O Mistério Do Lago. Serna Moisés De La Juan

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O Mistério Do Lago - Serna Moisés De La Juan

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é assim que, para verificar se, por algum motivo meus ouvidos estavam comprometidos disse o que as crianças com tanta euforia fazem quando veem alguma gruta ou cavidade que possa gerar eco e gritei “Eco” e, depois de alguns instantes… Nada, tentei novamente mas virada para outro lado, desta vez com mais força e… nada.

      Bem, pode ser que, por ser um local aberto, eu não tivesse a sonoridade necessária para formar o eco, o que havia ficado claro era que eu escutava bem. Estava segura de que não estava com os ouvidos entupidos nem nada parecido.

      Mas, por não ter vida no local, nem mesmo aqueles animais pequenos e inoportunos, que costumam estar prontos para atacar tudo o que se move ou pelo menos incomodar como: moscas, mosquitos e uma série de insetos que vemos em ambientes rurais assim.

      E de todas essas inconsistências, isto era o que mais me impressionara, porque em muitos lugares onde há acúmulo de água, se concentra muitos insetos, alguns atraídos pela vida que é gerada ao redor e outros esperando por visitantes desavisados para dar as boas-vindas. Não notei nenhum deles, mas durante todo o tempo em que estive lá, não vi nenhum, por menor que fosse. Tal descoberta me encheu de medo por um instante, tanto que até me fez dar um pulo enquanto eu me perguntava: “E se fosse verdade que a água era tóxica?”, talvez eu tivesse me apressado em me aproximar sem tomar nenhuma precaução, porque embora eu não apresentasse sintomas como asfixia ou tontura, eu não conseguia adivinhar o que causaria a ausência de animais voando na área. Bem, decerto prefiro pensar que as aves haviam migrado e não que morreram todas por envenenamento.

      Depois de olhar para todos os lados e verificar se eu estava sozinha e que parecia não haver sinal de perigo, sentei-me na rocha, onde me sentia segura, porque apesar de estar perto da margem era uma distância boa o suficiente para não cair por descuido.

      E abandonei qualquer ideia de que, quando o sol tórrido atingisse seu auge, talvez conviesse entrar no lago para banhar-me, ou pelo menos refrescar os pés na beira sem precisar entrar totalmente.

      Algo tão inocente que eu já havia feito tantas vezes sem problemas era agora visto por mim como um possível risco para a saúde, pois não sabia se o simples contato com a água negra era suficiente para me deixar doente ou se apenas a ingestão era maléfica.

      Eu estava no alto da pedra, deitada e relaxada, os olhos semicerrados e quase adormecida, meu olhar observava as nuvens quase que em hipnose, quando percebi algo muito estranho, era um som abafado, como se ouvisse a voz de alguém com a orelha grudada em uma porta.

      Tal foi o susto que pensei que algumas pessoas haviam me visto e que haviam se incomodado, e que de alguma maneira eu provocara um escândalo e que deveria ir embora dali.

      Olhei rapidamente para todos os lados, meu coração ainda estava apreensivo, mas não vi ninguém, e não tinha ideia de onde vinha aquele barulho contundente. Eu estava sozinha naquele lugar, sentada na pedra sem ninguém por perto quando aquela sensação voltou, talvez até mais forte.

      Agora eu estava bem atenta, mas não conseguia descobrir de onde vinha, e se eu não soubesse que era impossível acharia que alguém estava batendo na rocha por baixo, porque eu podia sentir o tremor.

      Fiquei um pouco preocupada com isso, me mantive em alerta, olhei para todos os lados, sem identificar nada de diferente, me preparei para sair de lá às pressas quando acontecesse de novo, é como se a rocha estivesse oca e a tivessem atingido com violência; mas não podia ser, não havia ninguém lá e rocha me parecia sólida.

