Um Trono para Irmãs . Морган Райс

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Um Trono para Irmãs  - Морган Райс Um Trono para Irmãs

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pela qual ela mantinha curto o seu cabelo ruivo. No mundo ideal, onde ela era livre para escolher, ela ansiava por aprender com um ferreiro ou talvez com um dos grupos de atores que trabalhavam na cidade - ou talvez até ter a oportunidade de entrar no exército como os rapazes faziam. Este servir de água gracioso era o tipo de lição que a sua irmã mais velha, com o seu sonho de aristocracia, teria gostado - não ela.

      Como se o pensamento a tivesse convocado, Kate, de repente, despertou ao ouvir a voz da irmã na sua mente. Ela questionou-se, porém; o talento delas nem sempre era assim tão confiável.

      Mas então voltou a acontecer, e lá, também, estava a sensação por detrás disso.

      Kate, o pátio! Ajuda-me!

      Kate conseguia sentir que ela estava com medo.

      Ela afastou-se da freira bruscamente, involuntariamente, e, ao fazê-lo, derramou a sua jarra de água na pedra do chão.

      “Desculpa” disse ela. “Eu preciso de ir.”

      A Irmã Yvaine ainda estava a olhar fixamente para a água.

      “Kate, limpa isto imediatamente!”

      Mas Kate já estava a correr. Ela provavelmente iria ser espancada por isso mais tarde, mas ela já tinha sido espancada antes. Isso não significava nada. Mas ajudar a única pessoa no mundo com quem ela se importava já significava.

      Ela correu pelo orfanato. Ela conhecia o caminho, porque ela tinha aprendido todas as voltas deste lugar durante todos aqueles anos desde aquela noite horrível em que a deixaram aqui. Ela também, na noite tardia, escapulia-se do interminável ressonar e fedor do dormitório quando conseguia, desfrutando o lugar na escuridão quando ela era a única levantada, quando o toque dos sinos da cidade era o único som, e aprendendo a sensação de cada recanto nas suas paredes. Ela sentia que iria precisar disso um dia.

      E agora ela precisava.

      Kate conseguia ouvir o som da sua irmã, a lutar e a pedir ajuda. Por instinto, ela baixou-se e entrou para uma sala apanhando um atiçador da lareira e continuando. O que ela ia fazer com ele, ela não sabia.

      Ela emergiu no pátio, e ficou destroçada ao ver a sua irmã a ser imobilizada no chão por dois rapazes, enquanto outro remexia desajeitadamente no seu vestido.

      Kate sabia exatamente o que fazer.

      Uma raiva primitiva apoderou-se de si, uma que ela não conseguia controlar se quisesse, e Kate correu para a frente com um rugido, dando balanço ao atiçador para a cabeça do primeiro rapaz. Ele virou-se quando Kate atacou, pelo que o atiçador não o atingiu tão bem quanto ela queria, mas ainda foi o suficiente para atirá-lo ao chão, com ele a agarrar-se ao local que ela tinha atingido.

      Ela atacou outro, apanhando-o pelo joelho enquanto ele estava de pé, fazendo-o cair. Ela atacou o terceiro no estômago, até ele ficar de joelhos.

      Ela continuou a bater, não querendo dar aos rapazes nenhum tempo para recuperarem. Ela havia estado em muitas lutas nos seus anos no orfanato, e ela sabia que não podia confiar no tamanho ou na força. A fúria era a única coisa que a salvava. E, felizmente, disso, Kate tinha muita.

      Ela atacou sem parar, até os rapazes retrocederem. Eles poderiam estar preparados para se juntar ao exército, mas os Irmãos Mascarados do lado deles não os ensinaram a lutar. Isso tê-los-ia tornado muito difíceis de controlar. Kate bateu no rosto de um dos rapazes, depois girou para trás atingindo o cotovelo de outro com um ferro que fez um estrondo no osso.

      “Levanta-te” disse ela à sua irmã, estendendo-lhe a mão. “Levanta-te!”

      A sua irmã levantou-se entorpecida, agarrando a mão de Kate como se ela fosse a irmã mais nova por uma vez.

      Kate desatou a correr, e a sua irmã correu com ela. Sophia parecia voltar a si mesma enquanto elas corriam, e alguma da velha certeza parecia regressar à medida que elas corriam pelos corredores do orfanato.

      Atrás delas, Kate conseguia ouvir gritos, de rapazes ou de irmãs ou de ambos. Ela não se importava. Ela sabia que só lhe restava fugir.

      “Não podemos voltar” disse Sophia. “Nós temos de deixar o orfanato.”

      Kate assentiu. Algo como isto não custaria apenas um espancamento como punição. Mas então Kate lembrou-se.

      “Então vamos” respondeu Kate, correndo. “Primeiro eu só preciso de...”

      “Não” disse Sophia. “Não há tempo. Deixa tudo. Precisamos de ir.”

      Kate abanou a cabeça. Havia algumas coisas que ela não poderia deixar para trás.

      Então, em vez disso, ela correu na direção do seu dormitório, segurando o braço de Sophia para que ela a seguisse.

      O dormitório era um lugar sombrio, com camas que eram pouco mais do que ripas de madeira a saírem da parede como prateleiras. Kate não era estúpida ao ponto de colocar qualquer coisa que importasse na arca pequena aos pés da cama, onde qualquer pessoa conseguiria roubá-la. Em vez disso, ela dirigiu-se a uma fenda entre duas tábuas do chão, enfiando lá os dedos até uma levantar.

      “Kate” resmungou e soprou Sophia, recuperando a sua respiração, “não há tempo.”

      Kate abanou a cabeça.

      “Eu não vou deixar isto aqui.”

      Sophia tinha de saber o que é que ela tinha ido buscar; a única memória que ela tinha daquela noite, da antiga vida delas.

      Finalmente, o dedo de Kate enrolou-se à volta de metal, e ela levantou o medalhão completamente para este ficar a brilhar sob a fraca luz.

      Quando ela era criança, ela tinha a certeza de que era ouro verdadeiro; uma fortuna à espera de ser gasta. Ao crescer, ela viria a perceber que era uma liga mais barata, mas, de qualquer das formas, à época, para ela o medalhão valia muito mais do que ouro. A miniatura lá dentro, de uma mulher sorridente enquanto um homem tinha a mão no ombro dela era a coisa mais próxima de uma lembrança que ela tinha dos seus pais.

      Kate normalmente não o usava por medo de que uma das outras crianças, ou as freiras, o tirassem de si. Agora, ela aconchegou-o dentro do vestido.

      “Vamos” disse ela.

      Elas correram para a porta do orfanato, supostamente sempre aberta, porque a Deusa Mascarada tinha encontrado portas que estavam fechadas para si quando ela visitou o mundo e tinha condenado aqueles que estavam lá dentro. Kate e Sophia correram pelas curvas e contracurvas dos corredores, saindo no pátio da entrada, olhando em redor à procura de perseguidores.

      Kate conseguia ouvi-los, mas naquele momento, apenas estava junto à porta a irmã habitual: uma mulher gorda que se moveu para bloquear o caminho exatamente quando as duas se aproximaram. Kate ficou corada ao relembrar-se imediatamente de todos os anos de espancamentos que ela havia sofrido nas mãos dela.

      “Aqui estão vocês” disse ela num tom severo. “Vocês foram ambas muito desobedientes e...”

      Kate não fez uma pausa; ela atingiu-a no estômago com o atiçador, com força suficiente para ela se dobrar. Naquele momento, ela desejou que o atiçador

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