A Feiticeira de Olhos Azuis. Barbara Cartland

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A Feiticeira de Olhos Azuis - Barbara Cartland A Eterna Colecao de Barbara Cartland

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que o Sr. Caspar herdou algumas das peculiaridades paternas.

      —Creio que sim. Vi Caspar Trydell algumas vezes em Londres. Não faz parte do meu círculo de amizades. Sempre me pareceu um libertino. Talvez não seja essa a palavra certa, mas... devasso. Não importa: é um homem sem caráter. Lembro-me de John Trydell me contar que o irmão estava sempre endividado. Mas imaginei que Sir Harold tinha morrido rico e o filho sobrevivente fosse o único herdeiro.

      —É verdade— concordou o secretário—, mas haverá uma série de problemas, se ele deixar o pessoal local magoado. Em Essex, senhor, os condados são diferentes dos outros condados. É uma parte isolada do país e parece-me que os camponeses têm costumes quase medievais.

      O Marquês achou que o Sr. Graham exagerava, mas agora, ao recordar a conversa, teve uma ideia: visitaria o Castelo Ridge. Não ia lá há muitos anos; na verdade, quase nunca pensava em sua propriedade no alto de um promontório, limitado de um lado pelo rio Blackwater e do outro, pelo mar.

      Lugar selvagem e desolado, ele o amava quando menino e tinha passado lá a maioria de suas férias, pois o pai não tinha paciência com crianças.

      Iria ao Castelo. Diria a Graham que ninguém, absolutamente ninguém em Londres, devia saber onde estava. Isto enganaria Nandine Brampton. Mandarei uma explicação pessoal ao Príncipe.

      Gostou tanto da ideia, que o tédio que o perseguira o dia inteiro começou a desaparecer.

      Pensou até em visitar a deliciosa atriz que tinha instalado na casa de Chelsea. Hester Delfine era divertida e inteligente, e a única ruiva de sua coleção de mulheres. Sempre preferia as loiras de olhos azuis.

      —Isso é porque você é moreno, querido— tinha dito Lady Brampton, num momento de intimidade, enquanto ele passava as mãos por seus cabelos dourados.

      —É preciso fazer sempre aquilo que esperam de nós?— perguntou, com uma ponta de irritação.

      —Por que não? Homens morenos gostam de mulheres loiras e homens altos e fortes gostam das baixinhas e miúdas.

      Aquilo foi o suficiente para que o Marquês procurasse uma amante nova e com cabelos bem vermelhos.

      Esperava-se que os homens da moda mantivessem uma amante com casa e carruagem, e o fato de Hester Delfine ser uma atriz muito admirada também influiu na escolha.

      Apesar de ter dito a ela que não iria visitá-la depois da festa da Sra. Hayes, resolveu o contrário. Iria, sim.

      Tocou a campainha chamando o mordomo.

      —Peça uma carruagem ao Sr. Graham que vou para o campo amanhã bem cedo.

      —Pois não, senhor. Ficará muito tempo?

      —Não tenho a mínima ideia. Devo sair às sete horas.

      Isto significava que os criados que já estavam na cama teriam que ser acordados às pressas para começar a fazer as malas do patrão. Que ele não viajaria só com sua carruagem, mas também com um coche para seus lacaios e a bagagem, seis batedores montados e seu cavalo favorito com um cavalariço.

      Era uma viagem que normalmente precisava de muito planejamento. Para que nada fosse esquecido na correria de última hora, toda a criadagem de Berkley Square deveria ficar acordada à noite, tomando as providências.

      Não passaria pela cabeça do Marquês que estivesse causando algum incômodo aos empregados. Era para isso que eram pagos e queria tudo perfeitamente organizado e suas instruções executadas com perfeição. Mesmo que fossem dadas no último momento.

      Em cinco minutos, mostrando a organização perfeita dos estábulos, uma carruagem parou na porta. Quando o Marquês deu o endereço de Chelsea ao mordomo, ele o passou ao lacaio da carruagem que o passou ao cocheiro. Não havia em suas vozes nenhuma entonação diferente, nenhum indício de que fizessem a menor ideia do que significava aquela rua. Mas todos o sabiam.

      O único sinal foi um sorrisinho no rosto no mordomo, ao entrar de volta no vestíbulo iluminado de Aldridge House para dar as ordens que poriam em movimento a máquina complicada que deveria começar a funcionar imediatamente, se o Marquês saísse na hora marcada.

      —Filho de peixe, peixinho é— murmurou o empregado. E agora havia realmente um grande sorriso em seus lábios.

      Todos os homens da casa tinham um orgulho secreto pelo fato de o patrão ser um farrista. Era da tradição dos Aldridge.

      O Marquês chegou em Chelsea com grande rapidez, coisa que esperava de seus cavalos com os quais gastava fortunas.

      Pararam fora da casa, em Royal Avenue, um lugar agradável com árvores frondosas, onde havia um pouco da privacidade que ele achava conveniente.

      O lacaio desceu para tocar a campainha. Passaram-se alguns minutos, antes que a porta fosse aberta por uma empregada assustada, a touca meio torta na cabeça, o avental amarrado às pressas.

      —O senhor Marquês!— anunciou o lacaio.

      —Nós não o esperávamos hoje!

      —Está aqui, não está?— respondeu ele por entre os dentes, para que o Marquês não escutasse.

      Voltou para abrir a porta da carruagem e o patrão desceu, vagaroso, lânguido. Já começava a se arrepender do impulso de visitar Hester, em vez de ter ido se deitar.

      Ao mesmo tempo, como ia partir, seria justo informá-la de que estaria ausente por algum tempo. Se não o fizesse, ficaria preocupada.

      Entrou no pequeno e estreito vestíbulo e percebeu, com desgosto, um cheiro de comida.

      —A madame chegou há pouco de teatro, senhor— disse a empregada—, está na sala de jantar.

      Era uma salinha pequena no fundo da casa, onde o Marquês pouco entrava. Sempre que oferecia um jantar a Hester, era, invariavelmente, num dos alegres lugares de West End frequentados por atores. Ou iam a uma das inúmeras festas dadas por pessoas que gostavam de receber as mulheres conhecidas e endeusadas pelas luzes do teatro.

      Atravessou o vestíbulo, e a empregada abriu a porta da sala de jantar. Hester estava sentada à mesa e, com ela, um conhecido ator que tinha sido visto várias vezes em sua companhia.

      Sua cabeças estavam juntas quando entrou, o que o fez ter a nítida impressão de que era um intruso.

      Olharam para ele, atônitos, e Hester deu um gritinho.

      —Marquês! Não tinha a mínima ideia de que viria me visitar hoje à noite!

      —Nem eu. Foi um impulso, depois daquela enfadonha festa.

      —Eu avisei de que seria horrível.

      Ela se levantou, assim como o homem a seu lado.

      Aldridge cumprimentou-o, friamente:

      —Boa noite, Merridon!

      —Hester estava se sentindo tão sozinha, que me pediu para lhe fazer companhia. O senhor não tem objeção, pois não?

      —Por

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