      Naquele exato momento, talvez por reflexo, olhei para o lago para ver se havia ondas na superfície em decorrência do tremor, como acontece quando uma pedra é lançada na água, e percebi que algo muito estranho estava acontecendo, a superfície que até aquele momento permanecia calma e imóvel, parecia estar abaulada e começava a afundar no centro. É como se tivessem retirado a tampa de uma banheira e o ralo drenasse com força, mas a calma do lago não foi interrompida por muito tempo, o formato côncavo se sustentou apenas por alguns segundos e depois voltou ao estado normal.

      Tal percepção me deixou alarmada, não entendia o que estava acontecendo, erai a primeira vez que via algo assim, como se algo debaixo da terra se deformasse e refletisse na superfície.

      Assustada com o que ouvi e vi, corri em direção à cidade, não muito longe, tão destrambelhada que quase caí da boca ao descer das pedras grandes, mas consegui impedir a queda no último instante ou meu rosto ficaria gravado no solo. Depois de me levantar, e sem me importar com as mãos machucadas pelo acidente, continuei correndo, a respiração entrecortada, não ousei olhar para trás.

      Corri o mais rápido possível nos trechos que serviam de rua, mesmo correndo o risco de cair de novo, sem saber o que estava procurando, explicações ou abrigo.

      Procurei em todos os lugares para ver se encontrava um morador para pedir ajuda, porque afogada pelo esforço não conseguia produzir o menor som que pudesse soar como um pedido de ajuda. Mas, apesar de me afastar daquele lago o mais rápido que podia e desse estranho perigo, eu ainda tinha aquela sensação avassaladora de que não estava bem.

      Como pude, continuei correndo para onde ficavam as casas e, quando cheguei, não vi ninguém, algo ainda mais estranho, porque, quando saí, havia cerca de uma dúzia de vizinhos, entre os que andavam de um lugar para outro e os que sentavam-se tomando banho de sol na tranquilidade, mas agora, agora… tudo estava deserto.

      Talvez eles estivessem tão assustados como eu e se trancaram em suas casas, refugiando-se, esperando que acabasse, fosse o que fosse, eu não tinha tempo para mais nada, nem queria descobrir esse mistério, estava mais preocupada em me salvar.

      Cheguei na casa de quem me recebera na noite anterior, cujo dono estava preparando a comida quando saí; era um homem velho, que os vizinhos me disseram, à minha chegada, ser o único que possuía um quarto vago, porque sua filha havia deixado a cidade há muito tempo, havia se apaixonado em uma viagem de estudos. Então a casa dele se tornou uma pousada improvisada, onde eu poderia ficar o tempo que precisasse.

      Procurei por ele em todos os cômodos e não consegui encontrá-lo, seja na cozinha ou em qualquer outro lugar, o que me deixou muito mais nervosa, pois pensei que estaria segura ali, mas agora também duvidava que assim fosse.

      Corri para o meu quarto e fui imediatamente para a cômoda. Eu procurei ansiosamente entre as gavetas sem encontrar o que estava procurando em meus pertences. Abri as pequenas portas com a chave que permanecia na fechadura e, procurando nos meus pertences, por fim encontrei minha mochila.

      Respirei fundo, olhei dentro, esperançosa, atrás do pequeno aparelho que poderia salvar minha vida, o telefone celular e ligar para a emergência.

      Eu nem me lembro de ter tido esse necessidade antes, porque tive a sorte de nunca me envolver uma situação que a gravidade demandasse tal auxílio, pelo menos não desde que comprei um, pensei enquanto um véu grosso era tirado de minhas lembranças, trazendo-me momentos amargos à tona. Uma vida que eu havia me esquecido.

      Assustada, perdida e agora entristecida, eu não conseguia me acalmar o suficiente para me acostumar com aquilo, apalpei todos os lugares até apertar o botão de ligar, digitei a senha e depois, fiquei parada, imóvel, não tinha certeza de que era capaz de encontrar uma explicação para a situação estranha que estava vivenciando.

      Mal havia pressionado os três números, pensei ter ouvido o primeiro toque, o segundo… mas não era o que estava acontecendo. Olhei para a tela e vi a inexplicável mensagem de “Fora da área de cobertura”.

      Não se dizem que funcionam no mundo todo? Contrariada,

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