Diccionario de João Fernandes. Francisco Gomes de Amorim
Чтение книги онлайн.
Читать онлайн книгу Diccionario de João Fernandes - Francisco Gomes de Amorim страница 4
BANQUEIRO– Artista que faz bancos. Cuidado, não cáiam!
BARALHO– Orçamento do estado.
BARBARO– Indigena, que não é applaudido pela sociedade protectora dos animaes, nem sequer por estes.
BARQUEIRO– Caronte peiorado.
BARRIGA– Demonio familiar, que desculpa e justifica tudo.
BASTARDIA– Uma vangloria, quando instituida pelos reis; uma vergonha, quando creada pelo povo.
BASTARDO– Uma letra e uma uva. A affinidade provém de que o sumo da uva se engarrafa, e a letra é garrafal.
– Linhagem com que se embrulham muitas familias nobres.
BATALHA– Maneira de ter rasão, á moda dos brutos.
BATATAS– Genero decadente, desde que os illegiveis as empurram aos eleitores.
BATERIA– As de cozinha são muito mais uteis á humanidade do que as de artilheria. Comtudo é por estas que as nações fazem sacrificios! Este facto, por si só, basta para fazer o elogio da nossa especie!
BATOTEIRA– Viuva de dois ou tres maridos.
BEATA– Emolumento ecclesiastico.
BEIJO– Uma recordação de Judas.
BELISCÃO– A satyra das unhas.
BELLEZA– Flor de um dia, que, apesar da sua pouca duração, explica muitos segredos.
BEMAVENTURADO– O que sente pela primeira vez atrás da sege que o leva o choito cavallar do correio ministerial.
BEMDIZENTE– Genero que se acabou ha muito, e não se manda vir mais. Era da Parvalheira.
BEMFAZEJO– Sabe-se que ainda ha alguns pelo muito que elles se apregoam a si proprios, como é de justiça. Do contrario, acreditariamos que tinham acabado inteiramente.
BEMFEITOR– Pessoa que dá conselhos a quem lhe pede esmolas, em vez de dar bengaladas.
BENEFICENCIA– Uma boa cousa que a vaidade estraga.
BENEFICIO (PRESTADO) – Coices a haver.
– (RECEBIDO) Serviço de que nos esquecemos para não humilhar quem nol-o fez. Oh! humanidade… Quem não te conhecer que te compre, e verá a prenda que leva!
BENEMERITO– Sujeito que não rouba quanto póde.
BENGALA– Tira teimas; pouco usado.
BERNARDA– Rede de pescar empregos e postos.
BERNARDICE– Conceito virado do avêsso.
BESTA– Bicho de varias especies. O que não come palha é dos peiores.
BEXIGA– A deusa da actualidade.
– Discurso laudatorio.
BIBLIOTHECARIO– Um collega da traça.
BICHAS– Prefiram as de rabiar.
BOFETADA– Conclusão, que em alguns casos se torna principio.
– Troco dado sem ser pedido.
– Visita mal recebida.
– Resposta em vulto.
– Eloquencia da mão direita.
– Argumento solido.
BOI– Animal que muda o sexo depois de morto.
BOMBA– Noticia inesperada.
BOMBEIRO– Inimigo de innovações.
BONDADE– Qualidade que attrahe o abuso.
BORBORYGMOS– O gargantear das tripas.
BOTAS– Terror dos selvagens. Umas botas apertadas, umas calças com suspensorios e prezilhas, e um collarinho bem teso – eis os beneficios que a civilisação offerece, de envolta com os seus vicios, ao homem primitivo! Entalado, esticado e gemendo dentro d'essas prisões, o pobre diabo, costumado a ter como a sua melhor riqueza a liberdade de movimentos, atira com tudo isso para longe de si, no primeiro ensejo, e foge para os seus bosques, arma o arco e espreita por entre as arvores os inquisidores que o atormentaram para lhes agradecer a judiaria com frechadas. Se estes, porém, o avistam primeiro, e lhe mostram de longe uma bota e um par de calças, o desgraçado larga as armas, e precipita-se no rio, preferindo ser comido pelos jacarés, ou morrer afogado, a dar-se em holocausto áquellas machinas de tratos.
BOTEQUIM– Escola de bellas-letras e de bons costumes.
BOTICARIO– Agente do coveiro.
BRAZÃO– Estudo dos fosseis.
BRUTO– Animal commum: morde e dá coice.
BUGIO– Parodia humana.
BURLESCO– Annuncio em que se promettem enterros pobres fingindo de ricos. É de tentar os defuntos mais exigentes?
BURRA– A personificação do amor moderno. Se Balaam cá voltasse, veria o que é eloquencia! As burras de hoje teem todas o diabo no corpo, um diabo amarello e luzente, que faz dar urros a quem o quer apanhar!
BURRO– Irracional a quem muita gente faz concorrencia.
C
CABEÇADA– Mais vale sentil-a sem a trazer do que trazel-a sem a sentir.
CABELLEIRA– Illusão… para quem a traz.
CABELLO– Uma canção saudosa, cantada em côro por todos os calvos.
CABRESTO– Leme que governa á prôa. Nem sempre se põe a quem mais precisa d'elle.
CAÇA– A mais procurada é a dos grandes empregos; sobretudo da especie sinecura.
CACETADA– Um dos modos de exprimir o pensamento.
CACETE– Uma idéa… politica.
CACHORRO– Expressão affectuosa, no nosso tempo.
CADUCIDADE– Infancia
1
Em algumas partes de Portugal chama-se bandalho ao badejo.