O Testamento: O Código De Deus. Aldivan Teixeira Torres
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Manuseia o livro com mais cuidado e numa das notas adquire o contato de Renato,companheiro de aventuras do autor do livro.Sem pensar muito,decide interiormente procurá-lo pois não era tão longe a Serra do Ororubá em Mimoso-Pesqueira-PE.O objetivo era pedir ajuda,conhecer o vidente e quem sabe livrar-se dos pesos que carregava desde sempre e que se agravaram com a tragédia ocorrida.
Estava decidido!Liga para o seu chefe,avisa que vai viajar e que não sabe quando volta.Como resposta,tem toda sua compreensão e é liberado por 15 dias.Após,imediatamente começa a arrumar sua mala colocando dentro dela calças,calções,cuecas,sandálias,sapatos,camisas,meias,bonés,óculos de sol,relógio,objetos de higiene pessoal e seu inseparável álbum de fotografias.Ao término,cuida dos outros detalhes,avisa aos vizinhos que vai sair e pede que olhem um pouco o seu sítio na sua ausência,fecha a casa e a garagem e vai para a beira da rodovia Br 232 a fim de pegar a primeira lotação rumo a Pesqueira.
Como morava perto,rapidamente chega no ponto,espera cerca de quarenta minutos e finalmente consegue condução.Daí até mimoso são apenas oito minutos e gentilmente o motorista o deixa no centro,próximo á praça da vila.Desce,paga a passagem ,agradece e se despede.Começa a caminhar.
Quando se aproxima da primeira pessoa,pede orientação de como chegar á serra do Ororubá,especificamente na casa de Renato.Cordialmente,o jovem que aborda chamado Bernardo dá todas as informações necessárias para o primeiro e até se oferece para acompanhá-lo.Não querendo abusar de sua boa vontade,Philliphe o dispensa ,aperta suas mãos e agradece efusivamente.Preferia ir sozinho.
Seguindo suas orientações,segue em frente alguns metros,dobra a direita,atravessa a ponte do canal,caminha mais um pouco,adentrando num terreno particular.Já avista a famosa serra que muitos consideravam sagrada.Agora era só seguir em frente até ao sopé e subir as suas íngremes veredas.
Em quinze minutos,chega ao sopé e como não estava acostumado faz uma parada.No momento,a expectativa,a ansiedade e a inquietação tomavam proporções gigantescas com ele distraído a todo o momento envolto em perguntas.Algumas delas eram:O que o esperava?Como seria o Renato real?E a guardiã?Realmente existia?Estas e outras questões só seriam sanadas com o tempo e não adiantava ficar se martirizando.
Decide então retomar a caminhada.Começa a subir as ladeiras perigosas e a cada passo dado se sente mais determinado e preparado para tudo.Rumo ao futuro!Pensa ele.Embora as suas possibilidades de encontrar-se fossem diminutas,seria interessante uma experiência com Renato e o autor do livro "A noite escura da alma”.
Um pouco mais adiante,completa um terço da subida,para novamente por cinco minutos,retornando logo a caminhar com mais vigor.Neste instante,tudo começava a pesar um pouco mais,inclusive a mala o que exigia dele um esforço maior.Em frente sempre!Repete ele mentalmente com o intuito de se animar.A estratégia dá certo pois pelo menos se sente psicologicamente mais calmo.Avança mais.
Exatamente dez minutos depois,completa a metade do trajeto.Apesar do cansaço que se refletia no suor derramado pelo seu corpo ele não desanima,mantendo um ritmo aceitável.Continua caminhando,ultrapassando pedras,poeiras,espinhos,enfrentando o sol escaldante,a descrença , e correndo contra o tempo.E como ele corria!
Dez passos adiante sente a força poderosa da montanha,suas vozes,atuarem contra si.Inspirado na experiência do vidente,tira de letra esta etapa,comemora sua vitória e continua no percurso.Em dado instante,volta-se para trás,e observa a aglomeração urbana de Mimoso no fundo do vale.Como era linda a paisagem!Estava explicado a força,o patriotismo e a paixão da dupla da série “O vidente” a mais interessante que conhecera na literatura e que ainda prometia muito.
