Robert Johnson Filho Do Diabo. Patrizia Barrera

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Robert Johnson Filho Do Diabo - Patrizia Barrera

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Coleman, ajudando depois o filho dela, o futuro bluesman Robert Lockwood Jr. a seguir o caminho para o sucesso.

      Mas o seu companheiro preferido de peregrinação foi Johnny Shine, com o qual chegou até em New York e em Canada. Encontramos dados desta sua preferência numa foto que remonta talvés a 1933 e que deu a volta ao mundo como “a terceira foto desconhecida do grande Robert Johnson”…

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      Um já idoso Ike Zimmermann em 1974, dois meses antes da sua morte.

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      O MISTÉRIO NUMA FOTO

      Da poeira a Ebay

      

      

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       A história desta foto é extremamente singular: descoberta por acaso em Ebay em 2007 por um coleccionador, publicada na revista Vanity Fair em Novembro de 2008, foi enfim autenticada em Janeiro de 2013 depois de longas e atentas dissertações na sua originalidade. O que deixava duvidar, a parte a expressão do jovem Robert que aqui não parece ter precisamente NADA de demoníaco, é que os botões do casaco de Shines parecem estar ao “feminino” a não ser que o jovem Shines não ousasse usar o casaco da irmã é portanto presumível que a foto original estivesse “virada” e que por conseguinte o músico caracterizado como Johnson fosse na realidade canhoto, outro ponto a favor relativamente a sua natureza… luciferina!

      

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      Aqui está a foto de primeira virada/rotação no verso certo

       Até aquele momento, de facto, as únicas duas fotos “confirmadas” eram aquelas na posse da irmãzinha dele Carrie, pois que são aquelas que bem conhecemos; em ambas Johnson NÃO aparece de modo nenhum canhoto. Então como estão realmente os factos?

       Temos vários testemunhos de Johnny Shines a respeito. Sabemos que este último foi companheiro de Johnson durante alguns anos, de 1933 a 1935 c.a. e que ambos giraram em comprimento e em largura pelo Delta segundo as melhores tradições dos Ramblers. Shines não fala por acaso do presumível esquerdismo do amigo mas narra minuciosamente de como Johnny amasse tocar o Blues de costas em relação aos outros músicos, enquanto virava tranquilamente de face quando se tratasse de tocar música do outro género, aquela que os clientes frequentemente pediam, como as baladas do velho Sul.

       Esta sua mania de virar-se de costas é bem confirmada também por Son House que, como sempre, a colora de voodoo (culto animista de origem africana). “Ele não queria que os outros músicos o reparassem nos olhos enquanto tocava e virava dando costas, provavelmente para que ninguém pudesse arrancar-lhe o segredo da velocidade das suas exibições. Sabe-se que ao diabo não agrada ser reparado na cara!”

       Aqui está, bastam frases como estas para alimentar uma lenda! Muito mais simples supor um esquerdismo contrastado, uma hipótese, esta que esclareceria em parte também as dores de cabeça infantis de Johnson, as suas dificuldades de concentração, a irritabilidade e o não querer frequentar a escola.

       O esquerdismo foi durante séculos considerado um “sinal demoníaco” e não poucos indivíduos acabaram na fogueira durante o período da Inquisição por este motivo!

       Até na época moderna (e estou a falar da metade dos anos 70) tendia-se para corrigir esta diversidade enfaixando a mão da criança e estimulando para escrever com a direita!

       Se portanto comparamos o ser esquerdino no inicio de 900 (século vinte) na América, no Delta, junto duma comunidade negra e numa criança “bastarda” (portanto filho da culpa, marcado antes seu) que ainda por cima uma vez crescido “toque o blues”... Pois bem, podemos compreender a enormidade da carga psicológica e emotiva que acompanhou o jovem Johnson durante toda a sua breve vida. Nesta óptica e fácil supor que as improvisadas capacidades imputadas ao pacto com o diabo fossem simplesmente um reapropriar-se do esquerdismo perdido, talvés próprio sobre o estímulo do seu maestro Zimmerman, que soubera ler na alma afligida do rapaz.

       Portanto, musicalmente falando, assistimos a um verdadeiro desdobramento de Robert Johnson: dum lado um artista capaz de tocar qualquer coisa se lhe pedisse em qualquer estilo, uma capacidade típica dos ramblers que deviam adaptar-se aos variegados gostos dos clientes dos bares; do outro um artista que deixava voar os dedos na guitarra tocando o blues… de costas...

       No primeiro caso existe certamente a aquisição de um “método” que, se para Son House e outros músicos de raça era inato, em Johnson era fruto de uma dedicação constante e disciplinado; no segundo existe pelo contrário o sentimento de libertação do blues, que vem por conseguinte executado segundo a própria natureza esquerdina e que vem mantida oculta aos outros, por motivos que dissemos.

       De outra parte, que Johnson fosse um dissociado e um alienado é amplamente documentado: Shines relata como o amigo fosse afável e gentil com o público e violento e brigão em privado, sobretudo com as mulheres que maltrata, espanca e abandona.

       “Muitas vezes desaparecia precisamente no momento em que estávamos a tocar e me deixava sozinho – narra Shine – ficava fora alguns dias sem dar notícias suas, depois voltava como se nada fosse. Eu sabia que amava arranjar sarilhos, aldrabar as mulheres casadas e mais de uma vez meteu-se em pancadaria com os seus maridos. Algumas vezes foi posto na prisão durante algumas noites por bebedeira molesta e brigas. No inicio era bonito viajar com ele, subir e descer nos comboios, tocar em toda a parte onde tivéssemos vontade. Johnson era amado pela gente, pois que sabia satisfazê-la em tudo e por tudo. Mas quando começou a meter-se com as mulheres mudou. Afogava a sua raiva em qualquer mulher que lhe chegasse ao alcance, batia nela até a morte e depois vinha tocar comigo.

       Dizia para mim “Ah… espancar uma mulher deixa sentir-me melhor!” e na verdade quase todas as canções que ele escrevia falavam de

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