento delas.
Eles tinham que estar à beira de florescer antes. Era um dia ensolarado e brilhante. Os raios tinham que ter persuadido os botões a abrirem. Só que não havia nenhum botão antes, ou qualquer indício deles. Parada ali, minha boca escancarada em descrença, não havia outra explicação já que elas definitivamente não existiam momentos atrás.
Tirando as luvas, eu as coloque na mesa, depois entrei e lavei minhas mãos. O que deu início a um frenesi de limpeza. Lavei as bancadas, depois me mudei para as portas do armário antes de passar para despensa. Aquele ping estúpido começou em minha cabeça novamente.
Aquilo estava drenando as minhas forças e eu já estava perdendo o gás quando finalmente terminei de limpar a cozinha e fui para a sala de estar. Antes de dar o dia por encerrado, eu tinha que rearranjar os móveis para que ficassem do jeito que eu gostava. Quando meu marido morreu há alguns anos, aprendi que não havia necessidade de manter a casa da mesma maneira para homenagear a sua memória. Eu o amava, mas ele tinha partido. Não importava se eu mudasse a posição dos móveis ou comprasse novos que ele teria odiado. Eu ainda o amaria. Nada nem ninguém, poderia mudar esse fato.
Minhas costas protestaram quando empurrei o sofá para a parede oposta e o ping ainda estava me deixando louca. Minha avó tinha arranjado tudo ao redor da lareira. Não havia nada melhor do que uma lareira acesa no inverno, mas eu planejava criar um lugar que eu pudesse assistir televisão quando a minha chegasse na próxima semana.
Não havia TV a cabo em Cottlehill Wilds, mas havia internet. Graças a Deus pelo streaming. Tinha contratado um plano família quando Emmie começou a faculdade para que ela tivesse algo para acessar sem ter que pagar por isso.
Quando mudei a namoradeira de lugar, dei um passo para trás e odiei o novo arranjo. A mesa de centro não se encaixava com a disposição dos outros móveis. Abri a porta do lado da casa e empurrei a mesinha de madeira para o lado de fora. Voltando, eu gemi para a bagunça que eu tinha feito.
As dores evoluíram para agonia e eu mal conseguia me mover. Hora de tomar banho. Pegando uma garrafa de vinho e meu e-reader, eu praticamente engatinhei pelas escadas e entrei no meu banheiro. Eu precisava de uma pausa e tinha que fazer algo para parar aquele maldito ping.
Andando até a banheira de modelo antigo, com pezinhos em formato de garras e tudo, eu liguei as torneiras e tampei o ralo. Minha avó tinha vários potes cheios de líquido em uma prateleira de madeira no banheiro. Eu tinha jogado fora os que tinha um perfume que me lembravam dela e deixei o resto. Derramando um pouco de um líquido que cheirava a jasmim e maçã, virei-me para tirar minhas roupas e congelei.
Mancando até a janela, meus olhos se arregalaram quando vi Sebastian parado perto do cemitério da família. Um segundo depois eu estava correndo escada abaixo, apesar dos meus joelhos protestando.
Mas quando cheguei lá fora, ele não estava em lugar nenhum. Eu fiquei lá e virei em um círculo e depois xinguei. O que diabos ele estava fazendo aqui de novo? Se ele queria falar comigo por que ele foi embora? A boa notícia era que o ping finalmente parou.
Eu não tinha ideia de como encontrar Sebastian, então voltei para dentro. Quando ouvi o barulho de água no andar de cima, lembrei que tinha deixado a torneira da banheira ligada. Eu tropecei na minha pressa para subir, tinha abusado muito do meu velho corpo hoje.
Cheguei ao banheiro bem na hora em que a água quente começava a transbordar. Fechando a torneira, eu puxei a tampa do ralo e permiti que vários centímetros fossem drenados. Checando a janela para ter certeza que ninguém estava me observando eu puxei a camisa sobre minha cabeça, depois tirei meus sapatos e meias, em seguida, o resto das minhas roupas.
Céus, era delicioso afundar na água perfumada. Minhas dores diminuíram e peguei meu dispositivo e abri o último livro que estava lendo. Pensando bem, não era à toa que eu gostava tanto de histórias envolvendo criaturas paranormais e fantasiosas. Era parte de quem eu sou.
Eu me perdi na história até a água esfriar. Com um suspiro, pousei minha taça de vinho no chão e me levantei. Tive o prazer de descobrir que meus joelhos e costas me suportavam sem muita reclamação. Quaisquer que fossem aqueles óleos, eles tinham que ter poderes mágicos. Um banho nunca tinha me feito sentir tão bem assim antes.