O Dom da Batalha . Морган Райс
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Читать онлайн книгу O Dom da Batalha - Морган Райс страница 5
Subiram um cume no deserto e ele começou a ouvir um fraco ruído a aumentar, como uma tempestade no deserto; ele olhou ao longe enquanto o subiam, esperando ver uma tempestade de areia vindo na sua direção. Ele ficou chocado, por detetar, em vez disso, uma parede imóvel de areia a cem jardas de distância, que se erguia a partir do solo na direção do céu, girando e agitando-se, como um tornado em atividade.
Ele parou, com os seus homens ao seu lado, e observava, curioso, uma vez que a parede parecia não se mover. Ele não conseguia entender. Era uma parede de areia em fúria, mas não se aproximava. Ele perguntava-se o que estava do outro lado. De alguma forma, ele persentia que era o Cume.
"O teu trilho termina", disse um dos seus soldados, ironicamente.
"Não podemos passar por aquela parede", disse outro.
"Não nos trouxeste a lado nenhum a não ser a mais areia", disse outro.
O comandante abanou a cabeça lentamente, franzindo a cara para eles com convicção.
"E se ali existir uma terra do outro lado da areia?", ele retorquiu.
"Do outro lado?", perguntou um soldado. "Estás louco. Não passa de uma nuvem de areia, um desperdício sem fim, como o resto deste deserto.”
"Admite o teu fracasso", disse outro soldado. "Volta para trás agora - ou caso contrário, nós vamos voltar sem ti."
O comandante virou-se e encarou os seus soldados, chocado com a sua insolência - e viu desprezo e rebelião nos seus olhos. Ele sabia que tinha de agir rapidamente se quisesse acabar com aquilo.
Num acesso súbito de raiva, o comandante baixou-se, tirou uma adaga do seu cinto e girou-a para trás num movimento rápido, alojando-a na garganta do soldado. O soldado arfou por ar e depois caiu para trás, da sua zerta abaixo, batendo no chão e acumulando uma nova piscina de sangue no chão do deserto. Em poucos instantes, apareceu do nada um enxame de insetos, cobrindo o seu corpo e comendo-o.
Os outros soldados olhavam agora com medo para o seu comandante.
"Existe mais alguém que queira desafiar o meu comando?", perguntou.
Os homens olhavam para ele nervosamente, mas desta vez não disseram nada.
"Ou o deserto mata-vos", disse ele, "ou mato-vos eu. A escolha é vossa."
O comandante avançou para a frente, baixou a cabeça e deu grande grito de guerra ao galopar direitamente para a parede da areia, sabendo que tal poderia significar a sua morte. Ele sabia que os seus homens o seguiriam. Um momento depois, ele ouviu o som das suas zertas e sorriu de satisfação. Às vezes, eles só tinham de ser mantidos na ordem.
Ele gritou ao entrar no tornado de areia. Parecia que era uma tonelada de areia em cima dele, vinda de todas as direções, escoriando-lhe a pele enquanto ele avançava cada vez mais lá para dentro. O barulho era tão grande, como se estivesse um milhar de vespas nos seus ouvidos, e, ainda assim, ele avançava, esporeando a sua zerta, forçando-a, mesmo enquanto ela protestava, entrando cada vez mais lá para dentro. Ele sentia a areia a raspar-lhe a cabeça, os olhos e o rosto, e ele sentia como se pudesse ser rasgado em pedaços.
Ainda assim, ele continuou a cavalgar.
Precisamente quando ele se perguntava se os seus homens estariam bem, se aquela parede levava a nada, se todos iriam morrer ali naquele lugar, de repente, para grande alívio do comandante, ele saiu de rompante para fora da areia e de volta para a luz do dia, sem mais areia a arranhá-lo, sem mais ruído nos seus ouvidos, nada para além de céu aberto e ar - que ele nunca tinha ficado tão feliz de ver.
Ao redor dele, os seus homens saíram também de rompante, escoriados e a sangrar como ele, juntamente com as zertas, todas parecendo mais mortas do que vivas, mas todas vivas.
E, quando o comandante olhou diante de si, o seu coração acelerou e ele ficou imóvel com a surpreendente visão que teve. Ele não conseguia respirar com o que via, e, lenta mas seguramente, ele sentiu-se orgulhoso com uma súbita sensação de vitória, de triunfo. Picos majestosos erguiam-se diretamente para o céu, formando um círculo. Um lugar que só poderia ser uma coisa:
O Cume.
Ali estava, no horizonte, apontado para o ar, magnífico, vasto, estendendo-se para fora de vista em ambos os lados. E ali, no topo, a brilhar à luz do sol, ele ficou surpreendido ao ver milhares de soldados de armadura brilhante, a patrulhar.
Ele tinha-o encontrado. Ele, e somente ele, tinha-o encontrado.
Os seus homens pararam de repente ao seu lado dele. Ele viu-os, também, a olhar para o Cume em contemplação e em admiração, com as suas bocas abertas, todos a pensar a mesma coisa que ele: aquele momento era história. Eles seriam todos heróis, conhecidos por gerações na história do Império.
Com um largo sorriso, o comandante virou-se e encarou os seus homens, que agora olhavam para ele com deferência; ele, então, puxou a sua zerta e voltou-a ao contrário, preparando-se para cavalgar de volta através da parede de areia - todo o caminho, sem parar, até chegar à base do Império e relatar aos Cavaleiros dos Sete o que ele, pessoalmente, tinha descoberto. Ele sabia que em poucos dias, toda a força do Império iria descer até àquele lugar, o peso de um milhão de homens empenhados na destruição. Eles iriam passar por aquele muro de areia, escalar o Cume, e acabar com aqueles cavaleiros, conquistando os restos finais do livre território do Império.
"Homens", disse ele, "a nossa hora chegou. Preparem-se para terem os vossos nomes gravados na eternidade."
CAPÍTULO TRÊS
Kendrick, Brandt, Atme, Koldo e Ludvig caminhavam pelo Grande Desperdício, na direção dos sóis nascentes da aurora do deserto, a pé, durante toda a noite, determinados a resgatar o jovem Kaden. Eles caminhavam sombriamente, caindo num ritmo silencioso, todos com as mãos sobre as armas, todos alerta, seguindo o trilho dos Caminhantes da Areia. As centenas de pegadas levavam-nos cada vez mais para as profundezas daquela paisagem de desolação.
Kendrick começou a questionar-se se alguma vez aquilo chegaria ao fim. Ele estava admirado por se encontrar de volta àquele lugar, de volta àquele Desperdício, lugar onde ele havia jurado nunca mais voltar - especialmente a pé, sem cavalos, sem provisões e sem maneira de voltar para atrás. Eles tinham depositado a sua fé nos outros cavaleiros do Cume, que voltariam para eles com os cavalos – para o caso de eles não o fazerem, eles tinham comprado para si próprios um bilhete só de ida para uma missão sem retorno.
Mas era isso o que significava a valentia, Kendrick sabia. Kaden, um bom jovem guerreiro com um grande coração, que tinha nobremente ficado a vigiar, aventurando-se corajosamente no deserto para dar provas do seu valor enquanto montava guarda, tinha sido sequestrado por aquelas bestas selvagens. Koldo e Ludvig não podiam virar costas ao seu irmão mais novo, por muito sombrias que fossem as hipóteses - e Kendrick, Brandt e Atme não podiam virar costas a todos eles; o seu sentido de dever e honra compelia-os a isso. Estes bons cavaleiros do Cume haviam-nos acolhido com hospitalidade e gratidão quando eles mais haviam precisado - e, agora, estava