Artesãos E Tecnomantes. Katherine McIntyre

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Artesãos E Tecnomantes - Katherine McIntyre

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pelas ruas de Islington e não o cavalheiro insuportável que ele se tornou.

      Theo não é a única aflita. Silas nunca se esqueceu da mulher leal e teimosa cujo autocontrole ele nunca consegue deixar de cutucar, e à medida que a busca dos dois fica mais extrema, a dedicação dela à família o inspira a fazer sacrifícios próprios. Então, quando a caçada irrompe em um confronto mortal com as gangues de Islington, Theo e Silas não estão apenas arriscando seus corações: suas vidas estão em jogo.

      Dedicatória

      Para a comunidade maravilhosa e solidária do Universo Steampunk.

      Capítulo Um

      Theo Whitfield temia essa visita antes mesmo de entrar no prédio. Qualquer uma, de uma variedade de tarefas horríveis, parecia mais atraente do que a que ela enfrentava agora; fosse sugar nuvens nocivas de vapor preto enquanto consertava a ventilação de uma aeronave, ou pisando no esgoto e na lama do subsolo. Ora essa, ela até preferia devorar as tentativas carbonizadas de sua mãe no jantar, uma façanha que fazia até os estômagos mais calejados vacilarem.

      No entanto, sua irmã Ellie não havia voltado para casa na noite anterior, e Theo precisava de respostas.

      Ela engoliu em seco ao chegar na fachada, e apoiou os nós dos dedos na porta recém-pintada. A placa de bronze polido das Indústrias Kylock a encarava da saliência, e ela cerrou os dentes enquanto reunia coragem.

      Autocarros a vapor chacoalhavam atrás dela enquanto corriam ao longo dos paralelepípedos, parte da agitação comum de Barnsbury. Cada um que passava provocava uma série de palavrões dos bandidos de rua que eram como ratos ao meio-dia e cheiravam a gim.

      Ela agarrou a maçaneta e girou-a, entrando na loja.

      As fracas lâmpadas a gás na entrada piscaram suas luzes amareladas na direção das tábuas manchadas do assoalho. Uma mulher sentada detrás de uma mesa de mogno, posicionada na frente de uma ampla sala de estar, se assustou ainda na cadeira, como se tivesse sido pega cochilando. Mesmo com a entrada elegante e polida da loja, os cheiros de ferro, aço e cobre faziam cócegas no nariz de Theo, faziam seus dedos coçarem. Para uma tecnomante como ela, as engenhocas criadas neste lugar eram abundantes para exploração.

      — Como posso ajudá-la? — perguntou a atendente, alisando as saias antes de se levantar.

      — Estou aqui para ver Silas. — Theo disse, deslizando as mãos nos bolsos das calças.

      Ela não deixou de perceber a maneira como a mulher a olhou com fixação, demorando-se em seu traje chocante. Com seus longos cachos negros soltos e selvagens em vez de presos para trás, e a falta de um espartilho que lhe desse uma cintura irreal, Theo nunca seria confundida com uma dama. Embora o julgamento do populacho não importasse. Sendo uma tecnomante em uma cidade industrial, ela sempre, sempre encontraria emprego, quer seguisse as normas sociais ou não.

      — O Sr. Kylock está ocupado. Gostaria de marcar um horário? — a mulher respondeu e forçou um sorriso.

      Theo ergueu uma sobrancelha.

       O todo-poderoso desgraçado está muito ocupado brincando com seus brinquedos para perder um segundo? Nem me surpreendo.

      Ele vai me ver agora. — ela exigiu, os dedos coçando ainda mais.

      Sempre que seu temperamento rugia, o que acontecia com frequência, a magia tendia a se combinar a ele.

      A atendente eriçou-se com sua demanda. Com base no brilho aguçado nos olhos da mulher quando abriu a boca, outra negação estava prestes a acontecer.

