Sumalee. Javier Salazar Calle

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Sumalee - Javier Salazar Calle

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do que tinha me levado a Cingapura… Ela me fazia uma infinidade de perguntas sobre coisas de todo tipo. Sobre quanto tempo eu ficaria em Cingapura, se gostaria de viajar… Parecia um interrogatório, mas me submetia a ele com gosto. Ela ficou muito interessada quando contei a história com minha ex-namorada. Dizia que para ela era inacreditável que uma garota pudesse me trocar por outro. Gostava cada vez mais de Sumalee. Definitivamente, tinha subido às posições mais altas de pessoas preferidas em Cingapura.

      Tínhamos uma cumplicidade e uma confiança tamanha que parecia que ficaríamos a vida toda juntos. Enquanto ela falava, eu podia sentir o perfume dos seus cabelos, que tinha uma fragrância muito definida que ela me contou depois que era jasmim, e percebia uma sensação estranha que não sentia há muito tempo.

      Era como se eu estivesse apaixonado, mas com certeza não era isso; provavelmente era a atração sexual do primeiro encontro. Seria uma loucura. Eu tinha acabado de conhecê-la há apenas algumas horas, ela vinha de uma história trágica, mas, ainda que parecesse perfeita para ser minha alma gêmea, não poderia ser tão fácil.

      Fazia algum sentido?

      Na semana seguinte, eu tinha combinado com Sumalee de passarmos o dia juntos. Ela se ofereceu para me mostrar a cidade e ser minha guia particular, o que me pareceu uma proposta fantástica. Era uma profissional da viagem e muito mais linda que Josele e Dámaso. Além disso, meus amigos tinham combinado com o fotógrafo da festa de jogar golfe, que era um esporte que não me atraía muito.

      Apesar de ter ficado até tarde da noite anterior na festa, marcamos bem cedo na porta do templo Leong Nam, no bairro Geyland, porque ela me disse que queria me mostrar algo que dava para ver melhor cedo. No sábado trocamos números de telefone para o caso de surgir algum contratempo e a primeira coisa que fiz assim que acordei foi olhar o telefone com medo de que ela tivesse cancelado o encontro; mas não tinha nenhuma mensagem dela. Quando cheguei, ela já estava me esperando. Usava shorts jeans curtas azuis que não chegavam na metade da cocha, uma camiseta de alças azul turquesa e uma jaqueta muito fina de outra tonalidade de azul. Estava linda, era linda, e sabia como evidenciar isso. Quando me viu ao longe, um sorriso incrível se desenhou em seu rosto e ela veio trotando até mim. Me deu um abraço e me beijou a bochecha.

      — Olá, David! Queria te ver.

      Ela pronunciava o “a” do meu nome com uma deliciosa mistura de “a” e “i”. Algo como David que me soava como uma música celestial.

      — Bom dia. Você imagina o quanto eu também queria. Não consegui pensar em outra coisa desde que nos despedimos ontem à noite.

      — Como você é bobo! Não é para tanto.

      — É verdade, acredite, é sim. O que vai me mostrar hoje? Você me deixou curioso.

      — Este é o bairro Geylang. É um dos que menos evoluíram em Cingapura e um dos que mantêm a gastronomia mais tradicional da região. Aqui fica o mercado tradicional asiático de Geylang Serai. Está cheio de barracas de frutas e outros tipos de produtos frescos, quase todas geridas por malaios. Aos domingos de manhã, ficam cheios de gente e barulho, mas se vier cedo, terá todo o mercado só para você — contava, entusiasmada. — Adoro vir aqui quase de madrugada e passear pelo lugar com o burburinho dos comerciantes preparando tudo e a mistura incrível de perfumes de frutas frescas que é possível sentir antes que o mercado fique cheio e eles se dispersem com o resto dos cheiros. É como passear no meio de campos de frutas. Me lembra um pouco minha terra.

      Dava para ver por sua expressão que ela realmente gostava desses passeios.

