O Misterioso Tesouro De Roma. Juan Moisés De La Serna
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Aquelas visitas de conteúdo religioso não faziam muito sentido para mim, pois havia muito que abandonara minhas crenças, então não encontrava nenhum significado em entrar em toda igreja para contemplar retábulos pintados séculos atrás ou para admirar uma estátua ou ícone por muito mais notável, antiga e bem feita que fosse.
Mas, para minha surpresa, as igrejas não só continham arquitetura e vestígios religiosos, como também eram um refúgio para muitos outros elementos, restos arqueológicos ou pertencentes à cultura popular independentes de sua origem, pois se tornaram lugares de refúgio de peças artísticas, sem a necessidade de que a temática fosse exclusivamente religiosa.
Um exemplo disso foi a visita que fizemos à igreja de Santa Maria em Cosmedin, em cujo exterior está o resto arqueológico de uma grande roda entalhada com a imagem de uma pessoa idosa de cabelos desarrumados e a barba emaranhada, com um olhar fixo e perturbador, com a boca aberta.
A princípio, ficamos um pouco surpresos, dos que íamos na frente da fila e diante de nossa perplexidade, um de nós se atreveu a colocar a mão ali e nada aconteceu; depois disso, todos também a colocamos com o mesmo resultado, sem entender completamente o significado daquilo nem para o que servia.
Mais tarde no hotel, o guia nos explicaria que se tratava da Boca da Verdade, na qual ao introduzir a mão direita na abertura, se a pessoa que o fazia não dizia a verdade, a perdia.
Depois disso, continuamos perambulando pela cidade, maravilhados com a quantidade de vestígios artísticos e culturais que haviam sobrevivido o passar dos anos.
Eu tinha ouvido falar dos castelos medievais, daquelas suntuosas e grandiosas construções, fortificações erguidas para salvar os pertences dos reis e senhores feudais do lugar, junto com os habitantes dos povoados vizinhos, mas estar lá era como viver em uma cidade medieval onde se mantinha ainda a mesma arquitetura em suas ruas, fontes e praças.
Não importa para onde olhássemos, fosse uma varanda ou a verga de uma porta, nos impressionava a imponência dos detalhes lavrados, esculpidos ou pintados, lembranças de uma gloriosa era artística anterior. Além disso, conforme soubemos depois, a cultura das diferentes artes era algo que se mantinha vivo nas escolas, consideradas uma das mais prestigiadas do mundo, um bom lugar para se viver, se for amante da história.
Mas eu era mais pragmático, preferia aquilo que tivesse alguma tecnologia e todas as vantagens que isso implicava. As avenidas amplas e planas, onde você poderia se deslocar com seu veículo de um lugar para outro em pouco tempo, sem precisar subir e descer as ruas de paralelepípedos.
Uma maneira diferente de ver e considerar a vida, preferia as grandes cidades, onde era fácil acessar todos os serviços em minutos. Eu nunca tinha pensado que alguém pudesse viver em um lugar tão peculiar.
Levantar-me pela manhã e ver tudo isso parecia bastante inusitado e confuso; não me imagino viver desde criança ali, seria como estar permanentemente em um museu, sabendo que tudo o que tocasse tinha centenas de anos.
Mesmo que em relação às pessoas as diferenças entre nós não fossem tantas, no entanto, alguns nos olhavam com cara de estranheza, de desconfiança, o que nos fazia sentir como estrangeiros ali, quase como uma força de ocupação.
Talvez fosse apenas impressão, pode ser porque estivéssemos vestindo roupas diferentes daqueles que estávamos acostumados a ver por lá.
O que quer que seja, com o desgosto do furto que havíamos sofrido durante a manhã, andávamos com o cuidado de que não se produzisse nenhum outro desentendimento ou problema parecido, sabendo que agora éramos menos.
Talvez nossa viagem tenha sido muito precipitada devido às circunstâncias sócio-políticas do momento, mas era um sinal de boa vontade por parte do nosso colégio, uma demonstração de cooperação e troca.
Não sei se algum grupo de estudantes italianos iria visitar nosso país, suponho isso, mas minha informação não chegava a tanto.
Talvez fosse parte de uma política de abertura com o resto do mundo, não sei, o que estava claro é que nunca tinha visitado o país e que era uma grande oportunidade para fazê-lo, por isso não queria que nada nem ninguém me atrapalhasse.
Se o colega que teve a sua carteira roubada tivesse me dito a quantia que lhe faltava, eu mesmo a teria desembolsado para poder continuar com tranquilidade aquela excursão.
Não imagino que outro elemento de valor poderia ter nela, já que toda a documentação tínhamos guardada na embaixada. Aqui, para nos movermos pela cidade, tinham nos fornecido uma ficha na qual vinham nossos dados, o endereço do hotel onde estávamos hospedados e o telefone da embaixada. Apesar de estarmos em plena primavera recém-chegada, fazia bastante calor e não estávamos acostumados a temperaturas tão elevadas nessa época do ano, e era difícil para nós encontrarmos fontes para beber.
Das que havia, não estávamos seguros de que fossem potáveis, apesar de que as pessoas dali bebiam sem nenhuma preocupação, mas nós, por prudência, preferimos apenas refrescar as mãos e a cabeça, pois uma fonte que tem funcionado há tantas centenas de anos, não pode estar tão limpa quanto gostaríamos.
Talvez fosse diferente, mas aquelas pessoas nos pareciam bastante inocentes, longe das grandes cidades cheias de fumaça das fábricas próximas, à qual estávamos acostumados, mas algo parecido deviam pensar de nós, quando nos fascinávamos com os detalhes que eles contemplavam todos os dias.
Gostávamos tanto do que víamos, que alguns de meus colegas para não esquecerem, se dedicavam a recordá-lo em seus cadernos de desenho, preenchendo-os com a forma mais ou menos traçadas dos edifícios mais significativos e importantes. Outros, pelo contrário, parece que lhes ia melhor a escrita e paravam em cada rua tentando relatar, em alguns parágrafos, aquela maravilha que víamos. Apenas alguns colegas conseguiram trazer câmeras fotográficas.
Não sei como eles teriam passado pela alfândega, porque nos tinham dado instruções concretas antes de partir de que não poderíamos tirar nenhuma tecnologia de nosso país, mas suponho que o sobrenome dos pais desses colegas pesasse mais do que qualquer outra norma escrita.
De vez em quando eles nos pediam que parássemos para tirar algumas fotos em que aparecêssemos todo o grupo e atrás o edifício em questão.
Talvez tenha sido mais inexperiente que o restante no quesito viajar, já que tinha trazido apenas um pequeno caderno de anotações, no qual pretendia reunir todo dia o que era mais importante sem tentar captar naquelas poucas linhas a admiração que a cidade despertava em mim a cada passo.
Um dos aspectos que me pareceram mais curiosos pelo contraste com o que conhecia, estava relacionado à maneira de vestir das mulheres. As mulheres mais velhas, usavam um lenço preto na cabeça e vestiam o mesmo tom. As jovens o faziam com cores discretas e lenços muito chamativos.
Acostumado a ver as do meu país maquiadas, com grandes saias rodadas, com mangas curtas onde se viam os braços e apenas algumas usando o lenço para um detalhe decorativo.
Além disso, parecia que havia uma clara diferenciação entre sexos quanto ao que se podia fazer ou não, de modo que os homens desfilavam pela rua em seus trajes que pareciam os melhores estilos, onde a maioria, quando não estava no trabalho,