A Danúbio ao Entardecer. Barbara Cartland
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Читать онлайн книгу A Danúbio ao Entardecer - Barbara Cartland страница 4
—Seria tão bom! Tudo aqui fica tão aborrecido sem você, papai.
—Sua prima Jane virá lhe fazer companhia.
Ao ouvir isso, Aletha fez uma careta, porém não comentou nada. Jane já era idosa, contava mais de sessenta anos e não ouvia bem.
Morando a apenas umas poucas milhas de Ling e sendo prestativa, a prima estava sempre disposta a passar algum tempo em Ling fazendo companhia a Aletha e lhe servindo de chaperon.
Contudo, apesar de toda a sua boa von tade, Jane não deixava de ser uma mulher entediante. O próprio Duque procurava evitar sua presença sempre que ele se achava em casa.
O consolo de Aletha era que podia escapar das constantes reclamações e queixas da prima sobre doenças, indo cavalgar.
Certa vez Aletha havia sugerido ao pai que convidasse uma outra parente mais jovem para servir-lhe de chaperon, porém
logo constatou que a lady em questão era péssima cavaleira e ficara melindrada por ter ficado para trás, sozinha, quando cavalgara com outras pessoas.
Bom mesmo, Aletha pensava, era cavalgar ao lado do pai, e quando ele se achava em Ling havia sempre pessoas interessantes e divertidas que vinham visitá-los dia após dia.
O Duque também costumava organizar corridas ponto a ponto e steeple-chases, das quais tomavam parte seus convidados e os moradores vizinhos.
—Não se demore muito, papai— Aletha pediu ao Duque.
—Ficarei ausente apenas o tempo necessário, nem um minuto mais, minha filha. Por mais que eu goste dos dinamarqueses, acho seus cerimoniais infindáveis e os discursos extremamente cansativos!
—Será que a Rainha não teria outra pessoa para ir em seu lugar?— Aletha sugeriu sem esconder seu mau humor.
Os olhos do Duque ganharam um brilho travesso.
—Sua Majestade quer ser representada por pessoas de talento e ela aparência!
A filha riu.
—Nesse caso, não há um nobre capaz de substituí-lo, papai! Chego a recear que você deixe para trás um grande número de dinamarquesas com o coração partido.
—Não sei de onde você tira tais ideias! — o pai replicou, porém sentiu-se envaidecido com o elogio.
À véspera de sua partida, o Duque acertou com o Sr. Heywood os últimos detalhes sobre a missão deste último na Hungria. Ambos passaram a tarde toda falando sobre cavalos.
O administrador acabou ficando para jantar e enviou um cavalariço a sua casa para buscar um dos seus trajes de noite a fim de se trocar para sentar-se à mesa com o Duque e a filha.
Ao ver Aletha descendo a escada usando um dos seus lindos vestidos comprados para seu début, o Sr. Heywood disse:
—Você se parece muito com sua mãe, lady Aletha. Sem dúvida será a mais bela em todos os bailes aos quais comparecer!
—Jamais serei tão encantadora quanto mamãe; porém, como a única filha de papai, farei o possível para que ele se orgulhe de mim.
—Não poderá ser o contrário!— o Sr. Heywood respondeu com sinceridade na voz, o que Aletha muito apreciou.
Era consolador, ela pensou, ter quem a admirasse. Ao mesmo tempo veio-lhe à mente que, pertencendo à família Ling, na qual no decorrer dos séculos as mulheres sempre foram aclamadas por sua beleza, ela própria poderia não fazer jus à reputação granjeada por tais beldades.
Os quadros que enfeitavam as paredes da galeria Van Dyck, ali em Ling, atestavam que, através das gerações, a beleza de traços era o que caracterizava aquela família.
Grandes pintores haviam retratado os ancestrais do Duque de Buclington. Além das inúmeras obras da galeria, havia ao lado das escadas e nos salões telas pintadas por grandes mestres, como Gainsborough, sir Joshua Reynolds e Romeney.
Aletha admirava esses retratos e admitia que se parecia com aquelas beldades, contudo costumava dizer a si mesma: “Sem dúvida estou numa competição difícil e até desigual!”
Atualmente Aletha tinha mais confiança em si mesma e não ignorava que os elogios que lhe dirigiam eram sinceros. Dois ou três anos atrás, a situação era diferente. Ela passava então pelo que se costumava chamar de “idade feia e sem graça”. Quantas vezes ouvira os amigos do pai dizerem:
—Oh, esta é a Aletha? Imaginei que ela fosse parecida com a mãe! A Duquesa foi uma das mulheres mais lindas que já tive a felicidade de conhecer!
Naturalmente os amigos do Duque não desejavam ser indelicados. Porém Aletha compreendia a insinuação e não se cansava de pedir a Deus que lhe desse um pouco mais de beleza quando ficasse uma mocinha.
Então, como por milagre, suas preces foram atendidas. Ela passou a ver refletida no espelho uma imagem muito bonita e cada vez mais se dava conta de que se parecia com a mãe e com as outras lindas Duquesas de Ling.
Todavia, em sua modéstia, não se julgava igualmente linda, apenas parecida. Mais tarde, nessa noite, tendo o Sr. Heywood deixado Ling, Aletha ficou a sós com o pai e comentou:
—O Sr. Heywood pareceu sincero ao dizer que pareço com mamãe. Espero que quando for para Londres as pessoas me admirem.
—Você quer dizer “os homens”, não é? Asseguro-lhe que você já é uma linda mocinha e ficará ainda mais encantadora quando ficar um pouco mais velha, minha querida.
—Acha… mesmo, papai?
—Sim, e já estou observando os jovens cavalheiros, pois tenciono escolher um excelente marido para você.
A filha olhou atônita para o Duque e disse, pouco depois, com certa dificuldade:
—Um… marido?
—Naturalmente. Se sua mãe estivesse viva, ela também estaria ansiosa, pensando em ver nossa única filha fazer um casamento brilhante com um cavalheiro, o qual teríamos orgulho de receber como genro.
Incapaz de falar, Aletha permaneceu em silêncio por um instante. Depois conseguiu articular umas poucas palavras numa voz sumida:
—Creio, papai, que eu mesma devo encontrar… meu marido.
—Isto é impossível!— o pai exclamou, sacudindo a cabeça.
—Mas… por quê?
—Porque nas famílias reais e nobres como a nossa os casamentos são sempre arranjados. Fazemos isso com discrição, porém de modo definitivo!— o Duque fitou Aletha com suavidade no olhar—, você é minha única filha, por isso serei muito exigente na escolha de seu futuro marido. Estou decidido a ter como genro um aristocrata que, para dizê-lo com poucas palavras, esteja a sua altura.
—Mas, papai, suponha que eu… não o ame?
—O amor geralmente nasce depois do