Um Reinado De Aço . Морган Райс

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Um Reinado De Aço  - Морган Райс Anel Do Feiticeiro

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da capa copyright Slava Gerj, usada com autorização da Shutterstock.com

      “Quanto à terra, dela procede o pão, mas por baixo é revolvida como por fogo. As suas pedras são o lugar de safiras, e têm pó de ouro.”

      “O cavalo ri do medo, nada o assusta; não recua diante da espada. Impaciente, ele não fica parado quando soam as trombetas. Ao sinal do clarim, diz: ‘Vamos!’”

--O Livro de Jó

      CAPÍTULO UM

      Reece se levanta ainda segurando o punhal empalado no peito de Tirus, paralisado em um momento de choque. Todo o seu mundo parece se mover em câmera lenta, e sua visão está turva. Ele tinha acabado de matar seu pior inimigo, o homem responsável pela morte de Selese. Em função disso, Reece sente uma tremenda sensação de satisfação, de vingança e dever cumprido. Finalmente, um grande erro tinha sido consertado.

      Mas, ao mesmo tempo, Reece se sente entorpecido pela estranha sensação de preparação para saudar a morte, preparando-se para o fim que certamente se seguiria. A sala está cheia dos homens de Tirus, todos parados, também paralisados pelo choque, tendo testemunhando o evento que acabara de acontecer. Reece se prepara para enfrentar a morte e, no entanto, ele não sente qualquer pesar. Ele se sente grato por ter tido a oportunidade de matar aquele homem, que tinha ousado acreditar que Reece realmente pretendia pedir desculpas a ele.

      Reece sabe que sua morte seria inevitável; ele está em grande desvantagem naquela sala, e as únicas pessoas naquele grande salão que estão a seu lado são Matus e Srog. Srog, ferido, está amarrado com cordas, em cativeiro, e Matus está em pé ao lado dele, sob o olhar atento dos soldados de seu pai. Eles seriam de pouca ajuda contra aquele exército dos habitantes das Ilhas Superiores, todos  soldados leais a Tirus.

      Mas antes que Reece morra, ele quer completar sua vingança, e tirar o maior número de vidas dos habitantes das Ilhas Superior que ele conseguir.

      O corpo de Tirus cai aos pés de Reece, morto, e Reece não hesita: ele extrai a adaga do peito dele e imediatamente gira e corta a garganta do general de Tirus, em pé ao lado dele; com o mesmo movimento, Reece gira o corpo mais uma vez e esfaqueia outro general no coração.

      Quando as pessoas no salão começam a reagir, Reece se move rapidamente. Ele pega duas espadas das bainhas dos dois homens que havia matado, e parte para cima do grupo de soldados que começa a se aproximar dele, matando quatro deles antes que ele tivessem a chance de reagir.

      Centenas de guerreiros finalmente entram em ação, se aproximando de Reece por todos os lados. Reece invoca todo o seu treinamento na Legião, todas as vezes que ele tinha sido forçado a lutar contra grupos inteiros de homens, e à medida que eles o rodeiam, ele ergue a espada com as duas mãos. Ele não está preso pelo peso de uma armadura – como aqueles outros homens, ou por um cinto cheio de armas, ou um escudo; ele está mais leve e mais rápido do que todos eles e, furioso e encurralado, ele luta por sua vida.

      Reece luta bravamente, mais rápido do que todos eles, lembrando todas as vezes que ele tinha lutado contra Thor, o maior guerreiro que ele já tinha enfrentado, lembrando o quanto suas habilidades tinha sido afiadas. Ele leva ao chão um homem após o outro, desferindo golpes de sua espada contra inúmeros outros,  à medida que faíscas voam enquanto ele luta com os adversários que o atacam em todas as direções. Ele dá voltas e mais voltas até que seus braços ficam pesados, cortando uma dúzia de homens antes que eles pudessem piscar.

