Suicídio Policial: Guia Para Uma Prevenção Eficaz. Dr. Juan Moisés De La Serna

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Suicídio Policial: Guia Para Uma Prevenção Eficaz - Dr. Juan Moisés De La Serna

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é suficiente para lidar com determinado problema, principalmente nos casos mais graves de saúde mental. Portanto, a saúde mental da população será em muitos casos uma adição ao estresse gerado no trabalho policial, e isso sem levar em consideração que o próprio agente pode estar sofrendo algum problema nesta área, seja um transtorno de depressão, ansiedade ou outro.

      Deve-se ressaltar que nem todos os óbitos que parecem ser suicídio serão, já que existem os acidentes, por exemplo, as pessoas que manuseiam armas, podem sofrer um acidente com elas, e igualmente realizar uma conduta arriscada que pode levar que um acidente pareça suicídio, que é mais frequente entre os adolescentes, porque quando se pensa em condutas de risco, geralmente se pensa nos comportamentos mais extremos, como dirigir em alta velocidade, ou praticar Bungee Jumping, mas igualmente arriscados para a saúde são os menos evidentes, como o consumo excessivo de tabaco, álcool ou outras drogas, mas será que os comportamentos de risco podem ser evitados?

      Isto é precisamente o que foi investigado na Universidade de Oviedo (Espanha) (Lana, Baizán, Faya-Ornia, & López, 2015), com um estudo no qual participaram 275 estudantes de graduação em enfermagem, todos eles foram avaliados quanto ao seu nível de Inteligência Emocional utilizando a Escala de Inteligência Emocional padronizada por Schutte (Salovey & Mayer, 1990), e a conduta de risco, esta entendida como o consumo de tabaco, álcool, drogas ilegais, assim como a realização de dietas pouco sudáveis, se apresentavam ou não excesso de peso, se eram sedentários ou não, seu grau de exposição ao sol, e a prática de relações sexuais sem proteção, além de coletar dados sociodemográficos e de satisfação com a vida.

      Os resultados mostram que aqueles estudantes que mostraram níveis elevados de Inteligência Emocional têm menos condutas de consumo excessivo de álcool, não seguindo dietas pouco saudáveis e mantendo relações sexuais sem proteção; e, ao contrário, os que mostravam níveis mais baixos de Inteligência Emocional tinham condutas de risco em termos de maior consumo de álcool, seguindo dietas pouco saudáveis e mantendo relações sexuais sem proteção. Não foram obtidas diferenças significativas nas condutas de risco de consumo de tabaco ou drogas ilegais, excesso de peso, sedentarismo ou grau de exposição solar em função do nível da Inteligência Emocional. Os autores apontam os benefícios de ter altos níveis de Inteligência Emocional quando se trata de gerenciar adequadamente a pressão do grupo, principal elemento em condutas como o consumo de álcool. Os resultados parecem claros quanto à conveniência de educar os mais novos para que tenham uma Inteligência Emocional desenvolvida, pois isso ajudará a prevenir futuras condutas de risco e evitar os acidentes que acarretam, às vezes que levam a situações que lembram suicídio; no caso da polícia constatou-se que os agentes homens dos 26 aos 34 anos são os mais propensos a apresentar condutas de risco (Walterhouse, 2019).

      Outra variável que pode ser analisada no que se refere ao pressuposto de condutas de risco é o gênero, portanto, tradicionalmente se considera que os homens tendem a correr mais riscos do que as mulheres, mas existem evidências científicas que sustentem isso?

      Quando se pensa em meninos, eles geralmente são considerados mais dinâmicos em termos de atividades físicas e também de risco do que as meninas, tanto é que os meninos são os que estatísticamente mais sofrem acidentes domésticos, seja por entrar em lugares errados ou por “tocar no que não devem”, apresentando um maior número de condutas exploratórias, por outro lado, as meninas tendem a se envolver em atividades menos físicas e mais intelectuais, que envolvem leitura ou conversar com colegas e adultos, e portanto, têm “menos risco” de sofrer qualquer tipo de acidente doméstico ou de outro tipo. Tendência que parece manter-se na adolescência, onde os jovens apresentam um maior número de ações que colocam a sua vida em risco, seja para “se exibir” na frente das meninas ou para “se destacar” competindo com outros meninos. Por outro lado, as jovens tendem a “se destacar” em outras áreas, como as intelectuais, pelas roupas que vestem; ou em atividades recreativas, como dançar.

