Marido e mulher. Lindsay Armstrong
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– Uma mulher?
Lee rangeu os dentes perante aquele comentário.
– Claro que sou, o que não sou é um encontro. Ouça, o que não gosto é que me trate com condescendência.
– Bem pelo contrário – disse Damien arrastando as palavras. – Desfrutei da minha comida mais do que tinha imaginado, graças a si. Por isso, o mínimo que posso fazer é convidá-la.
Lee olhou para ele sem saber o que dizer. Os seus verdes olhos espelhavam confusão.
– A sério?
– Dou-lhe a minha palavra.
– E por que é que desfrutou tanto?
– Você é uma caixa de surpresas – contestou Damien, encolhendo os ombros. – Gosto de si. Mas não discutamos mais sobre quem paga – terminou e levantou-se.
Mas Lee tardou uns instantes em fazer o mesmo, porque, enquanto observava a imponente figura de Damien Moore, um pensamento surpreendeu-a, algo que quase lhe tirou o alento: podia uma mulher apaixonar-se por um homem enquanto comiam num restaurante?
Às duas horas da madrugada, Lee desistiu de tentar dormir e preparou uma chávena de chá. Ainda estava surpreendida e sem poder compreender o pensamento que a tinha assaltado, justamente antes de sair do restaurante. De onde surgia? O que o tinha propiciado? Se apenas tinha visto aquele homem duas vezes!
Mas apesar de poder encontrar respostas para aquelas perguntas, de que é que serviria? Interrogou-se.
Nada mudaria o facto de que tinha ficado sem palavras, enquanto saiam para o exterior e ele lhe perguntava onde tinha estacionado. Ela apontou para o carro e Damien escoltou-a até ele.
Agradeceu pela refeição e combinaram encontrar-se dois dias depois para falarem com Cyril Delaney, mas a espontaneidade tinha-a abandonado. Só estava consciente do homem que tinha a seu lado.
Tinha desfrutado da comida e da companhia muito mais do que tinha imaginado, porque ele tinha feito um esforço visível para lhe agradar.
Mas, por outro lado, seria tão surpreendente que ele provocasse aquela sensação nela? Que rapariga não teria sentido o mesmo com um homem de imponente figura, atraente e encantador?
Aí estava o problema, pensou Lee. Ela era apenas mais uma da longa lista, sem dúvida alguma.
Suspirou e decidiu que a última coisa que devia fazer era permitir que Damien Moore pensasse que tinha razão como no primeiro dia no seu escritório. Mentalmente pensou que aquela era a segunda vez em que ficava alerta.
– Está melhor?
– Sim. Obrigado – disse Lee aguardando o lenço.
Estavam num hotel próximo da casa de Cyril Delaney e ela estava a beber um conhaque.
Apesar de não ter desatado a chorar à porta da casa de Cyril, não tinha dúvidas de que tinha os olhos carregados de lágrimas e estava profundamente consternada. Até ao ponto que Damien teve de a meter no carro e tinha procurado aquele café tranquilo.
– Lamento – disse ela, bebendo o seu conhaque. – Além do desgosto, sinto-me culpada. Parecia tão velho e frágil… não acredito que tenha sido ele, mas acusei-o – disse e ficou muda. Moveu a cabeça em sinal de desespero.
– Entendo – murmurou Damien. – Mas tens razão. Não pode ter sido ele, embora não o soubesses.
– Então, quem foi? – inquiriu ela, olhando-o fixamente. – E por que é que tive a sensação, no último momento, de que algo do que disse o fez parar para pensar?
Damien olhou para o seu copo pensativamente e franziu a sobrancelha.
– A mim também me pareceu, mas… – interrompeu, encolhendo os ombros. – Talvez nunca saibamos quem foi.
– E, agora, o que fazemos?
– Só podemos fazer uma coisa: passar o caso para a polícia.
– Disse-lhe que já o tentei.
– Sim, mas agora sabemos que a pessoa que fez o contrato utilizou um nome falso. Isso poderia ajudar.
Lee não respondeu.
– Se quiseres eu faço isso – ofereceu-se Damien.
Ela olhou para ele e sorriu. Ao mesmo tempo, um dos últimos raios de sol entrava pela janela e formava uma aureola de luz à volta da sua cabeça. Ainda estava pálida, reparou Damien, por isso a mágoa notava-se mais.
Lee cruzou os braços e inspirou profundamente.
– Obrigado. Mas a verdade é que não posso continuar a pagar os seus honorários, por isso faço-o eu mesma, senhor Moore.
– Chama-me Damien – contestou ele. – Não te preocupes, não te vou cobrar.
– Não quero caridade. Mas obrigado de qualquer forma.
– Não podes fazer nada para me impedir.
Ela olhou para ele fixamente.
– O que queres dizer? – perguntou Lee com cautela.
– Os cidadãos têm a obrigação de denunciar delitos graves. E é isso que farei – contestou ele e encolheu os ombros. Além disso, algo no olhar disse a Lee que não aceitaria um «não» como resposta. – Assim, não precisas sentir que me deves algo, Lee.
Ela abriu a boca para discutir, mas ele sorriu de forma tão sincera que sentiu perder todas as suas forças e não conseguiu pensar em mais nada.
– Solucionado – disse Damien e olhou para o relógio. – Se te sentes melhor, levo-te até ao carro. Ainda não está tudo perdido, Lee. – acrescentou depois de olhar fixamente para ela, por um momento.
– Estás a fazer isto tudo porque Cyril te pediu que cuidasses de mim? – perguntou ela. – E por que é que disse isso?
Damien arqueou uma sobrancelha.
– Quem sabe? Eu diria que admirava a tua valentia e sentiu pena das dificuldades dos teus avós. – acrescentou depois de hesitar por um instante.
Damien levantou-se e Lee fez o mesmo. Parecia aturdida.
Enquanto passava uma mão à volta do braço de Lee e saíam dali, Damien Moore analisou aquele momento de dúvida e apercebeu-se de que não tinha a certeza de que o que acabara de dizer, fosse toda a verdade.
Pareceu-lhe que depois das afirmações de Cyril, enquanto se iam embora, havia algo mais. Pareceu-lhe que tomava uma decisão em relação a Lee e a ele próprio, mas não imaginava do que se tratava.
A não ser que… Cyril se tivesse apercebido do ligeiro sentimento de protecção que ele, Damien, tinha começado a sentir pela sua cliente.
Uma