      — Parece muito bom. Ou talvez você seja uma vendedora excepcional. Venha! Você me guia.

      Começamos a passear entre as frutarias pelas ruas principais e pelos lorong, que é como chamavam em malaio as vielas laterais. As casas eram do mesmo estilo da zona indiana: baixas, com dois andares e cada uma de uma cor. Íamos parando em diferentes lugares e Sumalee ia me explicando as diferentes frutas típicas dos mercados dessa região: a longan, branca por dentro que parecia uma batata por fora; a manga, que eu já conhecia; o mangostim, mais doce ainda que a manga; e o que mais me chamou atenção, o durian, com espinhos de cor esverdeada e do tamanho de um melão pequeno. Quando abriam um no meio, dava para ver que dentro havia uma polpa amarela.

      — O curioso dessa fruta — contava Sumalee, alegre, — é que tem um cheiro muito forte que fez com que fosse proibido comê-la no transporte público e em hotéis para não incomodar as outras pessoas. Fede! — disse, colocando um pedaço debaixo do meu nariz e me obrigando a afastá-la rapidamente para tirar esse cheiro horroroso.

      — Você sujou meu nariz.

      — Um momento — disse Sumalee, tirando um lenço do seu bolso e limpando com cuidado. Eu não podia deixar de observá-la enquanto ela fazia isso. — Pronto. — Algo se estremeceu dentro de mim com aquele gesto.

      Também havia muitos lugares com peixes salgados, sapos, arraias venenosas ou enguias. Tudo o que um ocidental poderia esperar de um mercado oriental.

      Sumalee tinha razão. Era um passeio relaxante, com uma mistura de cheiros adocicados que o transportavam ao campo. Com o tempo, o lugar se encheu de gente, muito poucos deles ocidentais, e barulho e os cheiros mudaram totalmente, perdendo todo o encanto inicial.

      — Bom, o que mais se pode fazer por aqui?

      — Depende do que você gosta. Ao sul está o que chamam de bairro da luz vermelha de Cingapura, como o de Amsterdã.

      — Não, obrigado. Tendo uma mulher como você ao meu lado, não acho que conseguiria encontrar nem de longe nada que chegasse aos seus pés no bairro vermelho, nem procurando em toda Cingapura. Com certeza, nem em toda Ásia.

      Por um instante, ela ficou me olhando com firmeza sem dizer nada. Sentia como se ela estivesse esquadrinhando minha mente através dos olhos. Temi, por um momento, tê-la ofendido, mas não disse nada.

      — Também há muitos templos e a Vila Cultural Malaia. Um museu onde se pode ver artesanatos, escutar música tradicional e degustar a culinária típica.

      — Já que estamos em uma região malaia, poderíamos escutar um pouco de música tradicional e comer alguma coisa tímica, não? Eu sou um turista de livro. Na verdade, li um na viagem para cá.

      — Tudo bem! Vamos para lá.

      Com sua mão direita ela pegou a minha esquerda e me deu um puxão para que a seguisse. Durante um instante, apertei sua mão com força para ter certeza de que ela estava ali.

      Chagamos em poucos minutos ao museu. Era um complexo de vários edifícios baixos de telhados canelados, muito no estilo oriental. Dentro, havia representações de objetos e utensílios malaios, como carroças puxadas por bois, exposições de artesanato e todo tipo de informação sobre sua cultura e gastronomia. Também tinha uma casa visitável decorada como se supunha que eram as tradicionais. Notava-se que ela gostava de viajar e conhecer coisas novas, além de trabalhar naquilo, porque olhava tudo com a curiosidade típica de uma criança, surpreendendo-se e emocionando-se com tudo. Eu gostei da visita, mas na verdade não tanto quanto ela, porque só estava concentrado no roçar de minha mão na sua e em observar, fascinado, todas as expressões de seu rosto. Tinha um rosto angelical. Queria tanto beijá-la!

      Quando terminamos, ela me disse que me levaria para comer algo típico cingapurense

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