As Lendas Da Deusa Mãe. Pedro Ceinos Arcones

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As Lendas Da Deusa Mãe - Pedro Ceinos Arcones

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de pessoas que vivem no sul da China e nos países do sudeste asiático. Os chamados Miao na China incluem ao menos 4 povos bem diferentes, que são, segundo Lemoine21: Hmong, A Hmao, Mhu ou Hmu e Qho Xiong. A maioria dos estudos realizados depois da fundação da República Popular da China misturam esses diferentes grupos em uma única entidade Miao, o que não facilita no que diz respeito ao conhecimento da cultura de cada um deles. A maioria do povo Miao, especialmente os Hmong, desenvolveu padrões culturais que dão mais importância aos homens, uma vez o culto aos ancestrais é mantido pela linhagem masculina, e esse culto é básico para o renascimento dos antepassados e, portanto, para a correta ordem espiritual da família e da sociedade. Ainda assim, identificam-se em seus mitos e lendas tradicionais diversos vestígios de um tempo em que o papel da mulher era o mais importante.

      Entre os Miao de Wenshan (na província de Yunnan), as divindades femininas desempenham um papel preponderante na criação. Entre os Chuang Miao identifica-se a figura do principal ancestral como a primeira mãe.

      A mãe borboleta, como criadora da humanidade, desempenha um papel importante entre alguns grupos de Miao.

      Yao

      Os Yao são um grupo de povos que vivem nas regiões montanhosas do sul da China e dos países do Sudeste Asiático. Cerca de 2 milhões de pessoas linguisticamente relacionadas com os Miao (Hmong), também compartilham com eles uma origem misteriosa que nem a linguística nem a mitologia conseguiram desvendar até o momento. Acredita-se que são provenientes das margens do rio Yangtze, mas como dissemos, sua origem segue sujeita a intensa especulação.

      Supõe-se que a maioria dos grupos Yao têm uma origem em comum, embora não se descarte que, alguns povos incluídos entre eles não estejam tão relacionados assim como se pensa. De fato, os Yao geralmente cultuam seu ancestral divino Pangu, um cachorro que comete uma série de atos heroicos para salvar o reino, pelo qual é recompensando com a mão da filha do rei, com quem da origem aos Yao. Somente os Bunu não têm em sua mitologia a história de Pangu. A criação do mundo, entre eles, é a obra de um personagem feminino: Miluotou. Os Bunu são cerca de 400.000 pessoas que vivem na província de Guangxi.

      5. Povos turcos.

      Os Uygures, o mais numeroso dos povos turcos da China, vivem há 15 séculos na Rota da Seda, o que os permitiu receber profundas influências religiosas e culturais dos povos da Ásia Central. Zoroastrismo, budismo, maniqueísmo e finalmente islamismo, são algumas das religiões que surgiram nas terras atualmente habitadas pelos Uygures. A Deusa do Céu cria o mundo, é o mito que traduzimos, que sugere que no passado a mulher pode ter desempenhado um papel mais elevado na sociedade.

      6. Povos mongóis

      Há certos relatos históricos que sugerem o culto às deusas entre os mongóis. A importância que tem entre eles as udugan ou xamãs femininas (literalmente criadoras), faz pensar o mesmo. O mito de Maider cria o céu e a terra dos mongóis Oiratos é uma prova desses cultos antigos. A bondade da deusa também serve para ter uma ideia do importante papel que desempenhavam as deusas nas suas lendas antigas.

      7. Povos Man Tungus

      São povos que vivem nas florestas no sul da Sibéria e no norte da China. Eles possuem grandes semelhanças culturais, mesmo depois das transformações políticas que levaram os Manchúes a conquistar o trono chinês estabelecendo a última dinastia Qing, algumas características culturais variam muito. Em seus mitos mais antigos as deusas e divindades vindas do céu exercem o papel de protagonista na criação do gênero humano e no desenvolvimento da humanidade.

      Manchúes

      Oficialmente são dez milhões de pessoas que vivem no norte e nordeste da China, mas há somente alguns milhares que conservam os traços da cultura tradicional, os demais se adaptaram à cultura chinesa. No entanto, muitos de seus mitos e crenças antigas estão refletidos em documentos chineses. Os mitos que traduzimos, Baiyungege, A guerra do paraíso e Fugulun, nos mostra um olimpo que era tradicionalmente habitado por 300 deusas, e um dualismo entre as forças do bem, representadas pelas deusas, e as forças do mal, representadas por um diabo masculino.

      Ewenki

      Com apenas 30.000 pessoas são o último povo caçador da China. A lenda da criação do mundo, que apresenta uma série de motivos em comum com outros povos vizinhos, concede a uma deusa o protagonismo.

      Elunchun

      Com uma população de somente 8.000 pessoas, são um dos povos menos numerosos da China. A Menina do Sol, origem dos Elunchun é mais uma das muitas lendas que nos contam sobre a origem da humanidade a partir de um personagem ancestral feminino.

      8. Povos Austronésicos.

      Longe da cultura chinesa nas fronteiras distantes com a Birmânia, os povos que falam idiomas austronésicos receberam pouca influência chinesa, e tarde, geralmente na segunda metade do século XX. Oficialmente só existem três minorias nacionais de idioma austronésico: os Wa, Deang e Bulang. Mas cada uma dessas minorias tem tantas ramificações diferentes que podemos falar de alguns grupos étnicos. Todos eles compartilham importantes semelhanças culturais.

      Deang

      Vinte mil habitantes que vivem no sudeste de Yunnan. Sobre eles incluímos uma história que conta como surgiram as três ramificações dos Deang a partir de uma antepassada em comum, e umas lendas sobre o fim do poder das mulheres.

      Wa

      Vivem na China e na Birmânia. São 400.000 pessoas na China. Há tempos são famosos por sua intensa atividade religiosa por caçar cabeças humanas e oferecê-la aos seus deuses. Em razão da sua ferocidade foram os povos menos influenciados pelos chineses até pouco tempo. Nas suas mitologias (Singangli ou saindo da caverna), a deusa desempenha um papel importante. Traduzimos alguns relatos breves que mostram a importância da mulher em sua sociedade, seja já na introdução à pecuária (Os animais de estimação foram trazidos pelas mulheres), ou por seu valor ritualístico (Como a mulher cede o poder ao homem).

      Bulang

      São quase 100.000 pessoas cujo território se estende pelas montanhas na fronteira birmanesa. Alguns abraçaram o budismo theravada, outros mantêm ainda as suas religiões tradicionais onde as deusas desempenham um papel relevante. Na sua cultura há diversos traços que lembram um tempo em que a situação social das mulheres era mais elevada, como no fato de que os filhos recebem o nome exclusivamente da mãe, ou no respeito tradicional prestado pela sociedade Bulang às suas antepassadas. Sobre eles traduzimos A Deusa do Céu dos Bulang.

      Há muito, muito tempo atrás, não havia absolutamente nada no universo. Era só um imenso vazio sem forma dividido em três níveis: superior, médio e inferior. De repente apareceu uma flor no nível médio, a terra. Não se sabia dizer qual era a sua cor, mas ela se abriu e do seu interior surgiu uma mulher.22 Portanto, essa mulher é a mãe da humanidade. Seu corpo era todo coberto por pelos23, que lhe caia por todos os lados. Quando as pessoas das gerações anteriores lembram dela por sua inteligência, a chamam de Miliujia,24

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