      Mas mais e mais homens entram no salão, há simplesmente muitos deles. Para cada seis que caem, mais uma dúzia aparece, e a multidão se torna mais espessa quando eles se reúnem e pressionam sobre ele de todos os lados. Reece está respirando com dificuldade quando sente uma espada cortar seu braço e ele grita, com sangue saindo de seu bíceps. Ele se vira esfaqueia o homem nas costelas, mas o estrago já tinha sido feito. Ele agora está ferido, e ainda mais homens aparecem de todos os lados. Ele sabe que sua hora havia chegado.

      Pelo menos, ele percebe – grato, ele seria capaz cair em um ato de coragem.

      "REECE!"

      Um grito de repente atravessa o ar, uma voz que Reece reconhece imediatamente.

      A voz de uma mulher.

      O corpo de Reece fica dormente quando ele percebe que quem é aquela voz. É a voz da única mulher no mundo que ainda era capaz de chamar a sua atenção, mesmo no meio daquela grande batalha, mesmo no meio de seus momentos finais:

      Stara.

      Reece olha para cima e a vê em pé no alto das arquibancadas de madeira que cobrem os lados da sala. Ela está muito acima da multidão, sua expressão feroz, com veias salientes em sua garganta quando ela grita para ele. Ele vê que ela empunha um arco e flecha, e percebe quando ela aponta para o alto, para um objeto no centro da sala.

      Reece segue seu olhar e percebe qual é o plano dela: uma corda grossa, com vinte metros de comprimento, ancorando um imenso lustre de metal com 10 metros de diâmetro, recaindo sobre um gancho de ferro no chão de pedra. O equipamento é tão grosso quanto o tronco de uma árvore, e carrega várias centenas de velas flamejantes.

      Reece percebe: Stara planeja arrebentar a corda com uma flecha. Se ela acertar,  derrubaria o lustre no chão e esmagaria metade dos homens daquele lugar. E quando Reece olha para cima, ele se dá conta de que está bem debaixo dele.

      Ela o está advertindo para que ele se mova.

      O coração de Reece bate acelerado pelo pânico ao mesmo tempo em que ele se vira, baixando sua espada,  e corre descontroladamente na direção do grupo de atacantes, correndo para sair dali antes que o lustre despenque. Ele chuta e dá uma cotovelada atrás da outra, usando a cabeça para tirar alguns soldados para fora do seu caminho à medida que ele corre pelo meio do grupo. Reece se lembra de como Stara costumava ser uma boa atiradora enquanto criança – sempre superando os meninos, e ele sabe ela acertaria seu alvo. Mesmo enquanto ele corre com as costas expostas para os homens que o perseguem, ele confia nela, sabendo que ela não o desapontaria agora.

      Um momento depois, Reece ouve o som de uma flecha atravessando o ar, o barulho quando ela acerta a corda e, finalmente, o estrondo quando a peça de ferro maciço cai no chão depois de despencar do teto a toda velocidade. Há um tremendo choque que faz toda a sala tremer, e a vibração também derruba Reece. Reece sente um vento em suas costas, e o lustre por poucos centímetros não o acerta quando ela cai no chão de pedra, apoiando-se em suas mãos e joelhos.

      Reece ouve os gritos dos homens atrás dele, e ao olhar por cima do ombro ele vê o estrago que Stara tinha feito: dezenas deles jazem esmagados sob o lustre, há sangue por toda parte e os gritos dos homens presos preenche o ar. Ela havia salvado sua vida.

      Reece fica em pé, olhando para Stara, e vê que ela está em perigo agora. Vários homens se aproximam dela e, enquanto ela mira com seu arco e flecha, ele sabe é praticamente impossível que ela possa dar conta de todos eles.

      Ela se vira e olha ansiosamente para a porta, claramente pensando que eles poderiam escapar dessa maneira. Mas quando Reece acompanha seu olhar, seu coração cai ao ver dezenas dos homens de Tirus avançar e bloqueá-la, barrando as duas enormes portas duplas com uma viga de madeira grossa.

      Eles estão presos – todas as saídas bloqueadas, e Reece sabe que é apenas uma questão de tempo até que eles morram.

      Reece observa Stara procurar pelo salão, frenética, até que seus olhos repousam sobre a fila superior das arquibancadas de madeira ao longo da parede traseira.

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