Desatinos do coração. Julia James

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Desatinos do coração - Julia James Sabrina

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      Capítulo 2

      Tia estava num estado de felicidade completa enquanto a água quente lhe caía pelo corpo, formando espuma com o champô e o gel que encontrara no cesto de produtos de banho de aspeto muito caro na cómoda da casa de banho. Nunca desfrutara de um duche tão delicioso.

      Quando saiu com o cabelo tapado por uma toalha e outra toalha à redor do corpo, sentiu-se renascida. Ainda não tivera tempo para se focar no que estava a acontecer porque tudo lhe parecia como um conto de fadas. Um príncipe que a deixava com falta de ar trouxera-a para ali.

      Era incrivelmente bonito. E muito amável. Podia tê-la deixado perfeitamente na calçada com a mala estragada e ter-se afastado sem se preocupar.

      Mas não o fizera: Levara-a para casa. E como podia dizer que não? Em toda a sua vida confinada e aborrecida, dedicada ao cuidado da sua pobre mãe e de outros, quando acontecera uma coisa dessas, exceto nas suas fantasias?

      Tia ergueu o queixo e olhou-se ao espelho com decisão. Não sabia o que estava a acontecer, mas ia desfrutar do momento.

      Virou-se e tirou a toalha da cabeça, deixando que o cabelo húmido caísse livre. Depois, procurou desesperadamente entre a roupa para encontrar alguma coisa que fosse melhor do que umas calças de ganga velhas e uma camisola larga. É claro que não tinha nada nem remotamente adequado, mas, pelo menos, melhoraria um pouco. Talvez não conseguisse parecer uma princesa de conto de fadas, mas esforçar-se-ia ao máximo.

      Quando regressou àquela sala antiga e palaciana, dirigiu diretamente o olhar para a figura que parecia relaxada no sofá. Meu Deus, não podia ser mais bonito.

      Tirara o casaco do fato formal e afrouxara a gravata. Desabotoara o colarinho da camisa e os botões de punho.

      Levantou-se.

      – Já estás aqui. – E sorriu. – Senta-te e desfruta do teu café.

      Anatole apontou com a cabeça para o lugar onde pusera um prato de bolos que tirara do congelador e, depois, descongelara no micro-ondas. Agora, cheiravam deliciosamente.

      – Estás a dieta ou posso tentar-te? – perguntou, num tom amável.

      Anatole observou como corava novamente. Talvez não devesse ter usado a palavra «tentar». E, se Tia corava porque se sentia tentada, sem dúvida, ele também. E por uma boa razão…

      Mudara de roupa e, embora continuasse a ser roupa barata, melhorara muito. Vestira uma saia vaporosa de algodão com desenhos índios e uma t-shirt azul-turquesa que mostrava muito melhor a sua figura do que a camisola larga que tinha antes. E lavara o cabelo, que lhe caía solto e frisado por cima dos ombros. Já não tinha os olhos vermelhos e deixara de parecer uma menina abandonada.

      Sentou-se no sofá e as mãos tremeram ligeiramente quando agarrou na chávena de café que Anatole lhe servira, murmurando um agradecimento.

      Bebeu-o depressa com a esperança de que lhe acalmasse os nervos agitados e os olhos dirigiram-se outra vez para Anatole. Ao olhar para ele, percebeu que também a observava com um sorriso desenhado nos lábios. Era um sorriso que lhe causou um arrepio.

      – Come um bolo – convidou, aproximando o prato.

      O cheiro a canela atingiu-a, recordando-lhe que não tivera oportunidade de comer durante o dia. Agarrou num com muito cuidado, aterrorizada com a ideia de deixar cair migalhas no tapete.

      Anatole deslizou o olhar pelo seu rosto bonito em forma de coração, os olhos tão azuis, a curva delicada das sobrancelhas e o cabelo frisado.

      Era linda. Olhar para ela deixava-o com falta de ar. Consultou o relógio. Eram quase sete. Podiam beber uma taça de champanhe no terraço, mas seria melhor encomendar o jantar primeiro.

      Agarrou no computador e procurou a página que usava sempre para encomendar o jantar. Depois, virou o ecrã para Tia.

      – Dá uma olhadela e diz-me o que queres jantar – pediu. – Vou encomendar.

      Ela abanou a cabeça imediatamente.

      – Ah, não, para mim não, obrigada. Estes bolos chegam-me.

      – Bom, para mim, não – redarguiu Anatole, num tom amável. – Vá lá, dá uma olhadela. De que tipo de comida gostas? E não me digas que gostas de piza, chinesa ou indiana. Estou a falar de comida gourmet.

      Tia olhou para as opções da página com os olhos esbugalhados. Não entendia a maioria.

      – Queres que escolha por ti? – perguntou Anatole, ao perceber o seu dilema.

      Ela assentiu, agradecida. Ambos se tinham inclinado para a frente para ver o ecrã e Anatole sentiu o cheiro fresco do corpo dela. A única coisa que tinha de fazer para tocar nela era levantar a mão e deslizá-la por aqueles caracóis, passar os dedos pela nuca e puxar a boca suave para a sua…

      Endireitou-se bruscamente e entreteve-se a fazer o pedido. Depois, fechou o computador. Chegara o momento de ir buscar o champanhe.

      Voltou uns instantes mais tarde com uma garrafa e duas taças na mão. Aproximou-se de uma porta de vidro e abriu-a.

      – Vem ver a vista – convidou.

      Tia levantou-se e seguiu-o para o terraço que era percorrido por uma balaustrada de pedra. Ainda estava confusa. Ia mesmo jantar com ela? Beber champanhe com ela? O coração acelerava só de pensar nisso.

      Quando saiu, sentiu-se aconchegada pelo ar quente da noite. O sol ainda não se escondera por trás das copas das árvores do parque que havia mais à frente. O terraço era um pequeno oásis de plantas frondosas em vasos enormes de pedra.

      – Oh, isto é lindo! – exclamou, com naturalidade. O rosto iluminou-se.

      Anatole sorriu e sentiu uma pontada de prazer ao vê-la tão contente. Deixou as taças de champanhe numa mesinha de ferro ladeada por duas cadeiras.

      – Um refúgio ajardinado – disse. – As cidades não são os meus lugares favoritos, portanto, quando me vejo obrigado a estar nelas, gosto de estar em sítios o mais verdes possível. Essa é uma das razões por que gosto das águas-furtadas: Têm terraços.

      Anatole abriu a garrafa de champanhe e, depois, passou-lhe uma das taças vazias.

      – Mantém-na ligeiramente inclinada – pediu, enquanto a enchia até meio. Depois, fez o mesmo com a dele e olhou para Tia. Era muito bela e, por alguma razão, isso despertou nele um instinto de proteção.

      Algo bastante estranho nele. Não costumava acontecer-lhe com as mulheres.

      – Yammas – brindou, levantando a taça. – Significa «saúde» em grego.

      – Ah, portanto, és grego! Sabia que devias ser estrangeiro pelo apelido, mas não sabia que… – Ficou corada. Teria parecido uma mal-educada? Londres era incrivelmente multicultural. Não havia razão para dizer que era estrangeiro – Lamento. Não queria dizer…

      – Sim, sou estrangeiro – confirmou ele, num tom cordial. – A minha nacionalidade é grega. Mas trabalho muito em Londres porque é um centro financeiro muito importante. Vivo na Grécia.

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