Alquimistas E Incendiárias. Katherine McIntyre

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Alquimistas E Incendiárias - Katherine McIntyre

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Jack Blair significava colecionar inimigos como suas roupas colecionam buracos.

       Tentar deixar a equipe dele?

       Eu posso muito bem ter assinado minha sentença de morte.

      Belle puxou os joelhos mais contra o peito, as paredes das prateleiras fechando-se em torno dela. Se fosse claustrofóbica, poderia ser um problema, contudo, os medos dela sempre envolveram alturas. O homem que ela assustou atrás do balcão trocava o peso entre os pés, fazendo uma tentativa de normalidade, apesar da interrupção dela. Ele estava perto o suficiente para ela ter um vislumbre dele, e do cheiro de bergamota e ervas.

      O homem, esguio, usava um colete grosso cinza e uma camisa branca clara, os suspensórios combinando acentuados por um cinto preto. Os traços dele eram suaves, do queixo ao nariz, e os cabelos escuros e espessos estavam penteados para o lado. Tudo na aparência gritava limpeza.

      Belle engoliu em seco e enterrou o queixo ainda mais nos joelhos. Culpa trovejou por ela, mas com o pânico agarrando-a pela garganta, ela não ousou se mexer. A porta se abriu, e ela ouviu o tom familiar de Leonard.

      O dono da loja deslizou uma garrafa de vidro para ela e a girou.

      Belle estendeu a mão e aceitou a garrafa.

      Ele não provou, então talvez ele quisesse que ela derramasse o líquido. Era veneno? Algum tipo de gás para matá-la no local? Ela aproximou a garrafa de vidro para olhar o líquido ali, que parecia tinta.

      — Que garota procura? — o sotaque polido e educado do homem deixou claro que ele não era daqui. — Algumas já passaram na loja hoje.

      Belle agarrou a garrafa de vidro com um pouco mais de força. Ela esperava que ele começasse a suar no instante em que Leonard entrasse. Em vez disso, ele falou em um tom calmo e uniforme.

      — Ela é franzina, de cabelos escuros e uma boca suja. — Leonard se aproximou o suficiente para que ela o ouvisse com clareza.

      Suor formigava a testa dela. A qualquer segundo, ele poderia contornar o balcão e localizá-la, e ela estaria encurralada. Não havia para onde fugir.

      O dono da loja pegou uma sacola de ervas esverdeadas secas e continuou a despejá-las na balança.

      — Não vejo ninguém há algum tempo. Estou apenas trabalhando em um novo produto. Ela passou mais cedo?

      — Nós a vimos correr para este lado. — Leonard rosnou. — Sem histórias para boi dormir. Se a está escondendo, ganhará a ira da gangue de Jack Blair, e ele não é um inimigo que queira fazer.

      O coração de Belle batia tão forte que ela não conseguia ouvir mais nada. O ruído dos sapatos de Leonard fez soar um alarme interno nela. Ela cerrou os dentes e desarrolhou a garrafa de vidro antes de derramá-la. Ela se encolheu, esperando que o líquido espirrasse no chão, mas em vez disso, uma névoa escura se espalhou diante dela, obscurecendo até mesmo os próprios membros para a vista dela. O miasma agarrou-se à pequena área onde ela se escondia, como sombras trazidas à vida.

      — Não sei o que dizer, senhor. — respondeu o lojista, sem se mover um centímetro. — Se acontecer de eu ver alguma fugitiva, a enviarei para você.

      — Então, não se importará se eu olhar atrás do seu balcão? — Leonard perguntou.

      Com base no barulho das botas dele, ele estava avançando. Belle agarrou os joelhos com mais força, sem fazer nenhum som.

      — Fique à vontade. — o vendedor continuou, o tom suave e uniforme.

      Ela controlou a respiração até que saísse mais silenciosa do que um sussurro. Nuvens negras ainda se agarravam a ela como uma teia, provocando uma leve cócega contra a pele.

      Os passos pesados de Leonard soaram e, um segundo depois, ele apareceu atrás do balcão. O homem era tão feio quanto as monstruosidades aramadas de saias que desfilavam pela parte chique da cidade, os traços grandes demais para o rosto. Ele carregava consigo o fedor de cerveja rançosa e suor pegajoso, que inundou as narinas dela imediatamente.

      Belle congelou no lugar.

      O miasma preto era um truque barato, e o menor movimento ou som poderia alertá-lo. O ex-colega de gangue estava a centímetros dela e vasculhava ao redor.

      — Está bem satisfeito? — o lojista perguntou com o mesmo tom entediado de antes. — Ou precisa verificar as gavetas também?

      Leonard soltou um grunhido ao se agachar a trinta centímetros dela.

      Ela fechou os olhos, incapaz de tolerar a chance de os olhares deles se encontrarem. Ela podia sentir a pressão do olhar dele ao examinar a área.

      — Cuidado com o tom. — respondeu Leonard, antes de se levantar. — Uma só desavença com Jack Blair, e se verá sem esta lojinha bonita, isso se tiver sorte.

      — Minhas desculpas, senhor. Não quis ofender. — continuou o vendedor com surpreendente firmeza. — Apenas não tenho como ajudá-lo em sua busca aqui.

      Leonard soltou um suspiro pesado.

      — Tudo bem, homens. — disse ele, os passos pesados batendo na direção da porta. — Vamos procurá-la na próxima loja.

      Um farfalhar soou, seguido pelo barulho da saída deles. Belle prendeu a respiração até que a porta rangeu e fechou com um baque.

      O ar escapava dos lábios em um fluxo constante, mas ela não ousou se mexer. A qualquer momento, Leonard poderia irromper de volta e localizá-la aqui, e ela não poderia se dar ao luxo de ser pega. Ela declarou a própria liberdade uma semana atrás, e desde então, mal teve um momento para si. Viu-se correndo por becos, evitando prédios abandonados, se escondendo em esgotos, qualquer coisa para escapar da gangue de Blair. Sua melhor oportunidade seria sair da cidade de barco, mas exigia uma grana que ela não possuía.

      O vendedor não tentou falar com ela. Em vez disso, ele mexeu na bolsa e continuou o trabalho na balança, colocando mais algumas garrafas de vidro no balcão. O silêncio se espalhou, tornando o ar mais espesso a cada minuto que passava.

      Belle deslizou os pés primeiro, estabelecendo as solas no chão. Ela pensou que o miasma poderia segui-la, mas a nuvem negra permaneceu no espaço onde ela o derramou. Ela se empurrou para fora do cubículo em que se amontoou. Belle se levantou e passou os braços acima da cabeça para esticar os músculos tensos. O vendedor ainda não olhara na direção dela.

      Belle pigarreou. Enquanto crescia a tentação de fugir daquele lugar, ela devia ao menos expressar gratidão ao homem. Poucos teriam feito o que ele fez, oferecer refúgio e permanecer inabalável frente aos homens de Blair.

      — Obrigada.

      Ele se virou para ela e ofereceu a mão.

      — Nate Whitfield. Prazer em conhecê-la.

      Belle lutou com o sorriso que ameaçou surgir quando ela aceitou a mão e a apertou. A palma do homem era quente, os dedos delicados. Ela não notara como era atraente ao primeiro vislumbre, mas os cabelos escuros e espessos, o nariz inteligente e os olhos castanho-escuros que não podiam ser classificados como nada além de doces a fizeram o encarar. Era óbvio que ele não era daqui.

      —

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