Artesãos E Tecnomantes. Katherine McIntyre

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Artesãos E Tecnomantes - Katherine McIntyre

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olhou de soslaio para ele, a mão dela vagando com perigo perto de sua pistola.— Se não vai ajudar, pelo menos me poupe do som da sua tagarelice.

      Ele sorriu, passando por algumas tábuas quebradas do chão no que parecia ter sido uma sala de estar quando o local era uma moradia. Uma luz rançosa era filtrada pelas janelas quebradas, mas as sombras envolviam o resto do lugar. Com base nas marcas retangulares no piso de madeira, móveis já compuseram a decoração, mas os ladrões devem ter feito uma festa na residência assim que foi abandonada. Além do farfalhar silencioso dos passos deles, nenhum outro som se seguiu. Nem os gemidos dos viciados, os murmúrios de invasores ou quaisquer outros sinais de que alguém habitava este lugar.

      Theo deu um passo mais para dentro do cômodo principal da casa, parando no meio, onde só restava poeira.

      — Entregue a sucata. Vamos encontrar esse seu autômato. — disse ela, gesticulando para que ele avançasse com a brusquidão de um chicote.

      Silas deixou a mochila escorregar do ombro e cair no chão. Ele se agachou antes de pegar os pedaços de cobre que havia escondido. Quando esticou o metal para entregá-lo, ela havia aberto um mapa. O papel fez barulho quando ela o esticou no chão empoeirado, enviando partículas ao redor. Precisou admitir, por mais que a criticasse por seu desempenho de má qualidade, ele nunca a vira praticar tecnomancia de perto. Durante os projetos em que o trabalho de ambos chegou a se cruzar, ele entregava o produto e a deixava com seus dispositivos. No entanto, ela desenvolveu uma grande reputação entre a comunidade de artesãos devido à sua habilidade.

      Theo se agachou na frente do mapa de Londres, direcionando o foco intenso para as marcações intrincadas. Em uma das mãos, ela agarrava os quadrados de cobre que haviam sobrado da criada mecânica, aqueles com sua marca pessoal de artesão. Ela pressionou os outros dedos no mapa à sua frente e fechou os olhos. O anel condutor ao redor do dedo dela começou a brilhar, os metais brilhavam como se estivessem sendo derretidos em uma forja. O fogo-fátuo se juntou no ar devido à condensação pesada como resultado da magia que ela invocava, e ele quase podia sentir o gosto do resíduo oleoso.

      Alguns tecnomantes eram grandes potências, lançando suas habilidades com a sutileza de uma bola de demolição. Theo empregava uma abordagem diferente, a elegância e economia de seus movimentos mantendo-o fascinado.

      As pontas dos dedos dela patinaram pela superfície do mapa como se fossem compelidas. Ela não apenas balançou um pêndulo sobre a superfície e apontou para um ponto. Não. Sua magia dirigiu seus dedos por uma rua, depois outra, seguindo um caminho e padrão bastante específicos por toda Londres. O anel condutor começou a zumbir em torno do dedo, emanando poder enquanto ela canalizava tais habilidades para encontrar a máquina perdida. Rajadas de vapor percorriam a sala como um subproduto.

      Os olhos dela permaneceram fechados enquanto as pontas dos dedos corriam pelo papel, percorrendo uma trilha predeterminada. Aqueles lábios lilases pressionados pela concentração, e seus longos cílios escuros em plena exibição contra a pele canela. A rendição absoluta em seu rosto enquanto canalizava a magia inerente era o tipo de beleza que ele nunca seria capaz de tirar da cabeça. Silas deveria ter deixado que fizesse a busca sozinha. Ele sabia que não devia ficar perto de Theo, a presença dela mexia com sua cabeça.

      — Pronto. — disse ela, quebrando o silêncio que se instalara na sala destruída. O dedo indicador dela pousado em um ponto de Camden Town. — O autômato deve estar nesse local.

      Silas se inclinou com uma caneta em mãos e marcou o local no mapa.

      — E o que sua irmã pode estar fazendo na cidade vizinha? Os espreitadores com quem ela anda ficam perto das fronteiras de Islington.

      A expressão séria de Theo cintilou por um instante enquanto uma vulnerabilidade brilhava nas profundezas de seus olhos cor de chocolate. — Não sei. Nos últimos dois anos em que trabalhou com eles, só fez trabalhos em Islington. As gangues são muito territoriais.

      A mudança de ares não era um bom presságio para Ellie, nem para o autômato dele, mas Silas há muito aprendera a controlar as próprias expressões faciais. Ele sorriu.

      — Com medo de um pequeno passeio pela cidade, Theo? Posso entender se a viagem for muito angustiante para uma senhora como você.

      Ela lançou um olhar ácido para ele, a preocupação fugindo de suas feições para ser substituída por sua irritação habitual. Bom. Ele preferia distraí-la por enquanto.

      — Se alguém tem dificuldade para caminhar pela cidade, é você com seus sapatos da moda, Silas. — Theo rebateu. — Precisou quebrar as costas de cinco servos para pagar essas coisas?

      — Sua inveja está devidamente anotada. — disse ele, levantando-se e espanando as calças na altura dos joelhos; ele se inclinou e estendeu a mão. — Agora continuemos com essa caça.

      Ela aceitou a mão dele, embora a olhasse como se ele tivesse se revestido de veneno. Não que ele a culpasse, ele sempre fora um idiota com ela. Silas havia se tornado tão talentoso em esconder seus sentimentos que muitas vezes se esquecia de onde estava sua verdadeira lealdade. A mão macia dela se encaixava tão bem na dele, e o toque da pele dela fez a mente dele vagar para lugares inadequados.

      Theo foi para a porta, as tábuas do piso rangendo sob seus passos enquanto ela dobrava o mapa para colocá-lo de volta no bolso. Apesar da preocupação com a irmã brilhando viva em seus olhos, ela caminhava com convicção a cada passo. Embora ele tivesse suas próprias preocupações quanto a recuperar a criada mecânica, eram insignificantes em comparação com o amor de Theo por sua irmã, Ellie. As duas garotas apoiavam a mãe doente desde que o pai as abandonou. Embora Theo tivesse seguido o caminho respeitável, e Ellie tivesse escolhido ir à ilegalidade, cada centavo era usado para cuidar da mãe.

      Theo nunca aceitaria a ajuda dele. Ela o via como um traidor das ruas em que nasceu por dar as costas quando teve a primeira oportunidade. Mesmo assim, ele ansiava por tirar um pouco do fardo dos ombros dela, ajudar a mulher que sabia resolver os problemas da família com uma força que ele não podia deixar de admirar.

      Silas enfiou os polegares nos bolsos das calças e a seguiu para fora da construção em ruínas, de volta às ruas de Islington. A jornada para Camden Town pode não ser formidável, mas prometia problemas de qualquer maneira. Porque quanto mais tempo ele passava na companhia dela, mais a máscara que ele usava rachava.

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