Marido e mulher. Lindsay Armstrong

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Marido e mulher - Lindsay Armstrong Sabrina

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Especiais?

      – Se se refere à minha figura – disse Lee com dignidade, – é a minha roupa de trabalho. Sou jardineira, lembra-se? E, no que respeita à minha presença – continuou ela olhando à sua volta – como não podia contactar consigo por telefone, decidi investigar um pouco e averiguei que hoje vinha aqui.

      Damien Moore amaldiçoou-a em voz baixa.

      – A razão pela qual não conseguiu contactar-me é porque não tenho notícias para si, como a minha secretária lhe deve ter dito.

      – Já lá vão duas semanas! – protestou Lee. – Se Cyril Delaney pensasse responder, já o teria feito.

      – Ouça…

      – Não. Ouça-me você, senhor Moore – interrompeu ela. – Os meus avós tiveram que hipotecar a casa para aumentar a pensão e está a ser complicado para eles pagarem as duas coisas. Se não faço nada, perdem a casa, enquanto você come em restaurantes caros, sem nenhuma preocupação. À custa dos honorários que estou a pagar.

      – Duvido – disse ele com uma mistura de impaciência e resignada diversão. De repente, pareceu tomar uma decisão. – De acordo. Venha comer comigo.

      Lee olhou por cima do ombro. Parecia que ele se dirigia a um restaurante caro e de luxo.

      – Aqui? – perguntou com cautela.

      – Sim. Tenho uma mesa reservada.

      – Mas não trago roupa adequada. Um pouco mais abaixo há um restaurante de comida rápida…

      – Nem pensar, senhora Westwood. Ou aqui, ou nada.

      Lee mordeu o lábio e olhou para Damien. Pareceu-lhe ver que os seus escuros e inteligentes olhos a desafiavam…

      – De acordo – disse ela. – Com uma condição: eu pago a minha comida.

      – Porquê?

      – Não quero dever-lhe nada, senhor Moore.

      – Já veremos – disse ele, sorrindo.

      Lee duvidou, mas teve a sensação de que se continuasse a discutir com ele, deixá-la-ia ali sozinha.

      – É um homem teimoso – disse ela e, inspirando profundamente, entrou à frente dele no restaurante.

      Cinco minutos mais tarde, Lee tinha um copo de vinho na mão e tinha pedido torta com espinafres e salada, o mais barato do menu.

      – Tem a certeza? – perguntou ele. – Não precisa ficar com fome…

      – Tenho a certeza – disse ela com firmeza. – Gosto de torta de espinafres e adoro salada.

      Damien encolheu os ombros e pediu carne assada.

      – É um sítio muito bonito – comentou Lee, olhando à sua volta. – Não tenho a certeza se foi por ter entrado consigo, mas parece que ninguém se fixou na minha roupa.

      Ele olhou para ela ironicamente.

      – Sou um cliente habitual.

      – Se tivesse vindo sozinha, a situação teria sido diferente – disse ela divertida.

      – Para dizer a verdade, você entrou de uma forma impressionante, como se fosse a rainha de Saba – disse ele. Lee sorriu.

      Enquanto comiam, Damien passou habilmente pelo tema que tanto fascinava Lee: a horticultura. Durante um bocado falaram sobre isso, até que o telemóvel de Damien soou discretamente. Ele pareceu angustiado, mas respondeu à chamada. Quando acabou de falar, olhou para Lee de forma enigmática.

      – É o seu dia de sorte, senhora Westwood.

      – Porquê?

      – Acabam de me comunicar que Cyril Delaney concorda em realizar uma reunião connosco.

      Aquilo teve um efeito imediato sobre Lee. Ergueu-se na sua cadeira e olhou para ele.

      – Finalmente, chegamos a algo! Quando? Onde?

      Antes de responder, Damien Moore surpreendeu-se a si mesmo sentindo-se de novo intrigado por aqueles olhos verdes. De facto, admitiu que havia algo mais naquela ruiva do que inicialmente tinha outorgado. Apesar de ser teimosa e persistente, não era aborrecida, pensou. Tinha vitalidade, sentido de humor e, em certas ocasiões, uma dignidade que emocionava. Mas aquilo não devia significar um tratamento distinto em relação a outros clientes. Ou sim? Não…

      – Dentro de dois dias na sua casa – disse ele, interrompendo os seus próprios pensamentos. – Não se encontra bem, daí a demora da resposta. Também solicitou a sua presença na reunião – acrescentou, olhando para a comida pensativamente.

      Lee afastou o seu prato.

      – Por que é que você parece não estar de acordo? – perguntou, franzindo a sobrancelha. Damien olhou-a nos olhos.

      – Porque você tem um historial de comportamento difamatório para com ele, por isso tenho a minhas reservas. Tenho sérias dúvidas de que saiba comportar-se na reunião, senhora Westwood.

      – Senhor Moore. Isso dependerá do comportamento de Cyril Delaney.

      – Temia precisamente isso – disse ele com um tom burlesco. – O seu historial só servirá para a colocar numa situação mais vulnerável.

      – Não se preocupe. Há sempre um momento em que é preciso falar sem rodeios. Por isso, não serei mal educada, serei sincera.

      – Mal posso esperar – murmurou Damien e acabou a sua comida.

      Serviram o café e um prato com quatro esquisitos bombons. Lee escolheu um e comeu-o com deleite. Depois, deu umas palmadas no estômago e suspirou satisfeita.

      – Desde logo, foi melhor do que tinha pensado comer hoje. Mas temo que tenho de o abandonar, senhor Moore – disse ela olhando para o relógio. – A minha hora para comer está quase a terminar. Importava-se de pedir contas separadas?

      – Claro que me importo.

      – Mas tínhamos combinado…

      – Não tínhamos combinado nada – interrompeu ele.

      – A sério, quero pagar o meu almoço.

      – Talvez sim – disse ele. – Mas pense na minha reputação, por um momento.

      – O que tem isso a ver?

      – Não costumo permitir que os meus convidados paguem. Sobretudo se são mulheres.

      Damien tinha uma expressão séria, mas os seus olhos espelhavam um sentimento completamente oposto.

      – Para começar, acho que não pertenço à categoria de convidada – disse ela, após pensar um momento.

      – Eu convidei-a.

      –

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