Atropos. Federico Betti
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“Há aproximadamente duas semanas atrás.”
“Em uma ocasião especial?”
“Não. Eu tinha acabado de chegar de uma viagem e no domingo decidimos jantar juntos. Uma pizza para nos contar um pouco as novidades.”
“E como lhe pareceu, naquele dia? Tranquila, ou tinha algo que não ia bem? Estava, por acaso, preocupada com alguma coisa?”
“Ela me contou dos telefonemas que recebia. Eles lhe davam medo, também porque não entendia de quem poderiam vir.”
“Não tinha a mínima ideia de quem pudesse ser?”
“Não.”
“Não apresentou a denúncia à polícia?”
“Não sei lhe responder.”
“Entendo.”
“Posso lhe perguntar por que está em casa a essa hora? Geralmente, neste horário trabalha-se.”
“Esta é uma semana, digamos assim, tranquila, sem viagens e quando trabalho aqui faço turnos. Até sexta-feira, vou trabalhar das duas da tarde às dez da noite.”
“Certo. Peço que fique à disposição no caso de precisarmos ainda da sua ajuda.”
“Farei qualquer coisa que possa ajudá-los a encontrar o culpado.”
“Eu lhe agradeço.”
O agente Finocchi se despediu do irmão de Lucia Mistroni e saiu de volta para a rua.
À noite, iria encontrar o tio e a prima da garota.
Marcaram se encontrar no Comando da polícia. Luigi Mistroni, a filha Laura e a esposa Antonia Cipolla foram encaminhadas para uma sala de espera e, assim que o agente Finocchi voltou, começaram a falar.
“Desculpem eu ter incomodado vocês na hora do jantar. Em todo caso, não iremos demorar”, disse o agente.
“Sem problemas”, disse o tio de Lucia.
“Estamos falando um pouco com todas as pessoas mais próximas, com maior contato de sua sobrinha”, explicou Marco Finocchi dirigindo-se ao casal. “Pretendemos reunir o maior número de informações possíveis porque poderiam nos ajudar a resolver o caso.”
“Nós estamos à disposição para lhe ajudar, pelo pouco que poderemos fazer.”
“Muito obrigado”, disse Finocchi, depois fez uma pausa perguntando a todos três se gostariam de beber algo, água, um café, mas recusaram dizendo que depois de ter terminado com a polícia, iriam jantar.
“Certo. Em primeiro lugar, poderiam me dizer como eram as relações de vocês com Lucia?”
Foi a tia responder por todos: “Boas, mesmo se não nos víssemos todas as semanas. Sabe... cada um tem seus próprios compromissos. Lucia era muito ocupada por causa do trabalho, por isso acontecia mais do que outra coisa de nos ouvir quem sabe ao telefone ou ver-nos no fim de semana.”
O marido e a filha concordaram, confirmando ao agente que o que a senhora Antonia era verdade. A outra hipótese era que, no caso em que um dos três fosse o culpado, estavam todos de acordo para se proteger um ao outro.
“Há quanto tempo não viam Lucia?”
“Eu... a algumas semanas”, disse a prima Laura. “Tínhamos ido dar uma volta no centro, em Bolonha, um sábado à tarde, para nos distrair um pouco e porque nos tinha dito sobre os telefonemas que recebia e sentia a necessidade de ficar com alguém de quem confiava.”
“Então, tinha contado também a vocês sobre os telefonemas.”
“Ela nos falou durante um almoço de família, há duas ou três semanas atrás”, explicou o tio.
“Entendo”, disse Finocchi. “Sabem se havia alguém, que vocês conheciam, que pudesse ter tido algum desentendimento com Lucia? Ou com quem tivesse pelo menos brigado?”
“Não conseguimos lembrar de ninguém”, disse a senhora Cipolla depois que tinham se consultado em voz baixa por alguns instantes.
“Obrigado. Por enquanto, diria que possa ser suficiente. Peço que fiquem à disposição. Agora, podem ir jantar.”
Saudaram-se. Pouco depois que os tios e a prima de Lucia Mistroni saíram do Comando de polícia, o agente Finocchi se preparou para voltar para casa.
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