De Volta À Terra. Danilo Clementoni

Чтение книги онлайн.

Читать онлайн книгу De Volta À Terra - Danilo Clementoni страница 5

De Volta À Terra - Danilo Clementoni

Скачать книгу

percebemos a importâncias de certas coisas quando não as temos mais.

      Ela decidiu sair do chuveiro somente dez minutos depois. O vapor tinha embaçado o espelho que estava visivelmente torto. Tentou endireitá-lo, mas assim que soltava, voltava à sua posição original. Preferiu ignorá-lo. Com um pedaço da toalha secou uma gota de água que permanecia sobre ele e se admirou. Quando mais jovem, havia sido repetidamente contatada para trabalhar como modelo e até mesmo como atriz. Talvez agora poderia ser uma estrela de cinema ou a esposa de um rico jogador de futebol, mas o dinheiro nunca a atraíra muito. Preferia suar, comer poeira, estudar textos antigos e visitar lugares remotos. A aventura sempre esteve no seu sangue e a emoção que sentia ao descobrir um artefato antigo, o desenterrar dos restos de milhares de anos, não podia ser comparado a nenhuma outra coisa.

      Ela se aproximou do espelho, demais, e viu aquelas malditas rugas finas nas laterais dos olhos. A mão foi automaticamente dentro da necessaire, da qual tirou um desses cremes que “rejuvenescem dez anos em uma semana”. Com cuidado passou por todo o rosto e se olhou atentamente. O que queria, um milagre? Além disso, o efeito seria visível somente após “sete dias”. Ela sorriu para si mesma e para todas as mulheres que foram facilmente enganadas pela publicidade.

      O relógio na parede acima da cama marcava 19:40. Nunca conseguiria se preparar em apenas vinte minutos.

      Secou-se o mais rápido possível, deixando o cabelo loiro ligeiramente molhado, e ficou na frente do guarda-roupa de madeira escura, onde guardava as poucas roupas elegantes que tinha conseguido levar consigo. Em outros momentos, ela poderia passar horas decidindo o vestido para a ocasião, mas, naquela noite, a escolha era muito limitada. Optou, sem pensar muito, pelo vestido preto curto. Muito bonito, muito sexy, sem ser vulgar, com um decote generoso que certamente valorizaria os generosos seios. Pegou-o e, com um elegante movimento, jogou o vestido na cama.

      19:50. Apesar de ser mulher, detestava se atrasar.

      Ela olhou pela janela e viu um carro escuro, incrivelmente brilhante, exatamente em frente à porta do hotel. Aquele que deveria ser o motorista, um rapaz vestido com roupas militares, estava encostado no capô, aproveitando a espera para calmamente fumar um cigarro.

      Usou lápis e rímel para salientar os olhos, passou um batom rapidamente, e enquanto tentava distribui-lo uniformemente com uma série de beijos no ar, colocou seus brincos favoritos, com dificuldade em achar os “buracos”.

      Na verdade, fazia muito tempo que não saía à noite. O trabalho fazia com que ela estivesse sempre viajando ao redor do mundo e nunca fora capaz de encontrar uma pessoa para um relacionamento estável, que durasse mais do que alguns meses. O instinto maternal inato que toda mulher e que ela habilmente fazia questão de ignorar, agora, com a aproximação da maturidade biológica, se fazia presente sempre mais. Talvez fosse hora de pensar seriamente em começar uma família.

      Abandonou esse pensamento o mais rápido possível. Colocou o vestido, calçou o único par de sapatos de salto alto de doze centímetros que tinha trazido, e com gestos largos, jogou em ambos os lados do pescoço o seu perfume favorito. Xale de seda, grande bolsa preta. Estava pronta. Uma última olhada no espelho perto da porta confirmou a perfeição do seu vestuário. Deu uma volta e saiu com ar satisfeito.

      O jovem motorista, depois de colocar o queixo no lugar, que caíra pela visão de Elisa quando saiu do hotel, jogou o segundo cigarro que acabara de acender e correu para abrir a porta do carro.

      — Boa noite, Doutora Hunter. Podemos partir? — o militar perguntou com voz hesitante.

      — Boa noite — disse ela, testando o seu maravilhoso sorriso. — Vamos.

      — Obrigada pela viagem — acrescentou enquanto entrava no carro, sabendo muito bem que a saia subiria ligeiramente e teria parcialmente mostrado as pernas ao militar envergonhado. Ela sempre gostou de se sentir admirada.

      O sistema O^OCM fez materializar, bem na frente de Azakis, um objeto estranho cujos contornos, por causa da baixa resolução da visão de longo alcance que o levavam, ainda não estavam bem definidos. Estava se movendo e andava em direção a eles. O sistema de aviso de proximidade avaliou a probabilidade de impacto entre a Theos e o objeto desconhecido em mais de 96%, se ninguém alterasse a rota.

      Azakis rapidamente entrou no módulo de transferência mais próximo. — Sala de controle — ordenou ao sistema automatizado.

      Depois de cinco segundos, a porta se abriu assobiando e a grande tela central da sala de controle mostrava, ainda muito turva, o objeto que estava se movendo em rota de colisão com a nave.

      Quase simultaneamente, outra porta perto dele se abriu e Petri saiu fatigado.

      — Que diabos está acontecendo? — perguntou o seu amigo, — Não deveria ter meteoritos nesta área — exclamou com espanto, olhando para a grande tela.

      — Não acho que seja um meteorito.

      — Se não é um meteorito, então o que é? — Petri perguntou, visivelmente preocupado.

      — Se não corrigirmos imediatamente a rota, poderá ver com seus próprios olhos quando estivermos espalhados pela ponte de comando.

      Petri imediatamente mexeu nos controles de navegação e ajustou uma ligeira variação na trajetória predefinida.

      “Impacto em 90 segundos” comunicou sem emoção a voz feminina do sistema de aviso. “Distância do objeto: 276.000 km, em aproximação.”

      — Petri faça alguma coisa e já! — gritou Azakis.

      — Estou fazendo, mas essa coisa é muito veloz.

      A estimativa da probabilidade de impacto, visível na tela do lado direito do objeto, estava diminuindo lentamente. 90%, 86%, 82%.

      — Não vamos conseguir — disse Azakis com um sussurro.

      — Meu amigo, ainda não inventaram um “objeto misterioso” que possa esmagar a minha nave — disse Petri, sorrindo diabolicamente.

      Com uma manobra que fez os dois perderem o equilíbrio por um instante, Petri acionou os dois motores Bousen em uma inversão de polaridade instantânea. A nave espacial tremeu por longos momentos e somente o sistema sofisticado de gravidade artificial, assegurando uma compensação imediata na variação, que impediu que toda a tripulação acabasse esmagada na parede à frente deles.

      — Ótimo trabalho — disse Azakis, dando um tapinha vigoroso no ombro do amigo. — mas agora, como você vai parar a rotação? — os objetos na sala já tinham começado a subir e girar, dando voltas no ambiente.

      — Só um minuto — disse Petri, pressionando botões e mexendo os controles.

      — É só… — uma série de gotas de suor escorria lentamente da sua testa. — abrir a… — continuou ele, enquanto tudo o que estava na sala voava descontroladamente. Os dois até começaram a se erguer do chão. O sistema de gravidade artificial já não podia compensar a imensa força centrífuga gerada. Eles estavam se tornando cada vez mais leves.

      — a… a porta… três! — por fim gritou Petri, enquanto todos os objetos caíram no chão. Uma grande caixa pesada atingiu Azakis exatamente entre a terceira e quarta costela, forçando-o a emitir um gemido enfadonho.

Скачать книгу