O Homem À Beira-Mar. Jack Benton

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O Homem À Beira-Mar - Jack Benton

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outubro," disse Arthur. "Nessa mesma época do ano. Meio da semana, mas tivemos uma tempestade e a praia estava coberta de escombros. A jovem Becca, de acordo com sua mãe, tinha ido catar madeira para um projeto de arte escolar."

      Slim suspirou. "Lembro-me de uma vez fazer o mesmo. E ela decidiu dar um mergulho rápido, e foi puxada pela corrente."

      "A mãe dela a deixou no caminho para Carnwell. Voltou uma hora depois para buscá-la, e era tarde demais."

      "Você acha que ela foi assassinada?"

      Arthur bateu no painel com uma ferocidade que assustou Slim.

      "Droga, eu sei que ela foi assassinada. Mas o que eu podia fazer? Você não mata alguém na praia a menos que já seja maré baixa. Sabe por quê?

      Slim balançou a cabeça.

      "Você deixa rastros. Já tentou limpar rastros deixados na areia? Impossível. No entanto, havia alguns. Isso é tudo. Até a beirada da água, então havia um pequeno espaço onde a maré tinha abaixado. A menina tinha sido arrastada pela água e jogada nas rochas, deixada à deriva quando a água recuou."

      "Parece afogamento. Ela chegou muito perto, foi puxada, e arrastada pela praia."

      "É o que parece. Exceto que Becca Lees não sabia nadar. Ela nem gostava da praia. Ela não tinha maiô com ela. Nós aparecemos, e há um ziguezague pela areia onde ela estava recolhendo coisas. Em seguida, a cerca de meio caminho até a marca da maré baixa, há uma única linha reta até a borda da água, que termina com duas pegadas na areia, voltadas para o mar. O que isso te diz?"

      Slim soltou uma respiração profunda. "Que ou uma garota que não gostava de água sentiu uma vontade repentina de andar até a costa... ou ela viu algo que chamou sua atenção."

      Arthur assentiu com a cabeça. "Algo que veio da água."

      Slim pensou na figura que ele pensou ter visto na costa. Becca Lees teria visto algo parecido? Algo que a compeliu a deixar sua coleta de madeira e andar direto para a beira da água?

      Algo que a atraiu para a morte?

      "Há outra coisa," disse Arthur. "O legista percebeu, mas não foi o suficiente para impedir uma sentença de morte acidental. Os músculos na parte de trás de seus ombros e pescoço exibiam uma tensão não natural, como se tivessem endurecido imediatamente após sua morte."

      "Como isso pôde acontecer?"

      "Falei com o legista, e coloquei ao superintendente como meu motivo para estender a investigação, mas não havia outra evidência. O que poderia ter provado é que Becca estava tentando suportar uma grande pressão no momento de sua morte."

      Slim assentiu com a cabeça. Ele esfregou os olhos como se quisesse banir uma imagem indesejada de sua mente. "Alguém estava segurando-a debaixo d'água."

      Os dois trocaram números antes de Arthur deixar Slim perto da casa dele com a promessa de desenterrar o que pudesse encontrar dos arquivos do caso. Havia mais para contar, ele disse, mas com sua esposa e o jantar esperando teria que deixar para outra hora.

      Slim, com o cérebro desgastado depois de um dia exaustivo, chegou a apenas uma conclusão concreta: ele precisava falar com Emma sobre Ted.

      10

      Ele encontrou Emma em um parque florestal a alguns quilômetros da cidade. Ela escolheu o local por ser um onde eles tinham menos chance de serem vistos, onde eles poderiam conduzir seus negócios sem nenhum risco de alguma coisa chegar a Ted. Enquanto esperava por ela, Slim foi atormentado pela sensação de que eles eram um par de amantes secretos, e a solidão que o acompanhava por toda parte gostava da analogia mais do que ele achava apropriado. Quando Emma se aproximou, caminhando rapidamente, com a cabeça baixa, Slim enfiou as mãos nos bolsos do casaco, com medo de que elas pudessem o trair.

      A expressão de Emma era concisa. "Já se passaram quase dois meses," ela disse. "Você já tem respostas para mim?"

      Disse ela sem qualquer saudação formal. E o analista em Slim queria ressaltar que tinham sido sete semanas e quatro dias.

      "Sra. Douglas, por favor, sente-se. Sim, tenho algumas informações, mas também preciso de algumas."

      "Oh, certo, Sr. Hardy, você está na minha folha de pagamento, mas ainda está descobrindo as coisas, é isso?"

      Slim ficou tentado a mencionar que ele ainda não havia recebido um centavo. Em vez disso, ele disse: "Minha conclusão é que seu marido não está tendo um caso—" o alívio no rosto de Emma foi um pouco temperado pela palavra final de Slim: "ainda."

      "Do que você está falando?"

      "Acredito, nesse momento, que seu marido esteja tentando entrar em contato com uma antiga namorada ou amante. Para que fim, não tenho certeza, mas o óbvio vem à mente. Entretanto, eu preciso saber mais do seu marido a fim de estabelecer que tipo de relacionamento Ted tem ou quer com a pessoa que está tentando contatar."

      Slim se repreendeu mentalmente por tratar especulação como fato, mas ele precisava fazê-la soltar a língua.

      "Aquele desgraçado. Eu sabia que não deveríamos ter voltado aqui. Todo mundo transa com todo mundo nessas cidadezinhas horríveis."

      Slim quis apontar que se Carnell estivesse no meio de uma orgia em massa ele tinha infelizmente sido negligenciado, mas invés disso tentou forçar um olhar de simpatia em seus olhos.

      "Três anos atrás, você me disse, não foi? Que você voltou aqui?"

      "Dois," Emma disse, corrigindo o erro deliberado de Slim. Ela respirou fundo, e forneceu todas as informações que Slim esperava que levariam a algo que ele precisava. Era sempre melhor quando o cliente contava tudo antes dele pedir. Fazia a língua, frequentemente uma fera tão arredia, se tornar uma companheira voluntária.

      "Lhe ofereceram um trabalho, ele disse. Eu estava feliz em Leeds. Eu tinha meu trabalho de meio expediente, amigos, meus clubes. Não sei porque ele quis voltar. Quero dizer, seus pais já se foram e sua irmã mora em Londres-não que ele ligue para ela -então não é como se ele tivesse algum laço aqui. Quer dizer, nós fomos casados vinte e sete anos, e ele só me trouxe a este lugar algumas vezes, a caminho de outro lugar mais interessante. Tá, teve aquela vez que paramos para comer chips, mas eles realmente não eram bons; secos demais..."

      "E seu marido, trabalha em um banco?"

      "Já lhe contei isso antes. Investimento. Ele passa o tempo todo afundado no dinheiro dos outros. Quer dizer, é uma existência enfadonha, não é? Mas nem sempre dá pra ganhar a vida fazendo o que queremos não é, Sr. Hardy?"

      "Verdade."

      "Quer dizer, se desse, eu seria paga para beber vinho do Porto no almoço."

      Slim sorriu. Talvez tivesse encontrado uma alma gêmea afinal de contas. Emma Douglas era pelo menos dez anos mais velha do que ele, mas ela tinha se cuidado de tal forma que mulheres com cartão de membro de academia e tempo livre em excesso não conseguiam. No interesse de fechar o caso, ele percebeu que, com uma bebida ou duas, ele faria o que fosse necessário

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