      É justamente nesta fase da vida que há um maior número de condutas de risco, devido à falsa crença de que nada lhes vai acontecer e, por outro lado, é o momento em que ocorrem mais acidentes, sejam eles de trânsito, ou de outro tipo. Atitudes que ao longo do tempo vão “relaxando”, embora se mantenham ao longo da vida, basta ver como tradicionalmente existem profissões majoritariamente masculinas associadas a uma maior atividade física, ou a condutas de risco, seja no campo do esporte ou do entretenimento; por outro lado, as mulheres há muito ocupam uma porcentagem maior das salas de aula, obtendo melhores resultados acadêmicos em todos os níveis.

      No caso dos órgãos e forças de segurança, apesar de cada dia mais mulheres ingressarem nessas corporações, ainda há uma grande diferença entre homens e mulheres, assim, na Espanha, no caso específico da Polícia Nacional em 2019, o número de mulheres representa 14,5% dos membros da corporação, ou seja, 9.063 mulheres de 62.953 agentes (El Plural, 2019), muito atrás de países como a Estônia com 33,9%, a Holanda com 28,9% ou a Suécia com 28,8% em 2012 (Instituto de Segurança Pública da Catalunha, 2013).

      Quanto à origem e “utilidade” destas diferenças, foi identificado que se trata de um comportamento “herdado” de nossos ancestrais, onde o macho era quem deveria “sair” para caçar e enfrentar as dificuldades do mundo exterior, ao invés disso, a fêmea permaneceu dentro do “território seguro” onde havia menos perigo, o que lhe permitia desenvolver outras habilidades mais “úteis” para as funções que tinha. Essa contribuição vem sendo discutida, pois atualmente não existe uma distribuição tão marcada de papéis, como acontecia no passado, embora continuem ocorrendo, mas qual seria o motivo das diferenças na tomada de risco por gênero?

      Para responder a esta pergunta, um estudo foi conduzido em conjunto pela Universidade de Ciências Eletrônicas e Tecnologia da China, o Hospital Geral Universitário Médico de Tianjin; e a Academia Chinesa de Ciências (China); juntamente com a Universidade de Adelaide e a Universidade de Queensland (Austrália) (Zhou et al., 2014), participaram do estudo 289 voluntários com idade média de 22 anos, aos quais foram administrados 15 testes psicotécnicos, além de estudar a atividade cerebral por meio de ressonância magnética funcional (fMRI). Os resultados relacionam os dados obtidos em todos os testes, encontrando diferenças significativas entre os participantes no córtex somatossensorial secundário direito, que incluía o córtex dorsal anterior bilateral, córtex insular médio e córtex cingulado anterior dorsal.

      O estudo tenta, portanto, responder a um comportamento que até agora não tinha podido ser explicado, verificando como o comportamento diferencial entre homens e mulheres é sustentado por importantes diferenças cerebrais, que revelariam a maior tendência para assumir condutas de risco por parte dos homens.

      Com base nesses resultados, era de se esperar que houvesse uma taxa maior de suicídio entre policiais homens e mais jovens, que também apresentariam condutas de risco, para verificar isso, os dados obtidos junto à Associação Reformista Policial são utilizados em seu Estudo e Análise Complementar do Plano de Prevenção ao Suicídio na Polícia Nacional, onde são coletadas estatísticas sobre a incidência de suicídios nesta corporação de 2000 a 2017 separados por idade (A.R.P., 2019) ver tabela I.

Idade de 24 a 29 de 30 a 35 de 36 a 41 de 42 a 47 de 48 a 53 de 54 a 59 de 60 a 65
Porcentagem 11,84 21,71 17,11 16,45 16,45 15,79 0,66

      Tabela I. Distribuição de suicídios em função

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