      Uma caneta elegante, acoplada a uma máquina de escrever, estava em cima da mesa e trazia a marca dos artesãos de Kylock: um K com uma roda dentada ao redor. A peça sofisticada de tecnologia poderia imprimir diferentes fontes e caligrafia nas cartas e seria vendida por um alto preço em muitos salões de luxo. Serviria muito bem.

      Theo ergueu a mão, e o anel condutor que ela usava quase vibrou com a magia em suas pontas do dedo. Filetes dele se condensaram no ar, como tufos de nuvens cumulus, à vontade dela. Ela impulsionou a energia com um girar de pulso, e os botões da máquina de escrever começaram a bater. A caneta baixou para o bloco de papel em branco.

      — Posso colocar esta máquina em um frenesi em cerca de três segundos. — disse Theo. — Suponho que seus empregadores não apreciarão que tais equipamentos sofisticados sejam quebrados. Portanto, leve-me até Silas, agora.

      A caneta se movia cada vez mais rápido, rabiscando com cada vez mais fúria a cada teclada que ela dava de longe. Condensação preencheu o ar com a efusão de magia, como o vapor que saía da maquinaria da cidade. Os olhos da mulher se arregalaram, e ela ergueu as mãos em defesa.

      — Pare, pare! — ela cuspiu, o medo estampado em sua pele pálida. — Vou levá-la até a oficina dele.

      Theo era de uma natureza rara o suficiente para que, quando ela encontrava pessoas normais na rua, respeito ou medo se tornavam uma reação normal. Afinal, nem todos possuíam a habilidade de manipular a mecânica com magia.

      A mulher a conduziu em meio aos adornos extravagantes da sala, das estantes cheias de tomos encadernados em couro à mesa e cadeiras de mogno ao lado de um armário exibindo copos de cristal e decantadores de licor fino. Este não era um lugar destinado a rufiões como ela.

      Os passos de Theo ecoaram pelo corredor, as botas de sola grossa feitas para pisadas fortes, ao contrário do clique silencioso dos saltos da mulher que a guiava para uma porta dupla no final do corredor principal. Seus cachos soltos faziam cócegas no pescoço, irritando-a o suficiente para tirá-los do caminho antes que parasse na frente das portas da oficina. Sua própria agitação ameaçou borbulhar assim que ela pisou dentro daquele cômodo. A atendente se inclinou e inseriu uma sequência numérica. Uma série de zumbidos e cliques se seguiram até que a fechadura se abriu.

      — Pode ir. — disse Theo, desviando das anáguas da mulher para agarrar a maçaneta. — Tenho certeza de que posso me guiar daqui. — para dar ênfase extra, ela balançou os dedos na direção da atendente, o que teve o efeito desejado de fazê-la correr.

      Se senhoras e cavalheiros a tratavam como uma aberração, ela poderia muito bem colher os benefícios.

      A porta emitiu um sussurro enquanto ela a abria e entrava em meio ao vapor que beijava suas bochechas e metal em chamas que fazia cócegas em seu nariz. Éter de cor de absinto borbulhava em tubos que alinhados na sala. A fonte de energia não apenas servia como combustível, mas também lançava raios de luz para aumentar a fraca oscilação que as projeções escuras ofereciam. Uma grande bancada de trabalho ocupava toda a parede dos fundos, e cada centímetro de superfície da monstruosidade estava coberto de projetos.

      O tique-taque dos relógios ecoava pelo lugar, vindo de pelo menos seis fontes diferentes, e rolos de plantas e desenhos cobriam, por completo, prateleiras das três estantes que se elevavam ao longo da parede direita. Engrenagens, pias, polidores e brocas estavam espalhados, metade no chão, metade na mesa, sem ordem específica. Em meio ao caos da sala, um homem debruçado sobre a mesa de trabalho, mergulhado no pescoço em seu último projeto.

      — Silas, sei onde está o seu autômato perdido. — Theo gritou, a voz ecoando pela sala.

      Os ombros do homem

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