Philliphe continua caminhando,alguns minutos depois entra na curva perigosa do S,e apesar do nervosismo comum aos que andavam por ali,a supera.Pronto!Agora restavam apenas cem metros para alcançar o topo maravilhoso da Serra do Ororubá.O destino estava prestes a se revelar.
O trajeto restante se conclui em apenas cinco minutos e antes de dar o último passo,o viajante força uma última parada.Estava se sentindo como um jogador de futebol prestes a cobrar um pênalti ou uma mulher prestes a entrar em trabalho de parto após nove meses de espera.Eu explico:Sua vida fora uma grande roda gigante,fora filho de um pedreiro e de uma empregada doméstica e com muito esforço concluíra o ensino básico.Trabalhara no comércio cerca de dez horas por dia sem desanimar.Cinco meses depois,conhecera Angélica,se apaixonara,e em dois anos noivaram e casaram.Com a ajuda dela que era abastada,saíra do comércio,cursara uma faculdade,dedicara-se a concursos e como era competente passara em vários até chegar ao cargo atual,auditor da fazenda do estado.Com a consolidação no emprego comprara um sítio na zona rural da cidade e mudara-se com a esposa para lá pois o que gostava era de ar puro e tranqüilidade.Frutos do casamento surgiram três filhos.Tudo parecia estar muito bem até o dia da tragédia.Descera do céu ao inferno,perdera completamente sua fé,revoltara-se e no momento encontrava-se sem destino.
Agora estava ali,após descobrir o mundo maravilhoso dum ser chamado Aldivan Teixeira Torres,autor da série o vidente,que prometia recuperação aos casos mais difíceis.Foi isto que o motivara a superar seus limites e acreditava que Renato,seu parceiro,poderia ajudá-lo em sua trajetória pelo menos fazendo a função de seta.Bem,era pelo menos o que esperava.
A expectativa aumenta.Philliphe finalmente faz um movimento e ao encostar o pé na montanha,a terra treme,o tempo fica nublado,sente calafrios,e uma nuvem de fumaça encobre todo o topo.De dentro da nuvem,surge uma anciã misteriosa que se aproxima.A cada passo dela,o nervosismo aumenta.Quem seria e o que desejava?
Estava prestes a descobrir.Chegando bem perto,a estranha trata de se apresentar e iniciar o diálogo:
—Bom dia,Philliphe,sou o espírito da terra que habita esta montanha sagrada.Pode chamar-me de guardiã.Em que posso ajudá-lo?
Philliphe ficou estático.Quer dizer que estava diante da sábia Abigail da montanha,a primeira mentora do vidente?Não podia acreditar que fosse verdade.Reunindo uma força nunca dantes vista,ele consegue se comunicar.
—Guardiã?Você existe mesmo?Como me conhece?
—Calma.Eu entendo seu espanto.Sou eu mesmo.Vivo há séculos neste lugar e sou detentora de muitos mistérios.O que deseja?
—Quero conversar com Renato,seu filho adotivo.Quem sabe ele não possa me ajudar na resolução de alguns problemas.
—Claro,tudo é possível.Acompanhe-me e fique a vontade.
Philliphe obedece a guardiã e ambos começam a caminhar no misterioso topo da montanha rumo á residência da última.O que o destino aprontava para aquele corajoso viajante?Continuemos acompanhando.
Após vinte minutos em ritmo rápido,ultrapassando os obstáculos naturais da mata e virando-se de um lado para outro,finalmente chegam ao humilde casebre coberto de palha.Como boa anfitriã,a guardiã o convida a entrar,ele aceita,e juntos adentram na casinha.Dentro do vão único,encontram Renato sentado no centro junto a uma mesinha e a estranha senhora se adianta fazendo as apresentações.
—Renato,este é o Senhor Philliphe,um viajante que deseja falar com você.
Renato se levanta,se aproxima mais e cumprimenta o viajante.
—Prazer,Renato.O que deseja