Brincadeiras Do Desporto. Marco Fogliani
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“Espero apenas de não perder a camisola de titular, depois de tudo isso.”
Raul despiu-se e tomou rapidamente um duche. Também Ricardo decidiu de fazer o mesmo.” Podes usar o meu shampoo e as minhas coisas”, disse-lhe Raul.
Vestiram-se de novo cada um com a sua roupa civil. Aquela de Raul era notavelmente mais elegante.
“Deixo-te o meu número de celular para qualquer eventualidade,” disse-lhe Raul tirando da sua carteira um cartão-de-visita. “Não é para dar a ninguém, é o meu número superprivado. E acima de tudo confio em ti: não digas nada do que aconteceu, sobretudo à imprensa.
Caso contrário poderias estragar a minha carreira.” Tirou também duas notas de grande valor: “estas são pelo incómodo, e para a visita medica. Boa sorte.” Raul apertou-lhe a mão para despedir-se dele, e foi-se embora.
“Espera: quem nos garante de que não vai acontecer de novo?” Objetou Ricardo.
Raul parou para refletir. “Tens razão. Poderia acontecer ainda. Talvez é melhor que permaneçamos juntos por um instante. Mas procuremos de não deixar-se notar.”
Com a gola levantada para esconder-se o mais possível, Raul caminhou junto com Ricardo, embuçado no cachecol branco-vermelho encontrado enrolado no bolso do capote, e escapuliram-se para fora do estádio evitando algum encontro possível. Uma vez salvo dos adeptos e jornalistas, Raul chamou um táxi.
“Vamos para o centro: é melhor ficar longe daqui pelo menos algumas horas. Ou seja tenho uma ideia melhor.”
Chamou alguém da equipa, talvez o treinador. Com um sotaque português mais marcado – que evidentemente fazia parte da sua imagem pública, mas que querendo podia atenuar – referiu algo de um seu primo que viera para Roma, e advertiu que voltaria para a sede com meios próprios.
“É verdade que veio um teu parente ao teu encontro?”, Procurou saber o Ricardo no fim da chamada.
“Sim: és tu o meu primo de quem falava. És muito credível neste papel, não é verdade? Brincadeiras a parte, todos os meus parentes estão em Brasil. É mais de um ano que vivo sozinho na Itália; mas gosto muito deste país.”
“Sentes falta do teu pai e da tua mamã?”
“Sim, bastante; também dos meus irmãos e as minhas irmãs, cinco no total. Mas não me esqueço deles. Todos os meses mando-lhes um pouco de dinheiro. Aqui eu ganho bem, e em Brasil sobrevive-se com pouco.
Aqui está um táxi, deve ser o nosso.”
“Há um bom hotel onde paro sempre quando venho aqui. Poderíamos ir para lá, se quiseres”, propôs Raul.
“Por acaso gostas de cinema? Venho de um exame, e queria distrair-me um pouco este fim da semana. É por isso que vim para o estádio, embora dizendo a verdade nem tanto consegui relaxar-me.”
Meteram-se em risos os dois.
“Está bem. Podes escolher tu o filme e o cinema, melhor se for um pouco longe daqui. É uma ótima ideia, assim ficaremos no escuro e longe das vistas.”
Subiram o táxi, que no entanto tinha chegado, e Ricardo deu indicações ao motorista.
Saíram do cinema que estava escuro. O filme tinha sido lindo.
“Disseste que acabaste de fazer um exame?” Perguntou Raúl.
Ricardo consentiu.
“É curioso. Exatamente na noite passada sonhei a fazer um exame. Foi quase um pesadelo para mim que fiz alguns anos de escola primária. Quando despertei tinha a cabeça que explodia.”
Ricardo repensou no seu sonho estranho de alguns dias atras, quando tinha despertado com as pernas doridas.
“Mas foi um pesadelo mau”, continuou Raul, “reencontrar-me na bancada entre os adeptos que desejavam mal e pragas de todo género contra ti; ou seja, contra mim. Foi mesmo humilhante. Espero que aqueles não sejam teus amigos, e que não sejas como eles.”
“Alguns os conheço um pouco. Mas estejas tranquilo: eu não sou como eles. Ou melhor, sou um teu grande admirador. Quem sabe, talvez é por isso que aconteceu o que aconteceu. A propósito: tenho uma ideia. Vens um instante para a minha casa: vou-te mostrar algumas coisas interessantes.”
A morada do Ricardo ficava ali perto. O seu pai estava em casa e quando os viu perguntou espantado: “quem de vocês os dois é meu filho?”
“Sou eu, papá”, respondeu Ricardo. “Hoje no estádio havia um concurso para o melhor sósia da Raul Francisco. É por isso que os meus amigos me levaram. Eu e ele conseguimos vencer tão bem com mérito, com um premio de duzentos euros para cada um”, acrescentou Ricardo quase admirando de como consegui inventar boas petas, já que nunca o tinha feito.
“Certo, certo. São bem-vindos. Em relação àquilo que é o custo dos teus livros!”; pois, dirigindo-se a Raul: “contamos contigo para o jantar?”
“Com todo o gosto”, respondeu-lhe com o seu melhor sotaque português.
Ricardo deixou entrar Raúl no seu quarto. Tirou de uma gaveta algumas folhas dobradas, e começou a abri-las estendendo-as na sua cama.
“Este és tu”, disse-lhe à medida que estendia os seus pósteres, “e também este, e mesmo aquele outro. Reconheces?”
“E como é que conseguiste conservá-los? Nem a minha mãe em casa dela possui assim tantas minhas fotos.”
“Deram-mos quase sempre os meus amigos – alguns os viste hoje no estádio – para fazer-me ver o quanto nos assemelhamos. E depois tenho todos estes artigos de jornais e revistas que falam de ti. Mas na maioria dos casos dizem asneiras, quanto a mim; coisas sem importância e talvez nem sequer verdadeiras.”
Raul tornado curioso leu alguns em silêncio, de vez em quando emitindo alguns breves e expressivos comentários. Mas de repente parou de ler e largou tudo.
“À tua coleção penso que deverias juntar um outro pedaço importante.” Abriu o seu saco e tirou a camisola de jogo branco-verde, ainda malcheiroso de suor.
“Também usaste-a tu um pouco, pois ta mereces plenamente. E poderás dizer que é original, não uma réplica como muitas.”
Ricardo esteve de acordo. Começou a revistar dentro das suas gavetas. “Ancho que tenho um marcador indelével em algum lugar. Assim poderias dar-me um autógrafo e talvez também uma dedicatória, se não te importas.”
“Está bem, respondeu Raúl. Pegou o marcador do caos da escrivaninha e começou a assinar os pósteres.” Mas, se quiseres o meu parecer, esta camisete tens de lavá-la e começar a usá-la um pouco mais com frequência. Para jogar a bola, naturalmente: vi que tens realmente muito que aprender. E se o meu autógrafo descorar-se deixa-me a par da situação: a próxima vez que passo daqui o farei de novo.”
“Gostaria que fosses tu a ensinar-me a jogar”, respondeu Ricardo.
“Temo que não possa ser possível. Os meus compromissos ficam muito longe daqui. Enfim